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terça-feira, 1 de abril de 2025

Citações DX

 

A verdade, tal como a luz, cega. A mentira, pelo contrário, é um belo crepúsculo que põe cada um dos objectos em destaque.

Albert Camus (1913-1960), in La Chute.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Curiosidades 107



Eu diria que há um ler a tempo, um ler na idade certa, mas também um ler fora de tempo (tarde na idade) ou ainda antes de saber apreciar e compreender convenientemente o que se lê.
Achei por isso curioso que Françoise Sagan (1935-2004) tenha situado três das suas leituras mais importantes, da e na juventude, assim:

- Les Nourritures terrestres, de André Gide, aos 13 anos.
- L'Homme révolté, de Albert Camus, com 14 anos.
- Les Illuminations, de Arthur Rimbaud, aos 16 anos.

Leituras precoces, no meu entender. Mas que cada um faça o seu juízo, ou avive a sua experiência pessoal...

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Divagações 193


 
Ao atingirmos aquilo que pensamos ser o ápice de preferência na obra de um escritor, pontualmente, não conseguimos imaginar que possa vir a aparecer ainda um livro maior que venha a destronar esse inicial que tanto nos tinha agradado. São acasos felizes que, por sinal, já me aconteceram com dois escritores de língua francesa: Albert Camus (1913-1960) e Marguerite Yourcenar (1903-1987).
Se O Estrangeiro (1942) editado na colecção Miniatura (nº 48) me fora um livro marcante, A Queda (1956), que na mesma colecção (nº 76) viria depois a ser publicado, veio a ganhar as minhas preferências no conjunto da obra de Albert Camus.
Simultaneamente, também Memórias de Adriano (1951), que tinha sido uma boa surpresa na leitura, viria a ser suplantado, no meu gosto, por A Obra ao Negro (1968) da escritora belga, alguns anos mais tarde.
Estas duas experiências constituíram acontecimentos muito agradáveis e inesperados para mim.



segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Últimas aquisições (50)

 

Foram os dois últimos livros comprados em 2023, escolhidos por mim, mas que me foram oferecidos depois (obrigado, HMJ!). De dois escritores consagrados e reconhecidos - Karl Kraus (1874-1936) e Albert Camus (1913-1960). Que eu já não tenho grande curiosidade nem muito tempo para ler escritores  desconhecidos, ainda que muito publicitados pelas costureiras influencers dos blogues pagos e municiados pelas editoras manhosas.


Para que conste e fique registado, o último livro que acabei de ler, em 2023, foi um policial (Vampiro, nº 619). De Nicolas Freeling (1927-2003), escritor inglês, de escrita quase sempre bastante desarrumada e frágil trama policial, mas cujas obras são de leitura rica em sugestões culturais e quase sempre animada e agradável. Ligeira, embora.









sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Ao lado



Por meados do século XX, a temática do donjuanismo era algo estudada e referida. Entre outros, Albert Camus dedicou-lhe atenção e Urbano Tavares Rodrigues algumas páginas, também. Mas a obra clássica mais conhecida era o D. Juan (1940), do médico e historiador espanhol Gregorio Marañon (1887-1960). Cuja versão em português traduzida por António Brochado, foi editada pela Livraria Tavares Martins (Porto) em 1947.



Em 2022, tive oportunidade de adquirir barato (3 euros), na rua da Misericórdia, um exemplar usado em bom estado, pois nunca o tinha lido. Só agora o acabei, no entanto. Mas das 304 páginas, verdadeira e surpreendentemente, apenas cerca de 2/3 são dedicadas a D. Juan Tenório, muito embora tivesse ficado a saber muita coisa sobre Filipe IV (de Espanha) e sua mulher, Isabel de Bourbon, que passou, erradamente segundo Marañon, por ter sido uma das conquistas do sedutor castelhano.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

3 ideias francesas sobre a Juventude



A juventude não ama os vencidos.

Simone de Beauvoir (1908-1986), in Les Mandarins



É a febre da juventude que mantém o mundo à temperatura normal. Quando a juventude arrefece, o resto do mundo começa a bater os dentes.

Georges Bernanos (1888-1948), in Les Grands Cimetières sous la lune.



O signo da juventude é talvez uma vocação magnífica para as felicidades fáceis.

Albert Camus (1913-1960), in Noces.

domingo, 26 de março de 2023

Liberdade, segundo Camus



Eu não aprendi a liberdade com Marx... Aprendi-a na miséria.

Albert Camus (1913-1960) 

domingo, 8 de maio de 2022

Excerto e nota



"O primeiro  dever de um escritor é escrever aquilo que pensa, custe o que custar. Aqueles que preferem mentir não têm senão que escolher um outro ofício - o de político, por exemplo."

Georges Bernanos (1888-1948), in Le Chemin de la Croix-des-Ames.

Nota pessoal: católico e monárquico, posições ideológicas de direita que explicam, porventura, a diatribe contra os políticos no final da citação (acima), o escritor francês George Bernanos era, eticamente, um homem livre (Camus dixit) e isento, qualidades que o levaram a denunciar a barbárie do franquismo (Les Grands Cimitières sous la Lune, 1938) na Guerra Civil Espanhola, e a opor-se ao regime de Vichy e a colaborar, durante a II Grande Guerra, com a Resistência.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Coincidências



Não sem grande surpresa, verifiquei recentemente que os escritores franceses eram os mais premiados do Nobel da literatura. Nada menos  de 15 autores, de 1901 até hoje, ultrapassando os norte-americanos (12) e os de língua inglesa (11). Há dias, li em Le Monde, também, este título significativo: Albert Camus, toujours aussi contemporain en ces temps de pandemie. A propósito da recente procura intensificada do seu romance La Peste, de 1947. Contemplando a convergência inesperada, acabei de ler ontem, de François Mauriac (1885-1970), no seu Bloc-notes II (pg. 366), uma referência à morte imprevista de Camus (4/1/1960), que vou passar a transcrever, traduzindo:



Uma chamada telefónica: Albert Camus (1913-1960) morreu. Algumas polémicas por altura da Libertação, aliás cortezes, e não tivemos outros contactos. A emoção que sinto dá-me melhor a medida do que ele representava para mim: o homem que terá ajudado toda uma geração a tomar consciência do seu destino. O absurdo deste mundo de crematórios alemães e de purgas estalinistas, que ele terá denunciado em nome de uma justiça cuja paixão estava nele próprio - sem que nunca tenha consentido dar-lhe um Nome, um Rosto a esta paixão, a esse amor.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

A sorte dos livros


Há livros que, após um sucesso retumbante, se apagam para sempre na obscuridade e no esquecimento. Não terá sido o caso de La Peste, de Albert Camus (1913-1960), que ainda é hoje um dos top-ten da Gallimard, a seguir a Le Petit Prince, de Antoine de Saint-Exupéry e de L'Étranger, do mesmo Camus.
Publicado em 1947, La Peste vendeu 22.000 exemplares na primeira semana e 100.000 até ao final desse ano. E embora a crítica literária não lhe tenha sido muito favorável, bem como o autor que o considerava um livro falhado, o público leitor excedeu as expectativas de compras, na época.
Integrada na Colecção Miniatura (nº 55), com capa de Bernardo Marques, a obra foi editada, em Portugal, em finais dos anos 50, e reeditada recentemente. E embora só obliquamente o tema se possa associar à peste bubónica ou a uma pandemia, dado que o texto é uma metáfora sobre o nazismo, a Itália e a França, países europeus mais atingidos pelo Covid-19, apressaram-se também a reimprimir  o livro...
Assim ressurgiu A Peste.

terça-feira, 10 de março de 2020

Do que fui lendo por aí... 35


Por esta altura, e a propósito, para me habituar, eu deveria estar a  ler Defoe ou Camus, ou então rever Visconti e a sua Veneza empestada. Mas aconteceu que me calhou, e bem na rifa, um velho volume (1966) de contos de Ernest Hemingway (1899-1961).
E por aí vou admirando e lembrando a sua concisão narrativa, a ausência de rodriguinhos floreados e pirotécnicos, leitura enxuta que bem poderia aproveitar a tantos plumitivos pernósticos, prolixos e medíocres que se vão publicando por aí. Como tortulhos incontinentes, a quem as editoras dão guarida e terreno, indiscriminadamente...



quarta-feira, 4 de março de 2020

Mais um cartoon


Exercício adivinhatório e poliglota:
für les poucos happy.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Lembrete 71


O dossiê do último Magazine Littéraire (Dezembro) é dedicado a Albert Camus (1913-1960). São 18 páginas de qualidade muito diversa, de vários colaboradores e com alguns excertos de obras do escritor. Só não recomendo efusivamente a revista porque me parece que, para os fãs de Camus, conhecedores da sua vida e livros, o número nº 24 do Magazine Littéraire, não trará nada de surpreendente ou de novo sobre ele.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Citações CDXXII


O romance... é, antes de mais, um exercício de inteligência ao serviço de uma sensibilidade nostálgica ou revoltada.

Albert Camus (1913-1960), in L'Homme révolté (pg. 327).

sábado, 13 de julho de 2019

Róis


Rol, ou lista, queria eu dizer, se me referisse ao singular da palavra que serve para título deste poste. Francesismo que já Beatriz Costa usava numa canção ("... que a freguesa deu ao rol...") de um filme, Aldeia da Roupa Branca, dos anos 40 (?).
As listas servem bem os pressupostas da Silly Season, são ligeiras, permitem discordâncias, mas são também inclusivas e servem propósitos alargados de preferências. E lembram coisas e pessoas, para quem as quiser revisitar. Deparei-me com 2 róis, ultimamente.
Um do Expresso, elegendo 50 figuras influentes portuguesas, que não vou discutir. Outro rol, ou lista, saído de Le Monde, abordava 100 romances importantes do século XX. Relação que me pareceu muito mais exclusiva, parcial e ligeira. Desses, tinha eu lido apenas 16 obras.
A ausência de Camus pareceu-me uma injustiça clamorosa, sobretudo quando incluíram, no rol, Sartre (Les Mots) e, sobretudo, Françoise Sagan (Bonjour tristesse). Mas perdoei a Le Monde por ter repescado, em contrapartida, um grande romance dos anos 70 que devia estar esquecido de muita gente: Mars (1975), de Fritz Zorn (1944-1976).
Para alguma coisa havia de servir a silly season...

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Insólito


Se bem que eu tente acompanhar de perto as movimentações em torno e as visitas ao Arpose, foi por mero acaso que me dei conta, ontem, de que um poste recente ( Aditamento: ainda no rescaldo de leitura da correspondência de Camus / Casarès, de 6 de Fevereiro de 2019 ) tinha tido um número enorme e inesperado de visitantes - 643! Vindo a ocupar assim, num espaço relativamente curto de 9 dias, a décima posição no ranking das visualizações mais frequentadas no Blogue.
Não sei explicar a que se deve esta atracção tão insólita e improvável, sobretudo, pela intensidade.
Mas aqui fica registada, para que conste.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Aditamento : ainda no rescaldo de leitura da correspondência Camus / Casarès


Muitos dos nossos ódios de estimação são difíceis de explicar. Viscerais e, muitas vezes, puramente instintivos, sem fundamento concreto e racional, para os outros.
Na troca de correspondência entre Camus e Casarès, ressaltam várias antipatias expressas. Maria Casarès refere várias vezes a escrita pretensiosa de Margarite Yourcenar e o tédio que está a sentir, bem como a dificuldade que está ter com a leitura de Memórias de Adriano. Curiosamente, já René Char, grande amigo de Camus, antipatizava muito com o estilo literário da escritora belga...
Quanto a Albert Camus, ele expressa, depreciativamente, a pobreza dos diálogos de Georges Simenon.
Para memória futura, aqui ficam estes dados e sentimentos negativos que me parecem injustos. E meramente emocionais.

Curiosidades 71


Ler correspondência amorosa alheia tem qualquer coisa de devassa ou de pecaminoso, muitas vezes. Entrar numa intimidade apaixonada, faz-nos sentir culpados dessa intrusão importuna, que os amantes, se fossem ouvidos antes, por certo não permitiriam e achariam, no mínimo, despropositada e deselegante.
Pois, tenho vindo a ler Correspondance / 1944-1959 (Gallimard, 2017) que compreende as cartas trocadas entre Maria Casarès (1922-1996) e Albert Camus (1913-1960), no decurso da sua relação amorosa. Mais ancoradas no real, as missivas de Casarès, mais intelectuais, as de Camus.
Não farei transcrições de sentimentos, nem de derrames emotivos. Mas, no decurso da leitura, apercebi-me que havia apenas referência a um nome português, aliás gralhado: Amalia Rodriguez (sic). Essas linhas elogiosas surgem na página 1067, em carta de 24 de Abril de 1956, de Camus para Maria Casarès.
Passo a traduzi-las:

"Sábado, a Virgínia tirou-me da sonolência 1) para ir ouvir Amalia Rodriguez cantar fados no Olympia. Admirável criatura, poética, apaixonada, e eu vim de lá completamente conquistado. É preciso comprar os seus discos. Mas faltará uma presença, que é a sua!"


com os maiores agradecimentos a MR.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Divagações 136


Dificilmente um suicídio se explica, ou justifica. Menos ainda por uma única razão, como Albert Camus defendia, apoiando a hipótese de que a imolação própria é originada por mais do que um motivo pessoal.
Após o suicídio de Sylvia Plath (1932-1963), o marido, também poeta, Ted Hughes (1930-1998), directa ou indirectamente, foi acusado, nos meios intelectuais ingleses, de ter sido o responsável moral pela morte da mulher, que tinha abandonado, pouco tempo antes.
O facto de ter destruido parte do diário da Mulher, corroboraria o sentimento de culpa. Com o tempo, porém, esta ideia de culpabilidade indirecta foi-se atenuando, tendo ganhado força o aspecto de Sylvia ser dada a depressões e, já anteriormente, se ter tentado suicidar.
A recente publicação da correspondência da poetisa coloca novas hipóteses. O penúltimo TLS (nº 6031), em relação ao livro, e, numa recensão de Hannah Sullivan, obriga a repensar o assunto, reforçando com peso, ambas as possibilidades e motivos.
A pergunta mantém-se, por isso: porquê o suicídio?
O mistério rodeia sempre este acto humano capital. Se somos capazes de ensaiar razões bastantes para o suicídio de Camilo, já a morte de Antero de Quental, por exemplo, deixa-nos em quase total obscuridade. Pelo menos, a mim.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Antecipando os dias que correm


Alguns artistas, pela preclara visão que tiveram do mundo, parecem antever as ameaças futuras que se vão perfilando no horizonte. Atentemos, por isso, nestas palavras proféticas que Albert Camus (1913-1960), ainda que com menos razões do que hoje, aplicou ao seu mundo:

A grande infelicidade do nosso tempo é que, precisamente, a política pretende fornecer-nos, ao mesmo tempo, um catecismo, uma filosofia completa e, por vezes, até uma arte de amar...