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domingo, 23 de junho de 2024

Velhíssimo



O jornal inglês The Guardian deu a notícia e fontes especializadas atestam que será o vinho mais antigo do mundo, encontrado num jazigo romano situado na Andaluzia espanhola, com cerca de 2.000 anos. Terá sido vinho branco, mas as condições de armazenamento fizeram-no escurecer e parecer tinto.
Falta ser analisado por especialistas, para se ter uma perspectiva mais rigorosa e aprofundada do seu estado.


Agradecimentos a JSS.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Mercearias Finas 154


Por esta altura do ano, costumo dar uma volta à adega, quanto aos tintos. Pelo Verão, é a vez dos vinhos brancos darem uma volta e eu retirar alguns, já mais antigos, para abate e por precaução... E se, para estes, 5 anos, com raras excepções, pode ser um limite de idade, para os tintos sou sempre muito mais tolerante - já bebi alguns (poucos) nacionais com mais de 40 anos, que estavam um esplendor!
Anote-se, previamente, que dos vinhos tintos retirados, os mais novos contavam quarenta anos e os dois mais velhos 46 de idade.

Vistoria feita, procedeu-se à retirada para prova e consumo das seguintes garrafas:

1. V. Dão Painel, Garrafeira de 1974 (numerada: 476), 12º - Caves Império.
2. Garrafeira Carvalho, Ribeiro & Ferreira, 1974 *, 12,3º - C. R. & F.
3. Garrafeira Carvalho, Ribeiro & Ferreira, 1978, 12º - C. R. & F. (que custou Esc. 1.100$00).
4. Bairrada, Reserva 1980, 12º, Adega Cooperativa de Cantanhede, 2 gfs. (Esc. 626$00, cada).
5. Quinta de Fontoura, Garrafeira Particular de João Girão, Douro (Lamêgo), Colheita 1980, 12,5º.
6. Vale Pradinhos, Pinto de Azevedo, Casal do Valle, Colheita de 1980, 13º.

* Foram postas no mercado 300.000 garrafas.

P. S.: já provados os 4., 5. e 6., todos em boas condições, sendo o último o mais apreciado.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Mercearias Finas 116


Terei de concluir, à falta de melhores provas, que o ano de 1955 terá dado algumas boas colheitas, nalgumas das regiões vinícolas portuguesas. Sabia-se, na altura e à boca pequena, que as Garrafeiras da CRF, emblemática e excelente marca de vinhos da época, eram feitas com uvas do Ribatejo ou, então, do Douro, consoante a Natureza tivesse privilegiado mais uma ou a outra região demarcada. A empresa nunca se descaiu em atribuí-las talvez porque, como se diz, "o segredo é a alma do negócio". Registem-se os anos afortunados de: 1949, 1955, 1970, 1978, 1980, 1983, 1988 e 1990, pelo menos. De 49 registo uma abertura frutuosa, pelo Natal de 1979, para acompanhar um queijo da Serra. Memorável!
Do Ribalta, que C. Vinhas engarrafava com proficiente desvelo, também provei algumas colheitas notáveis, que o Restaurante Paris (na Baixa de Lisboa) também acolhia, orgulhosamente, na sua Carta de Vinhos. E Fonseca e Costa, que lá ia por vezes, deve ter provado o néctar... Fechou o Restaurante e não faço ideia para onde foram essas preciosidades. Mas deixemos o Ribalta, neste caso de 1966, mas estagiado 10 anos e engarrafado em 1978, com 85.407 garrafas produzidas, de que a minha tem o nº 27.681, e me custou Esc. 20$50, há muito, deixemos - repito - para outro dia.
Hoje, venho só para dar conta e registo que a Garrafeira CRF de 1955, depois do vinho decantado e repousado, nos seus 61 anos bem cumpridos, estava magnífico. Em tempo, foi o vinho mais velho que bebemos, HMJ e eu, e o aprovámos como um verdadeiro milagre da Natureza, de longevidade e dos distintos enólogos da Carvalho, Ribeiro & Ferreira.
Mais tarde
Quanto ao Ribalta - e chegou o outro dia, porque o poste se foi fazendo aos poucos - na sua acobreada cor taurina e ribatejana, morreu às mãos  de uma rica sande de presunto, num lanche ajantarado, com todos os matadores, de uma festa brava de feição. E, como ficou um resto, talvez ainda acompanhe umas migas com carne de alguidar... Porque, duplamente, chega para elas, amanhã.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Mercearias Finas 115


Mas quem me manda a mim guardar vinhos brancos, para além dos 5 anos regulamentares!?
Claro que vamos ter um especioso vinagre de Pfalz ( Palatinado alemão) como manda a lei, mas o Arinto de Bucelas (1972) foi pelo cano do lava-loiças, abaixo. Que intenso vinagrinho era com ele...
O tinto garrafeira CRF (1974) é que era outra louça, na sua cor avermelhada de brasido suave a apagar-se. A Touriga, que lhe estava de certeza nos genes, mostrou a sua raça, aroma e longevidade. Portou-se lindamente com um queijo artesanal de ovelha, da região de Castelo Branco.
Nem tudo se perdeu...

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Mercearias Finas 107 : relíquias...


Pelo segundo Outono consecutivo me resolvi a dar volta à adega. Desta vez, fia mais fino o risco, porque de vinhos brancos se trata e, como se sabe, eles são mais frágeis e de vida mais curta do que os tintos. Será pouco espectável que a sua abertura me traga alguma boa surpresa, depois de decantados. Embora duas das garrafas ainda tenham néctar pelo ombro do gargalo e as Caves Borlido tenham classificado o seu produto de: Vinho Velho. O que significa que foi engarrafado já estabilizado, mas não terá decerto, no entanto, a longevidade das colheitas do Bussaco. Que será de esperar de vinhos brancos tão anosos, cujo mais jovem tem a provecta idade de 50 anos? O que for, se verá...
Deixo, assim, a descrição cronológica das relíquias, para que conste, e memória futura:
- Borlido Garrafeira, Branco Velho de 1946, 12º (custou, no início dos anos 70, Escudos 50$50).
- Casal da Azenha, Branco 1957, de A. B. da Silva Chitas, com 12,5º (adquiri-o por 45$50).
- Messias, Garrafeira Particular, colheita de 1963, 11,5º.
- Quinta d'Aguieira (Conde d'Águeda - Manuel José Homem de Mello), Branco 1965.
Ficam as fotografias dos exemplares, logo à saída da adega, e depois dos rótulos terem sido ligeiramente desempoeirados do tempo e da pátina. Darei conta oportuna, se for conveniente, dos seus estados de saúde, ou de alma.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Mercearias Finas 97


Quando algumas mulheres começam a azedar nessa altura da vida, ao contrário, este clarete Camarate (de José Maria da Fonseca), com 46 anos, enfraquecido embora, mantinha  um equilíbrio assombroso para a idade. E um gosto de outras eras.
Esta colheita de 1969, com 12º, de Azeitão ("O vinho de Azeitão não é vinho, é vinhão."), de uvas prováveis da casta Castelão, tinha-o eu provado em 1980, pela penúltima vez, em S. João do Estoril, no mês de Junho, num jantar improvisado. Na altura - lembro-me - achei-o um pouco delgado. Também eu era mais jovem...
Assim, resolvi, algo céptico em relação ao conteúdo, dar a estocada final na derradeira garrafa que ainda restava, na garrafeira. Há dias, limpei-lhe o pó e, durante 36 horas, deixei-a de pé, cortando apenas o metal do gargalo encapsulado. Humedeci, na altura, a parte superior da rolha e deixei secar. Abri-o, depois, decantei-o e deixei o clarete a repousar.
Ontem, foi o esplendor, que dá a idade de um vinho de nobre linhagem.

sábado, 3 de agosto de 2013

Mercearias Finas 76


É um risco que já corri várias vezes, pelo meu apreço a vinhos velhos, mas que, na maior parte dos casos, compensou. Diz-se que "a sorte protege os audazes" e, apesar de eu ser cauteloso por natureza, na compra de vinhos antigos, normalmente, arrisco, por não conseguir resistir à tentação que me assalta...
Numa loja improvável, pelo seu ramo específico, comprei, há cerca de um mês, dois vinhos tintos trintões. O mais idoso (Garrafeira 1980), de produção limitada (garrafa nº 63.172), da Vinícola do Cartaxo, Lda.; o menos antigo (Reserva 1983), da Sogrape, fora lotado com castas de uvas da região do Dão: Touriga Nacional, Tinta Pinheira, Tinta Carvalha, Alvarelhão e Jaen.
Quem mos vendeu, cordialmente me disse: "É um tiro no escuro... Levo-lhe 5 euros por garrafa." - e eu aceitei o repto. A única bússola de segurança, que me norteou, era a altura do vinho nas garrafas. Na do Cartaxo, o líquido estava muito ligeiramente acima, no gargalo, e no da Sogrape, muito pouco abaixo, ainda antes da curva da garrafa. Pela tabela da Christie's (ver imagem) para os vinhos de Bordéus, havia uma certa margem de segurança.
Abri, hoje ao almoço, a Garrafeira do Cartaxo, com 12,2º, para acompanhar um bom bife de alcatra, com batata frita e feijão verde (refogado em cebola, temperado com segurelha). Deixei a garrafa aberta, duas horas, para o vinho respirar e nem foi preciso decantá-lo. De cor rubi pálido, parecia um clarete quase transparente. Tinha um aroma suave e requintado ao tempo (Touriga? Castelão? Aragonês?), muito tranquilo na boca, sem nenhuma aspereza. Excelente, em suma, para um tinto velho de 33 anos.
O da Sogrape fica para outra vez...

domingo, 6 de janeiro de 2013

Mercearias Finas 67 : voltando aos vinhos velhos


A pressa, a impaciência, o gosto pelo "descartável" (beber e deitar fora) dos dias de hoje, raramente, deixa repousar e adormecer os vinhos, na garrafeira. A crise também não favorece o gosto antigo de guardar e ir provando, com o tempo, acompanhando a evolução de vinhos de média ou boa qualidade. E o consumismo, muitas vezes desenfreado, leva muita gente a correr à procura de novidades atrás de novidades, numa voragem inexplicável.
Quando comecei a guardar vinho, em 1976, por conselho de um respeitável Sénior avisado, os "Barca Velha" custavam cerca de Esc. 600$00, o que era muito para mim. Mas ainda consegui comprar 2 garrafeiras Carvalho, Ribeiro e Ferreira, colheita de 1949 (reengarrafadas em 1966), por pouco mais de Esc. 100$00. Quando bebi a primeira, pelo Natal de 1979, o vinho velho portou-se lindamente com um jovem Queijo Serra amanteigado.
Falo hoje disto, porque recentemente, em almoço familiar alargado fui buscar "duas antiguidades", à "adega": uma magnum Dão Cardeal (monocasta Touriga Nacional), tinto de 2004 e uma Garrafeira CRF de 1978. Abri-as, 2 horas antes da refeição. Tive que decantar, naturalmente, a CRF, embora o depósito (ou "pé", como gosto de chamar) fosse mínimo; e o vinho estava muito bom para acompanhar a tábua de queijos diversos. O Dão Cardeal, óptimo estava, também, para se bater com o assado. Vinhos tranquilos, suaves, de taninos mansos - a "poupança" tinha valido a pena!

domingo, 29 de maio de 2011

Mercearias Finas 32 : Vinhos velhos


As nuvens vinham do Sul, magníficas, opacas e velozes, algumas afogueadas, quase rubras, outras de um azul célere que, ao passar, ia ficando cinzento muito escuro. Todas iam para Norte com o vento que me esfriava, na varanda a Leste, o Chardonnay da Quinta de Cidrô. Viera de Trás-os-Montes, fora até França para obter uma medalha de bronze, em 2005, e estava agora a acabar, de novo em Portugal, um pouco velho, em Maio de 2011, bendito. Para ser franco, este vinho branco da Real Companhia Velha, já conhecera melhores dias, mas ainda se comportava condignamente. Guardara uma nobreza de carácter, um frutado muito personalizado e deixava, na boca, um prolongado sabor amendoado que não era doce, mas comungava, de memória, com tempos felizes de juventude. Entenda quem souber...
O "aladino", entretanto, abriu os olhos ensonados às 21,03, ainda estremunhado, mas decidido a despertar para a noite; todavia o irmão pequeno (que HMJ comprou, há dias), o "pirilampo" só acordou mais tarde, quase 10 minutos depois - cada um é que sabe da sua própria noite... E foi aí que me lembrei do meu amigo E. S. e do primeiro Chablis que me passou pelo "estreito". Anos 70, de certeza, e pós-PREC. Até porque o guardei uns 3 ou 4 anos, depois do meu amigo mo ter oferecido. Nunca lhe perguntei, até porque era uma boa colheita, mas suspeito que ele o fanou da esplêndida adega do Tio, cavalheiro abonado e baixinho, que morava em Cascais. Devo confessar que, quando abri aquele mavioso Chablis, fiquei convertido para sempre. E foi assim que provei o primeiro monocasta Chardonnay, na minha vida.
Moral da história: às vezes, se o vinho é bom, vale a pena esperarmos e guardá-lo - ajuda a reencontrarmo-nos e a convocar tempos antigos, agradáveis. Mas não é conveniente guardar vinhos brancos portugueses mais do que 5 anos. Salvo casos muito excepcionais.