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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Retro (111)

 

O título poderia também ser: Esquerda unida jamais será vencida...
Trata-se de um desfile de intelectuais de esquerda na Av. da Liberdade, provavelmente em finais dos anos 70, integrando uma manifestação. Não consegui, no entanto, identificar a Senhora, nesta frente unida. Assim se apresentam, da esquerda para a direita: José Saramago, Piteira Santos, ??, Fernando Lopes Graça, Manuel da Fonseca, José Cardoso Pires e Urbano Tavares Rodrigues. (Pelos guarda-chuvas [3] se poderá concluir da ameaça de chuva...)
Bem contentes e confiantes, que eles iam!

Adenda: corrija-se e acrescente-se: a fotografia, de Rui Pacheco, foi tirada durante a Marcha pela Paz, no ano de 1983.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Do que fui lendo por aí... 41

Lá (França) como cá (Portugal), no Quay d'Orsay, bem como nas Necessidades, os Ministérios de Negócios Estrangeiros são, habitualmente, vespeiros e viveiros activos e reprodutores de gentes de direita. Tirando os embaixadores politicos nomeados do exterior, por governos em funções (estou a lembrar-me de José Cutileiro, Fernandes Fafe e Álvaro Guerra, dos poucos diplomatas que comungavam à esquerda), a regra é à direita. Embora muitos tentem passar (mal) por neutros...


Neste livro (Coups et Blessures, 2011, Cherche Midi) que ando a ler com grande gosto e interesse, Roland Dumas (1922), que foi ministro dos Negócios Estrangeiros (1984/6 e 1988/93), sob Mitterrand, põe o dedo na ferida (pg. 213), com a elegância e humor que lhe são próprios. Assim: Le couleur politique des diplomates n'avait pas d'importance a mes yeux. Il valait mieux car, de par leur origine familiale et le marle culturel qui était le leur, ils sont le plus souvent de droite. Le Quai (d'Orsay) a toujours penché à tribord (pg. 213).


com agradecimentos a H. N..

domingo, 4 de junho de 2017

Centralizando a questão


É sempre avisado desconfiar daqueles que, com cândida singeleza e puritanamente, se confessam apolíticos. Na maior parte dos casos, são meros Tartufos disfarçados. E, ainda mais, é preciso desconfiar dos que afirmam que não há já razão ideológica para a existência, em política, de Esquerda e de Direita. Esses, ou são pobres de espírito (e será deles, como diz o Novo Testamento, o reino dos céus...), ou escondem objectivos inconfessados de infiltragem insidiosa, para catequizarem e se insinuarem, com mais simpatia, no país aborígene dos ignorantes e inocentes.
Dito isto, eu penso que, em muitos aspectos, a Esquerda conserva, em si, alguns sentimentos de culpa em relação às questões essenciais do mundo, alguma incomodidade, e tem, muitas vezes, uma excessiva gentileza democrática para resolver com objectividade determinadas situações. Aí, normalmente, a Direita é menos subjectiva, mais rude, mas também mais eficaz. Por exemplo, a Guerra. Relembro a hesitação democrática de Mendès France, comparada com o realismo de De Gaulle (Argélia). Ou Kennedy e Johnson, democratas, em confronto com o pragmatismo de Nixon, republicano, que acabou com a guerra do Vietname.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Uma questão de gosto


Embora politicamente situado, nada tenho contra a Direita, desde que civilizada, consistente e pensada. Moreiras, ainda que pedreiros-livres, Pintos, mesmo que salazarentos, porque estruturados ideologicamente, são-me estimulantes. Não me provocam nem urticária, nem alergia: obrigam-me ao confronto mental e ao debate interior, no aspecto político, o que é sempre salutar no plano das ideias.
Agora, não me obriguem, hoje, quinta-feira, a ir ao CCB, acompanhar o beija-mão da coscuvilhice, estar em fila indiana para o autógrafo duma pobre personagem algarvia, que esteve 10 anos em Belém, só para aparecer momentaneamente na TV. Apoiar a sua mediocridade, num ajuste de contas mesquinho com o passado, só revelaria, da minha parte, falta de gosto e de sentido crítico para com a História. Seria, no mínimo, excessivamente doentio.
Em contraponto, preferi trazer da rua do Alecrim, hoje, do meu alfarrabista de referência, dois livros (em imagem) de homens de Direita, para ler, mas que foram ideologicamente esclarecidos, coerentes, estruturados, consistentemente, na sua prática política.
Além de que os livros estão muito bem escritos...

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A tradição já não é o que era...


É com alguma impaciência que, às vezes, mas cada vez mais raramente, ouço o cliché estafado e gasto de que, em política, já não há esquerda, nem direita - embora eu respeite as histórias de fadas.
O que hoje se passou na Assembleia da República, pode mostrar aos sonsos, aos cegos e aos daltónicos, que essa diferença existe e recomenda-se. Nessa medida, o PAN, muito provavelmente, optou pelo azul. É lá com ele e com os animaizinhos que protege, touros, inclusivé, que se enervam com o agitar do vermelho.
Porque não é apenas uma questão de cor: entre o Negrão saraivado e o Ferro moreno, respeitáveis ambos, há uma distinção essencial e, por isso, uma diferença de tomo. Felizmente, porque, na Presidência da República, a isenção do branco não tem predominado. Antes pelo contrário.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Idiotismos 30


A meio da manhã, um jovem de óculos escuros, com ar de ferrugem envelhecida, pronunciou, na esplanada, uma palavra que eu já não ouvia há muito: esquerdalho.
Fiquei a pensar. Havia nela, pelo tom, mas também pelo sufixo, reminiscências ou um eco atávico e conservador, do salazarista: reviralho.
Ocorreu-me a palavra rebotalho, mas evitei, pelas conotações, ir mais longe...
Mas não pude deixar de me perguntar porque seria que a esquerda (mais gentil?, mais neutra?, mais elegante ou purista?) não usa nunca, criativamente, e em contraditório, o neo-vocábulo: direitalho.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A propósito e na sequência de uma crónica jornalística


No seu pragmatismo objectivo, a direita portuguesa nunca teve pejo, nem preconceitos, em coligar-se, na intenção de conquistar o Poder. Ao contrário, as esquerdas portuguesas, tirando a excepção do consulado de Jorge Sampaio ( que nem é, sequer, um "perigoso" esquerdista...), na Câmara de Lisboa, nunca o fizeram, de forma visível e clara. Nas suas desconfianças de vizinhos próximos, nas suas ortodoxas e aristocráticas ideologias frustes de cúpulas rigidamente egocêntricas, as esquerdas portuguesas "falam, falam", mas nunca se conseguem entender. Sobra a isto, muitas vezes, um eleitorado frustrado.
A propósito da erosão lenta, mas real, e da implosão previsível do BE, Rui Tavares, na sua crónica (A chave) de hoje, no jornal Público, fala desta fatal pulverização dos partidos de esquerda portugueses, mas diz também uma coisa bem simples e verdadeira. Passo a citar:
"...A maior parte dos eleitores de esquerda estão no meio, procurando pela realização de um país em que as desigualdades sejam combatidas e a pobreza erradicada, onde haja um acesso universal às provisões públicas, e onde uma economia mista e diversificada possa dar hipóteses justas de progresso social e pessoal aos portugueses. ..."

domingo, 11 de novembro de 2012

O que a direita não perdoa à esquerda


Estou à vontade para o dizer, até porque nunca fui um grande admirador do recente ex-líder do BE, embora lhe reconhecesse méritos indiscutíveis. No seu conjunto, no entanto, apreciava mais o estilo e a prática política de um Miguel Portas, prematuramente falecido. Mas ao mesmo tempo ficava, e fiquei surpreendido de, até na hora da despedida, verificar a sanha carniceira com que, alguma direita cavernícola, se atirava e atirou a F. Louçã. Sobretudo uma direita que não é ideológica, mas simplesmente emotiva, irracional.
Percebo, hoje, algumas das razões que estavam (estão) por trás disto. Louçã era inteligente, era um acutilante orador, um economista respeitado, um político preparado e coerente.
A direita ultramontana sempre preferiu um Papa-açorda a chefiar a esquerda. Um promíscuo que se adapte, um cata-vento ideológico, um fraco, de preferência, mal preparado - porque a direita sabe que, desses, não tem nada a temer. A direita sanhuda não perdoa (ou não perdoou) a um Lopes Cardoso, a Cunhal, a Melo Antunes, a Ferro Rodrigues, a Louçã. A direita sanhuda e ultramontana tem medo destes homens íntegros e coerentes. Porque eles têm princípios, não são corruptíveis, nem mudam ao sabor dos ventos. São inteligentes e não se desviam, um milímetro que seja, da sua coerência de homens de esquerda.

domingo, 6 de maio de 2012

Dia D, F, G, H ?


Previsível e fatal, para onde múltiplos factores convergiram (terceira via, queda do Muro, emigração descontrolada, envelhecimento populacional e, por isso, aumento do voto conservador...), a deriva para a Direita, da Europa social-democrata dos anos 60/70, era uma consequência lógica. Mas, em vez de uma alternância posterior, de novo para a Esquerda, a crise de 2008 tem vindo a arrastar uma boa parte dos países para a Direita extrema. São disso bons exemplos, pelos piores motivos, a Hungria, a Holanda e o reforço, em muitas outras nações, do voto na extrema-Direita.
Sem alimentar excessivas ilusões, os resultados das eleições de hoje, na França e na Grécia, mesmo que favoreçam a Esquerda, poderão ser um travão a essa deriva da Europa, de consequências imprevisíveis, mas nunca benéficas. Das humilhações do Tratado de Versalhes à República de Weimar e respectivas sequências conhecidas, o tempo foi breve. Para não usar o gasto chavão, muito a gosto de alguns jornalistas e comentadores núbeis, cábulas ou pouco originais, de "a partir de hoje, nada será como dantes", eu diria que hoje é, pelo menos, um dia importante para o futuro da Europa.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

As palavras justas


Com a devida vénia a Rui Tavares e ao jornal "Público", de hoje (6/6/2011), passo a citar:
"...Para a esquerda o tempo está virado do avesso. O dia de eleições foi ontem. O dia de reflexão só agora começou."