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terça-feira, 16 de julho de 2013

Relatividade e diferença de grau


A gente habitua-se a quase tudo e, se não fossem os outros, para medida de comparação, tudo seria ainda mais relativo.
O meu daltonismo é residual, do grau mais pequeno na escala oftalmológica. Tenho apenas dificuldade em distinguir as cores malva, lilás e violeta. O antracite do preto. E mais uns quantos tons intermédios de cores, embora consiga, com alguma concentração visual, identificar o verde-azul, por exemplo.
Mas há coisas a que não me consigo habituar e, muito menos, tolerar. Ontem de manhã, ouvi uma enormidade na TV: um sujeito, que estaria ligado à Fundação António Aleixo (1899-1949), afirmou, convictamente, que o poeta algarvio tinha tanta qualidade como Camões ou Pessoa. É verdade que Aleixo era um repentista notável (provavelmente, seria óptimo em desgarradas...), mas juntava versos, fazia umas quadras interessantes - não fazia poemas, que são outra coisa...
E o grande problema, sobretudo neste país que sempre teve um enorme défice de sentido crítico, é que grande parte das pessoas mete tudo no mesmo saco: junta fazedores de versos com poetas, mistura coloristas de domingo com pintores, publicitários com escritores, e assim por diante.
Cabe-nos bem a alcunha de "país de poetas", porque não sabemos fazer distinção de grau.