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domingo, 13 de julho de 2025

Citações DXVII

 

O pensamento não começa senão por uma dúvida.

Roger Martin du Gard (1881-1958), in Correspondance avec André Gide.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Curiosidades 107



Eu diria que há um ler a tempo, um ler na idade certa, mas também um ler fora de tempo (tarde na idade) ou ainda antes de saber apreciar e compreender convenientemente o que se lê.
Achei por isso curioso que Françoise Sagan (1935-2004) tenha situado três das suas leituras mais importantes, da e na juventude, assim:

- Les Nourritures terrestres, de André Gide, aos 13 anos.
- L'Homme révolté, de Albert Camus, com 14 anos.
- Les Illuminations, de Arthur Rimbaud, aos 16 anos.

Leituras precoces, no meu entender. Mas que cada um faça o seu juízo, ou avive a sua experiência pessoal...

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Bons conselhos de Simenon


A Bíblia, Montaigne, Gide, Stendhal são algumas indicações de Georges de Simenon, para boas leituras.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Humor Negro 16

François Miterrand (1916-1996) era um grande apreciador de pequenas histórias (para além da História), de ironias subtis, de casos insólitos, que se divertia a contar aos amigos e próximos. É dele, contado a Franz-Olivier  Giesbert (Le Vieil Homme et la Mort,* Gallimard, 1996, pg. 128), o seguinte episódio relacionando o romancista católico François Mauriac com o recém-falecido, também escritor, André Gide.



Ora, segundo Miterrand, logo após a morte de Gide, Mauriac teria recebido um telegrama com os seguintes dizeres, que passo a traduzir: "Não há inferno. Podes estar descansado. Avisa o Claudel. (Assinado: André Gide.)"

* obrigado, H. N.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Citações CDXXXI


As adolescências demasiado castas fazem as velhices dissolutas.

André Gide (1869-1951), in Journal, 1889-1939.

domingo, 23 de junho de 2019

Pequena história (56)

Em grande parte das corporações,  no seu interior, existem alguns ninhos de lacraus, que segregam um humor corrosivo, mas original...


No seu Journal, Julien Green (1900-1998) refere que André Gide (1869-1951) lhe teria dito de Paul Claudel (1868-1955), que ele "era um cavalheiro que achava que poderia ir para o céu em carruagem de primeira classe."


Cerca de 4 meses depois Claudel, ao saber dessa tirada de Gide, terá retorquido : "Esse Gide bem poderá ir para o inferno, de metropolitano."

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Glosa 11


No seu livro Souvenirs de la Cour d'Assises, André Gide (1869-1951) refere:
Desde sempre os tribunais exerceram sobre mim um fascínio irresistível. Em viagem há, sobretudo, quatro coisas que me atraem numa cidade: o jardim público, o mercado, o cemitério e o Palácio de Justiça.

Se o turismo funerário está hoje na moda ( que o digam o Père Lachaise e o Cemitério de Praga ), os tribunais não creio que tenham sido, alguma vez, motivo de particular atenção para os turistas. Se alguns homens têm especial apetência pelos cafés e algumas senhoras se derretem pelas pastelarias (infâncias amargas?), o turista vulgar gosta sobretudo de sentir as ambiências e surpreender os costumes das cidades ou vilas estrangeiras.
Eu confesso a minha fraqueza pelas livrarias e museus, mas, quando vou a Barcelona, não resisto a dar uma volta por La Boqueria...

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Do que fui lendo por aí... (13)


Por uma daquelas razões singulares, ou coincidência frutuosa, encontro-me a ler, em locais diferentes, dois diários da mesma época (1939-1945), escritos por dois intelectuais (Gide e Jünger), em França. Se nas notas do ocupante alemão predomina uma atmosfera de tranquilidade, apenas interrompida por alguns sonhos perturbantes, que ele descreve ao pormenor, nas palavras sobre o dia a dia do francês ocupado (Gide) perpassa uma fina angústia que o leva a abordar circunstâncias dramáticas do passado (curiosamente, ainda hoje actuais), sobre a liberdade. Vou assim dar a palavra ao escritor francês, em dois pequenos extractos:


"... Os judeus, também, de oprimidos se transformaram em opressores, como sucede, parece que necessariamente, logo que as convicções religiosas contam com o apoio do poder - digamos ,simplesmente, se têm poder. ..."
...
"... Texto da excomunhão pronunciada contra Spinoza, a 2 de Julho de 1656: «Que ele seja amaldiçoado dia e noite... Que Deus não possa nunca perdoar-lhe. Ordenamos que ninguém tenha comércio com ele, por palavra ou por escrito, que nunca ninguém lhe dê mostras de amizade, dele se aproxime ou habite sob o mesmo tecto, que ninguém leia nenhuma obra escrita ou composta por ele."
...


André Gide (1869-1951), in Journal - 1939-1949 (Pléiade. 1955).

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Gide sobre Simenon


No seu Diário, a 13 de Janeiro de 1948, André Gide (1869-1951), após ter acabado a leitura de um romance de Georges Simenon (1903-1989), escreve as seguintes notas pessoais:

Acabado de ler Touriste de Bananas, um dos menos conseguidos de Simenon. É uma pena, porque ele desperdiça um tema surpreendente; por precipitação, e, poder-se-ia dizer: por impaciência. As personagens de Simenon têm muitas vezes um interesse psicológico e ético profundo; mas insuficientemente expresso, como se ele não se desse conta da sua importância; ou como se ele esperasse ser compreendido apenas por meias palavras. Mas também é por isso que ele me atrai e retém. Ele escreve para «o grande público», sabemos. Mas até os sofisticados e mais exigentes podem encontrar-lhe interesse desde que o tomem a sério. Porque ele faz reflectir e por pouco não atinge o melhor da arte; quão superior ele é em relação a esses romancistas maçudos que não nos provocam a graça de um pequeno comentário. Simenon expõe um facto particular, de interesse geral talvez. Mas defende-se de o generalizar: isso é um problema do leitor.

André Gide, in Journal 1939-1949 ( Bibliothèque de la Pléiade, 1955).

sábado, 24 de outubro de 2015

A par e passo 150


Eu vivia completamente arredado da literatura, puro de intenções naquilo que dizia respeito a escrever para ser lido e, por isso, em paz com todos os leitores, quando, por volta de 1912, Gide e Gallimard me convidaram para reunir e imprimir alguns poemas que eu tinha feito vinte anos atrás e que tinham aparecido em diversas revistas dessa época.
Fiquei espantado. Não pude mesmo deixar de pensar, insistentemente, neste pedido que não se tinha orientado para com alguma coisa que tivesse sobrevivido no meu espírito e em que houvesse ainda algum tipo de sedução remanescente. A lembrança muito vaga dessas pequenas obras não me era agradável: eu não sentia qualquer espécie de ternura por elas. Se, algumas delas tinham agradado bastante, na altura, e num pequeno círculo, esse tempo e esse meio tinham desaparecido, como também o meu próprio estado em relação a elas. Além disso, eu não ignorava, embora não tivesse acompanhado, minuciosamente, o percurso e os destinos da poesia, por essa época, que o gosto já não era o mesmo: a moda tinha mudado.

Paul Valéry, in Variété V (pg. 79).

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Recomendado : vinte e quatro - Correspondência Gide / Simenon


A correspondência entre escritores é, muitas vezes, uma outra forma de "literatura", ou desinteressante, pela pose para a posteridade, do estilo, e da falta de naturalidade destes diálogos escritos. Não é o caso deste "...sans trop de pudeur" (Carnets omnibus, 1999), correspondência entre Georges Simenon e André Gide (1938-1950), onde a curiosidade do velho escritor questiona a verdade do neófito das letras e criador de Maigret. Gide, aliás, cedo elogiou a qualidade da escrita de Simenon.
Levo, este livro emprestado, a 3/4 do fim, estou a gostar, e dá para avaliar o interesse da obra. Não fosse eu, também, um incondicional de Georges Simenon. De destacar uma carta de Janeiro de 1939, em que o romancista belga explica a Gide a génese do seu trabalho e a criação das suas personagens. Mas também uma outra missiva, extensa, de 18 de Janeiro de 1948, escrita de Tucson (USA), onde Simenon fala, com grande abertura e "sans trop de pudeur", da sua vida amorosa.
Fica, portanto, a recomendação feita.

com agradecimentos a MR.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Divagações 5



"Sempre acreditei que o desejo de ser constante comigo mesmo implicava muitas vezes o risco da insinceridade" escreveu André Gide (1869-1951) em Retour de l'U.R.S.S. (1936). Lembro-me, em simultâneo, de uma frase de António Lopes Cardoso (1933-2000), deputado que foi, também, ministro da Agricultura. Dizia ele que "um político que é coerente, repete-se". Estas duas frases, ambas com implicações políticas, revelam uma preocupação de autenticidade, uma ética e noção de princípios que, hoje em dia, importam a poucos. Gide, ao publicar o livro referido acima, foi duramente criticado por ter, no fundo e apenas, uma visão desassombrada e algo crítica sobre a U.R.S.S. de Estaline, onde tinha estado em visita, pouco antes. É sempre perigoso ter razão antes do tempo. Lopes Cardoso acabou por abandonar o PS e é, hoje, um homem quase esquecido. Era um homem que fazia política por convicções. Mas a memória é curta em relação à coerência e privilegia mais tudo aquilo que é politicamente correcto, e ordenado pelos cânones dominantes. O tempo acabou por dar razão a André Gide mas, entretanto, o escritor francês, que teve o Nobel da Literatura em 1947, já tinha morrido.