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sábado, 11 de maio de 2024

A erosão dos nomes

 


Há fenómenos pessoais e humanos curiosos, muitos dos quais estão ligados à memória.
Constato que, dos meus amigos de infância e primeira juventude, retenho os nomes completos inteiramente, enquanto, mais tarde, fixei apenas o primeiro nome e o último apelido. Ou apenas um deles, a menos que a pessoa em si, quotidianamente, ainda me acompanhe no presente.


sábado, 11 de novembro de 2023

Despropósitos



De há muito que o Alentejo primava pela singularidade dos seus apelidos, muitas vezes oriundos de alcunhas que acabaram por se integrar nos próprios nomes, às vezes por distracção de quem os apontava no registo do cartório, aquando do baptismo, como foi o que aconteceu com José Saramago (1922-2010). Assim Catapan e Futre, também.
Mas hoje em dia os despropósitos acabam por ser mais amplos, abrangendo nomes de lojas que quase deixaram de ter nomes portugueses, ou, por exemplo, nomes de ruas (Estrada da Algazarra), de livrarias (Gato Vadio) ou até de vinhos (Abelharuco e Assobio, curiosamente ambos da região demarcada do Alentejo). Mas cuja marca e rótulo não têm nada a ver com o conteúdo.

sábado, 25 de novembro de 2017

Nomes e apelidos


Um apelido, normalmente, cuida-se, cultiva-se e conserva-se. Está muitas vezes colado à pele. Um nome pode ganhar outra liberdade, mas revela também um ADN. E um gosto paterno, normalmente, que a mãe na altura do registo ainda está de cama, quase sempre. Pode indiciar um afecto, cultura, uma tradição familiar, um amor antigo sibilino e secreto. Mas pode vir a ser um anátema, no futuro da criancinha.
E também pode revelar um incrível mau gosto. Não me passaria pela cabeça registar, uma filha que tivesse tido, com o nome de Leonete. Ou Vanessa, a tal vanessinha de que fala o António Variações na sua canção dirigida à Maria Albertina. E isto, porque mesmo tendo-se nascido em Vila Verde, podemos ter sentido crítico e do ridículo, bem como algum mundo mental, para além das telenovelas do costume.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Tratamentos


Tenho verificado, ao longo da minha vida, que, numa relação de serviço sem conhecimento prévio dos intervenientes, o prestador do serviço me trata quase sempre pelo nome e não pelo apelido. Eu tento sempre fazer o inverso, a menos que não conheça o nome de família do indivíduo.
Mais raramente, o meu interlocutor acrescenta o meu nome ao apelido, na conversa. São escassas porém as vezes em que sou tratado apenas pelo(s) apelido(s). E creio que esta impropriedade é genuinamente portuguesa. Porque, lá fora, isso só excepcionalmente acontece, e só depois de alguma intimidade de convivência, seja de serviço ou social.
Sou levado a crer que o facto é resultado de sermos um país pequeno em que tudo parece contíguo. Mas posso estar enganado...

segunda-feira, 31 de março de 2014

Curiosidades 25


Penso que toda a gente, ao longo da sua vida, se cruzou com pessoas de nomes insólitos ou com apelidos extravagantes. Até que ponto esses nomes e apelidos marcaram, para bem ou para mal, a vida dessas pessoas, é que só os próprios o poderiam dizer.
O Alentejo e as Américas, na minha convicção, são lugares onde, por vezes, se abusa em relação à onomástica, muito embora, em quase todos os países, por motivos políticos, religiosos, ou outros, haja nomes em moda, ciclicamente. Foi o caso, em Portugal, de nomes brasileiros, por influência das telenovelas. O que, porventura, indicia alguma falta de imaginação ou um determinado horizonte cultural.
O último "Obs.", sob o apropriado título "Des prénoms qui détonent" refere que, nos Estados Unidos, em 2002, pelo menos 194 bebés, foram baptizados sob o nome de "Colt". E, em França, durante o ano de 2010, 30 criancinhas receberam o nome de "Jihad". E, em Setembro de 2013, houve até uma extremosa mãe que mandou o filho para a Escola, com uma tee-shirt onde se lia, de frente, "Je suis une bombe", e nas costas: "Jihad, né le 11 de Setembre". Um tribunal francês condenou-a a um mês de prisão, com pena suspensa, e uma multa de 2.000 euros.

sábado, 31 de agosto de 2013

Discretear sobre patronímica, com algumas implicações governativas


Nem sempre os nomes e apelidos são felizes. Alguns são ferretes e labéus insólitos que se colam a pessoas, para toda a vida. Há quem, muito justamente, se crisme ou registe em adulto, de outro modo, para escapar a classificações injustas e infamantes, outros...habituam-se. Até dos lugares, vilas ou cidades, há quem se liberte, razoavelmente: os naturais da antiga Porcalhota, transformaram-na na asséptica Amadora, os de Punhete adoptaram o sossegado nome de Constância. Mas se, com os nomes de terras, a resolução do problema é facil, com os nomes e apelidos de família, os casos fiam mais fino.
Atente-se no apelido Futre que significa: bandalho, homem desprezível, sovina. Ou no Cristas que talvez se aplicasse bem a um, ou uma, gerente de aviário; ou até Rosalino, com as suas conotações silvestres e florais, que se poderia aplicar lindamente a um pastor de cabras ou a um jardineiro profissional... Como é que um bebé, uma inocente criança fica logo, desde tenra meninice, marcado por esta irrisão para toda a vida? É, no mínimo, uma injustiça e uma crueldade patronímica.
Além disso, há expressões populares, criadas não se sabe bem como, que desaconselham em absoluto alguns nomes, para baptismo. Lembro-me de três casos, e aqui os deixo para reflexão, a quem goste desses nomes que, sendo ditos, provocam logo sorrisos:
- Isto não é da Joana!
- Ó Barnabé, toca tangos!
- Chamar pelo Gregório.
E haverá mais, decerto...