terça-feira, 31 de março de 2020

Divagações 157


Creio que é de origem oriental o conceito de felicidade que pressupõe que: primeiro morra o avô, depois o pai e, finalmente, o filho; mas é chinês, seguramente, o augúrio feliz: oxalá vivas tempos interessantes!
Que talvez sejam os que estamos a viver, na verdade.
Tudo tem o seu preço.

Citações CDXXX


Nada caracteriza melhor um milagre do que a impossibilidade de explicar o efeito através de causas naturais.

Buffon (1707-1788), in Histoire naturelle.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Mercearias Finas 155


O abastecimento de víveres, nestes dias de provação, requer especiais atenções. E, isto, porque não se pode, como dantes, por exemplo, ir pedir emprestado um raminho de salsa, à vizinha do lado, para o Bacalhau à Brás - que nos tinha esquecido. Há dias, no supermercado que costumámos frequentar, fiquei varado com o enorme rombo nas gôndolas dos vinhos e nas prateleiras dos chocolates: uma razia. Dos primeiros, nem sequer consegui fornecer-me minimamente.
Entretanto, quanto a peixe e carne, não me posso queixar, nem mesmo de frescos, que o pequeno Mercado vicinal tem tido de tudo e abundante, excepto no primeiro Domingo do confinamento decretado. Depois, recompôs-se, e bem, de todos os produtos essenciais.
Se fosse no tempo da Asiática (Gripe de 1957), eu torceria o nariz ao Empadão que HMJ, primorosamente, confeccionou, mas agora chamei-lhe um figo. De sobras de um Borrêgo à Pastora (que eu desejara) com a ajuda de um pouco de carne picada de novilho, cozinhou ela um empadão cor de laranja (por causa da cenoura), fazendo-o acompanhar de uma salada de beterraba, fria. Estava uma delícia! Veio um tinto Dão Grão Vasco (Quinta dos Carvalhais) 2016. Que cumpriu a sua função, aplicadamente.

Gaetano Donizetti (1797-1848) : Lucia di Lammermoor

domingo, 29 de março de 2020

Mécia de Sena (1920-2020)


Irmã de Óscar Lopes e esposa de Jorge de Sena, Mécia de Sena faleceu ontem, poucos dias depois de completar cem anos de vivíssima existência. Mulher simples, mas de convicções, prolongou incansavelmente a memória do Marido, defendendo a sua obra sempre que foi necessário. Quase não valeria a pena referir o sabido: atrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher.
Tive o prazer de me cartear com ela, a propósito de assuntos que não vêm ao caso, mas que constam do registo do Arpose, e ainda mais afortunadamente me ter dado a conhecer, ao vê-la, por mero acaso, uma tarde na rua do Alecrim, nos anos noventa
É desse encontro que ela fala no cartão de Boas-Festas, datado de Dezembro de 1993, que reproduzo abaixo. E que, modestamente, aqui deixo a recordar a grande Mulher que ela foi.


sábado, 28 de março de 2020

Lembrete 73


Sendo embora este tempo um espaço diferente, convém não esquecer que ele avança 1 hora, logo de madrugada, e precisa do nosso contributo para adiantar os relógios.

Da leitura 36


Para um tempo estranho, porque não um livro estranho? Do alemão Ernst Jünger (1895-1998) - O Coração Aventureiro. Fragmentário, aparentemente desarrumado, inicia-se em Steglitz e remata em Ponta Delgada. Realista, quase científico, surrealista por vezes, outras, onírico. Quase sempre situando o leitor em território sem mapa e sem pé, perguntando-se se é ficção ou realidade o que lê, num estimulante processo criativo, também partilhado.
Segue um pedacito do texto:

... Para os olhos do norte habituados ao brilho mais desmaiado, os mistérios que se encerram num mar do sul constituem uma atracção inesgotável. Também as cores dos animais terrestres, até dos insectos, nas zonas mais quentes, aumentam de riqueza e de variedade, constratando acentuadamente umas com as outras. Mas apenas o mar dá aos seus habitantes aquela elegância tocante e a suavidade de tons, o brilho trémulo e irisado dos seus cristais raros, a maravilhosa delicadeza e afabilidade do efémero. Estas cores são obra do sonho, pertencem mais à noite do que ao dia; precisam do fundo do azul-escuro para protecção. ... (pgs. 60/61)

Ernst Jünger , in O Coração Aventuroso (Cotovia, 1991).


quinta-feira, 26 de março de 2020

Fake news?


Bolsonaro, Erdogan, Johnson, Trump e Orbán estão infectados.
(Deus seja louvado!)

Ah! E este ano não há Camões, em Junho.
(O PR lá sabe...)

Antonio Gamoneda (1931)


A que cala e despreza; a que estende
as mantas, a madeira, e os sudários
sobre a vida; a que entende o gesto
dos que existem e não falam; esta
que adverte e que segue com as suas
grandes mãos o movimento da terra e fita
o próprio rosto da luz, esta é a velha
mãe do medo, a que espera e se cala.


Antonio Gamoneda, in Pasión de la mirada.

quarta-feira, 25 de março de 2020

Citações CDXXIX


Desde que eu escape a esta doença, conseguirei vir a ser imortal?

Jules Renard (1864-1910), in Journal (1895, Gallimard).

Schubert / Brendel : peças para piano, op. D 946

terça-feira, 24 de março de 2020

Sem título, ou...


...os navios já não cabem nas cidades... Nem são bem-vindos a atracar.
Quanto a paisagens distantes, de momento, só as podemos recordar ao longe.

A. Uderzo (1927-2020)


Com 92 anos, faleceu hoje Albert Uderzo (1927-2020) que, com René Goscinny, foi autor da célebre BD, Asterix e Obelix, penúltima ( a última foi Corto Maltese, de Hugo Pratt) que li com prazer, já a entrar na idade adulta. Minha grata memória, por tudo o que me trouxe.


Impromptu (50)


É uma saturação por todos os lados, irra!
Se até o próprio jornal, das suas 48 páginas, dedica 23 ao momentoso vírus, se não contarmos com mais duas páginas dos articulistas, mais o foleiro do cronista por barbear da última página, todos eles nos andam a massacrar, aperrear, emocionar e a tentar acarneirar para o mesmo assunto. E na bloguesfera é o mesmo, vindo dessas galinhas e baratas tontas que não sabem falar senão do mesmo tema infecto...
E será que o Luís Afonso e eu próprio, aqui, não incorremos também no mesmo erro básico cacofónico?

segunda-feira, 23 de março de 2020

De JRJ, sobre Camões


Ler correspondência alheia constitui, uma boa parte das vezes, uma forma daquilo a que eu costumo chamar com ironia: coscuvilhice nobre. Noutros casos, permite saber melhor como foram e pensaram alguns homens célebres, no passado, para o efeito de melhor os conhecermos ou à sua obra.
Esta carta em tom bem humorado, do poeta Juan Ramón Jiménez (1881-1958), dá-nos uma ideia da opinião que ele tinha sobre Camões e, por isso, resolvi traduzi-la para o Arpose.
Segue:

                                                                                                                 Madrid, 13 de Janeiro de 1924

Senhor Dom Juan Guixé, El Liberal.

Meu querido amigo:

 Recebi esta noite, às sete, a sua amável carta pedindo a minha opinião sobre a ideia de O Liberal enviar a Portugal uma "embaixada" extraordinária de poetas espanhóis, tendo como motivo o centenário de Camões. E solicita-me que eu lhe responda hoje mesmo.
 Há tempos que não leio jornais e, por isso, não posso senão referir-me à sua missiva: um juízo meu sobre Camões "glorificado" não teria qualquer valor, uma vez que só li do poeta luso as suas poesias dispersas e estou certo de que não é por umas belas poesias soltas que um país celebra oficialmente os centenários dos seus vates. O seu poema "nacional", salvo das águas pelo seu braço e seu único olho, nos anos quinhentos, nunca me atraiu excessivamente, apesar de me ter obrigado a folhear as suas páginas húmidas; nem sou capaz de abordar, esta noite, as suas oitavas - somente creio na saborosa crítica espontânea - para improvisar um desses apagados, estranhos, antipáticos, infecundos, ajuntadores circunstanciais - Azorín, dom Ramón Perez de Ayala, dom E. de Ors - que se vão fazendo todos os dias por aí. Tão pouco, enfim, tenho sequer notícia de algum trabalho de dom Ramiro Maeztu sobre poesia épica portuguesa, que fosse bastante eloquente, sem dúvida, como outros seus ensaios, para que cristalizasse em mim, de súbito e definitivamente, uma opinião  contrária.
 Crêem os espanhóis competentes que o desventurado Camões é um grande poeta do trono terrestre, marinho e celestial? Nesse caso, é indubitável fazerem-se as coisas com elevação e respeito, e assim que seja dom Miguel Unamuno a "representar-nos" nessa comemoração, bem como dom Antonio Machado, os mais portugueses dos nossos actuais poetas. Se, pelo contrário, miscelâneas político-jornalista-literárias, como é costume fazer-se, decidam formar-se em amigável consórcio com os seus parceiros, como sejam O Menino de Vallecas e O Bobo de Coria - veja-se o documento inapreciável de dom Juan Echevarria - nosso actual e fulgurante Azorín das Hurdes, perito em tortas e papas; de que eu fujo como se fosse da fogueira.
 Não me é possível mandar-lhe o meu retrato, nem creio que seja necessário, neste caso, publicá-lo.
 Obrigado por tudo, deste seu afectuoso amigo,
                                                                                                                                 Juan Ramón Jiménez

Nota: a carta foi traduzida de JRJ Cartas / Antologia (Espasa Calpe, 1992).

domingo, 22 de março de 2020

Bibliofilia 144


Um dos cinco meus predilectos poetas castelhanos, Francisco de Quevedo y Villegas (1580-1645) foi também um notável e prolífico prosador. A Historia de la vida del Buscón (1626) bastaria para o consagrar na novela pícara de Espanha.
Creio que foi em meados dos anos 80 que adquiri, num alfarrabista lisboeta, esta Parte Primera de las Obras en Prosa de..., editada em 1664, por Melchor Sanchez, em Madrid, à custa de Mateo de la Bastida, comerciante de livros.


Na contracapa da encadernação em pergaminho, o livreiro-alfarrabista inscrevera a lápis o seguinte: "Palau, 243577, refere: «não visto, porque só existe um exemplar na Biblioteca do Arsenal em Paris»". Realmente o livro era raro, porque pesquisas posteriores, de HJM e minhas, detectaram apenas mais 6 exemplares em toda a Espanha, 3 dos quais em bibliotecas particulares.
Infelizmente, na altura da compra do meu exemplar, não tomei nota do valor que dei pelo livro. 

sábado, 21 de março de 2020

Pinacoteca Pessoal 162


Descendente de uma família huguenote, que se radicou na Suiça, o pintor Jacques-Laurent Agasse nasceu em Genebra a 24 de Abril de 1767, vindo a falecer em Londres no final do ano de 1849.
Fixou-se em Paris, por volta de 1786, onde estudou Veterinária e Anatomia, tendo frequentado o estúdio de David (1748-1825) e, posteriormente, dedicou-se sobretudo a pintar animais e cenas campestres. Embora raras, algumas telas de interiores, revelam-no como um bom retratista.



Em Londres, onde já estivera breve e anteriormente, viria a fixar-se de forma definitiva a partir de 1800. Como a sua pintura era apreciada pela aristocracia, não lhe faltou trabalho. Até o próprio rei Jorge IV (1762-1830) lhe encomendou uma tela, retratando uma girafa núbia que lhe fora oferecida pelo paxá do Egipto, Mehemet Ali, em 1827. Pelo quadro recebeu Agasse a importante quantia de 200 libras.


sexta-feira, 20 de março de 2020

Revivalismo Ligeiro CCXLVI



Ora, reparem-me no homem das maracas!...

quinta-feira, 19 de março de 2020

E se falássemos de outras coisas?...


Com as restrições impostas às populações parece que a poluição geral está já a diminuir nalguns países.
Devo louvar a resiliência da minha tabacaria outrabandista que, embora reduzindo o seu  horário (só abre da parte da manhã), me permite comprar o meu jornal diário para me dedicar ao meu mais rotineiro exercício mental - o sudoku.
E, entretanto, desapareceram as gaivotas, na zona, esse bicho feio, alado e agressivo que já foi  agradável de se ver e poético (vide Alexandre O'Neill, Amália e A. Oulman). Encerrado, por tempo indeterminado, o restaurante-café outrabandista, que lhes atirava as sobras da comida, elas desampararam a loja.
O que o autismo nórdico não conseguiu, tem vindo a conseguir o contágio sínico - haja saúde.
(Nem tudo são desgraças, ó gentes, falai de outras coisas mais animosas! Puxai pela imaginação, ó bloguistas-donas-de-casa encarceradas na vossa obsessão!)

Filatelia CXXVI


Alguns poucos e pequenos países poderiam talvez prescindir da emissão de selos postais próprios, utilizando os emitidos por nações vizinhas geograficamente maiores, através de um protocolo específico. Estou a lembrar-me, por exemplo, do Vaticano, que poderia usar as estampilhas da Itália. Ou Andorra. Não o fazem, creio, por efeitos de marcar uma posição de soberania, mas também pelos benefícios monetários de lucro que a venda dos selos representa.


Um dos casos mais curiosos diz respeito às Nações Unidas que, não sendo um país, é uma organização internacional criada em Outubro de 1945, logo após a II Grande Guerra. Pouco tempo depois, em Novembro de 1950, criou também um serviço postal e filatélico, com emissões de selos em 3 línguas (Inglês, Francês e Alemão) e valores de moeda (dólares, francos suiços e euros). Com repartições postais e vendas de selos, respectivamente, em Nova Iorque, Genebra e Viena de Áustria.  Na sede e nas duas cidades europeias onde tem delegações importantes.


quarta-feira, 18 de março de 2020

Comic Relief (153)


Socializar, sim, mas devagar...

terça-feira, 17 de março de 2020

Pedro Barroso (1950-2020)



Replay.
Ainda que não fora menina uma das mais bonitas palavras da língua portuguesa, a voz de Pedro Barroso, ao cantar, dava-lhe um encanto e uma ternura singulares.

Alerta



Sem muitas palavras. Mas com atenção redobrada e sem imposturas tolas (Cesário dixit) ou conselhos parvos. Nem contagens sistemáticas como se isto fosse um campeonato de mentecaptos autistas...

Interlúdio 73

segunda-feira, 16 de março de 2020

Prenúncios de Primavera


Ainda não vi andorinhas, neste mês de Março, mas o lilaseiro, da varanda a Sul, já começou a florir.

domingo, 15 de março de 2020

Glosa (17)


É tão razoável representar uma espécie de encarceramento por uma outra como representar qualquer coisa que realmente existe por qualquer coisa que não existe.

Daniel Defoe (1660-1731), in A journal of the Plague Year (1722).

Por favor...


... não me mandem mais nada do Alvim, do Markl, do Zink, do Rieu ou do Trump, nem da Ferreira ou da Júlia - os banhistas da cobra mais pimbas. É que já estou entupido de mediocridade até à borda. E já não me bastavam as tolinhas do Corono, a dar conselhos de almanaque...

Lucio Dalla (1943-2012)

sábado, 14 de março de 2020

Curiosidades 79


Vão desculpar-me, mas não vou falar do que toda a gente fala...
Recentemente, e aquando da releitura do romance A Sibila, de Agustina Bessa-Luís (1922-2019), deparei-me com o frequente uso, por parte de uma protagonista, da palavra Cantés! (pgs. 12, 18, 34...), que, de mim conhecida, há muito que já não via utilizada e não me lembrava sequer do seu respectivo significado. Releve-se o facto de que me não recordava de alguma vez a ter ouvido oralmente, em conversa, mas vira o vocábulo em algumas obras neo-realistas, no passado. A palavra, sempre a achara estranha.
Ao tentar saber o seu significado, verifiquei que o Houaiss não a registava, mas o simples Torrinha  (de 1945) indica-a, embora no singular, com a valência (Canté!) de: Quem dera!. O Dicionário Analógico, de Artur Bívar consagra o mesmo significado e também como: certamente!. O Moraes, na sua 3ª edição de 1823, também não o inclui (será o vocábulo moderno?). Entretanto, o Dicionário (1958) de José Pedro Machado refere em significado: Oxalá! Em nenhum deles consta porém a sua origem ou uso inicial...

sexta-feira, 13 de março de 2020

Com pretensões de máxima


O pensamento excessivamente linear e a dificuldade em perceber a ironia tornam este mundo, por vezes, demasiado aborrecido e monótono. E cheio de equívocos, talvez hilariantes. Quando a isto se associa, em cenário paroquial, uma pronunciada caridade cristã, então, é o fim da picada...

Últimas aquisições (22)


Editada pela Empresa do Diário Notícias, entre os anos de 1924 e 1941, a Colecção Patrícia é composta por 52 folhetos, de 14 páginas, que raramente aparecem à venda no seu conjunto integral. Biografias sucintas e abordagens breves de assuntos culturais, mas muito informativos, os textos foram escritos por Albino Forjaz Sampaio (1884-1949),  e os livrinhos têm desenhos de Saavedra Machado e capa de Jorge Barradas. Os temas são diversos: Teatro, Prosadores, Antologias, Poetas...
No alfarrabista, havia um acervo talvez de cerca de 30 números, donde seleccionei 3, que adquiri. Fizeram-me uma atenção (como é costume, aliás) e, por isso, esportulei apenas três euros pelos simpáticos volumezinhos da Colecção Patrícia, em imagem.  


quinta-feira, 12 de março de 2020

Resistência


Não há nada como ser um sobrevivente da Asiática de 1957, para criar uma certa distância saudável. E para manter a tramontana a funcionar e em ordem.
Deus nos valha!

Francis Poulenc (1899-1963)

quarta-feira, 11 de março de 2020

Apontamento 131: Observações 1



1936

Surgiu, recentemente, a hipótese de adquirir o livro acima reproduzido. O nome do musicólogo Santiago Kastner veio-me através de estudos dedicados à música antiga portuguesa. Por coincidência descobri, posteriormente à aquisição do livro, que a Universidade Nova de Lisboa lhe dedicou uma exposição no final do ano de 2019. Aliás, o catálogo da exposição, com coordenação de Manuel Pedro Ferreira, encontra-se disponível em formato pdf, oferecendo-nos mais informações sobre a sua vida e obra.
Ficam, apenas, os dados biográficos essenciais de Macário Santiago Kastner: nascido em 1908, em Londres, faleceu, em Lisboa, no ano de 1992, na cidade que ele escolheu como lugar da sua vida a partir de 1934. 

Da sua vivência em Portugal deixou-nos, para além dos estudos sobre a música antiga, observações curiosas sobre o país, a saber:



Post de HMJ

Citações CDXXVIII


O idealismo é uma forma convencional da esperança.

Georges Braque (1882-1963), in Le Jour et la Nuit.

terça-feira, 10 de março de 2020

Do que fui lendo por aí... 35


Por esta altura, e a propósito, para me habituar, eu deveria estar a  ler Defoe ou Camus, ou então rever Visconti e a sua Veneza empestada. Mas aconteceu que me calhou, e bem na rifa, um velho volume (1966) de contos de Ernest Hemingway (1899-1961).
E por aí vou admirando e lembrando a sua concisão narrativa, a ausência de rodriguinhos floreados e pirotécnicos, leitura enxuta que bem poderia aproveitar a tantos plumitivos pernósticos, prolixos e medíocres que se vão publicando por aí. Como tortulhos incontinentes, a quem as editoras dão guarida e terreno, indiscriminadamente...



segunda-feira, 9 de março de 2020

Schubert Scherzo (Posthumous) No. 1 B Flat Major - Artur Schnabel, piano

Um CD por mês (11)


Se Lipatti ou Cortot convocam Chopin, não há dúvida que o pianista austro-americano Artur Schnabel (1882-1951) lembrará sempre Schubert, para além da sua gravação integral e exemplar das sonatas de Beethoven. E talvez tenha sido por isso que eu comprei na Valentim de Carvalho (ali, ao Rossio), nuns saldos em finais dos anos 90, um duplo CD da Pearl, com gravações do pianista. Estes registos de 1937/9, remasterizados em 1997, são de muito boa qualidade. O duplo CD da EMI Classics é que já não me recordo onde o adquiri, mas é uma produção de 1992, também excelente.


domingo, 8 de março de 2020

Uma fotografia, de vez em quando (137)


Estima-se que, do fotógrafo francês Albert Monier (1915-1998) se tenham vendido, enquanto ele foi vivo, 80 milhões de postais ilustrados com as suas fotografias e cerca de 100.000 posters.
Uma boa parte dos seus instantâneos sobre Paris estão nimbados de uma espécie de neblina que lhes assegura uma intemporalidade e um certo mistério singular.



Mas a força impressiva das suas fotos de algum modo explica que lhe tenham chamado fotógrafo humanista e seja considerado um bom profissional, apesar de não ser muito lembrado, hoje em dia.




sábado, 7 de março de 2020

Ideias fixas 54


À terceira ou quarta página de A Sibila, relendo, veio-me à memória Camilo. Embora actualizado de vocabulário. Somos assim, naturalmente: ou pelo mundo, como Eça, ou nortenhos e terrunhos, amando de perdição. Em boa companhia, aliás, com Régio, Manoel de Oliveira... - tudo da mesma família.
Ao menos, poupavam-se os néons amaricados. Ou marcanos? De lojas pindéricas, a armar ao fino, por esses algarves foleiros e lisboetas pacóvios. De gentinha, que imagina saber inglês.

Para celebrar...


... estas singelas flores, MR, com os nossos parabéns pelo seu aniversário, bem como este extracto de ballet pelo Par perfeito e magnificente.




sexta-feira, 6 de março de 2020

Viva o SPS! *


"Junta-se a fome com a vontade de comer" - como diz o ditado. Num cenário de Idade Média, entre a paranóia emocional do povão e o aproveitamento pragmático dos agentes privados de saúde, o SNS tenta passar por entre os pingos da chuva e a irracionalidade mediática dos mercenários palermas e /ou oportunistas.

* Serviço Particular (ou Privado) de Saúde.

Maurice Duruflé (1902-1986)

quinta-feira, 5 de março de 2020

Recta final


Até 15 de Março, no MNAA, poderá ainda ser vista esta esplêndida exposição de Álvaro Pires de Évora, pintor português que exerceu o seu mester, sobretudo em Itália, no século XV.
Finamente pensada e com um magnífico acervo luso-italiano, os únicos senãos situam-se em alguma mal localizada iluminação de algumas obras e a má geografia de parte das legendas.
O catálogo, embora caro (29 euros), é magnífico e conta com alguns estudos competentes de historiadores de arte italianos e também de portugueses.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Mais um cartoon


Exercício adivinhatório e poliglota:
für les poucos happy.

terça-feira, 3 de março de 2020

Contaminação


Nem o penúltimo TLS (nº 6099) escapou, com um sugestivo cartoon, de Ella Baron (1995), aliás...

C.P.E. Bach (1714-1788)

segunda-feira, 2 de março de 2020

Finalmente


Confirmado!
Deus não se esqueceu de nós.

domingo, 1 de março de 2020