segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Fantasias



"Os meus planos são feitos com os sonhos dos meus soldados adormecidos." 

(Palavras de Napoleão, referidas em Quando os Robles se Abatem, de André Malraux.)

Carlos Seixas (1704-1742): Keyboard Sonata in A minor No. 65

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Apontamento 145: "Animais e Cidadãos"

 

A revolta interior perante um completo desvario da sociedade actual, que se manifesta na ausência de princípios morais, éticos e de civilidade, procura, por vezes e durante muito tempo, como é o caso, as palavras certas para transmitir o que sentimos de profundo desagrado perante o trilho desviado pelo CAPITAL para a Humanidade.

O título do “post” encontra-se com sinal de citação em função de um artigo de António Guerreiro, no último ípsilon do Público. O autor do artigo coloca, de uma forma simples, pela prioridade da enunciação, o problema actual: primeiro os animais e depois os cidadãos. Era, exactamente, o mote que precisava para o meu texto há muito adiado, à espera de conseguir a contenção para o escrever. Mesmo assim, o rancor não tem contemplações, nem censuras, e não domina a emoção.

 


1 – As duas imagens acima espelham, para quem tenha ainda dúvida, as opções humanamente inaceitáveis de uma sociedade que se diz democrática, a saber, o direito do animal “gato” a ter uma casota, toda catita e até com quintal, financiada pelo erário público, e, por outro lado, o IGLO para seres humanos, que as sociedades MODERNAS – França, etc – inventaram para “abrigar” as pessoas que não conseguem uma habitação condigna ou foram, na maior parte dos casos, despejadas pela mercado do capital que invadiu o universo supremo do direito de cidadania, i.e. uma casa para viver.

2 – Perante o completo falhanço, do ponto de vista da humanidade e civilidade, da sociedade actual em acabar com as pessoas a viverem na rua, assistimos a estes remédios abjectos em vez de colocar as pessoas em casas desocupadas – parece que em Lisboa há 40.000 segundo a nova Vereadora – acabando com um espectáculo degradante por todo o lado nas nossas cidades.

3 – O que vemos, portanto, são casotinhas agradáveis com quintalinho para os gatinhos, IGLOS ou ruas com arranjos inqualificáveis à entrada de prédios com pessoas e seus haveres. Mesmo para uma pessoa sem a falsa compaixão divina de jonês e companhia pergunta-se: santo Deus, perdemos o juízo por completo !

4 – Não falta dinheiro das autarquias para o apoio a ida a veterinários para animais de companhia das pessoas “necessitadas” (?) Estamos a falar de pessoas necessitadas SEM AQUECIMENTO para o bem-estar e comodidade do ser humano ? Pessoas necessitadas são as que encontrei, hoje, num supermercado a perguntar a uma funcionária: “tem uma massa ... (não percebi o tipo que a senhora queria), porque o meu cãozinho só come peitinhos de frango com massa ...” A senhora, sem nenhuma acrimónia, tinha um aspecto remediadíssimo, embora o aspecto exterior se revelaria, como ficou dito, ainda mais composto do que a miséria mental. E a sociedade actual continua a fomentar este tipo de miséria ? Em benefício de quem ?

5 – Não estamos, portanto, como sociedade a contribuir para uma elevação das nossas vivências, privilegiar opções humanas e de civilidade. É isto que me incomoda diariamente para além dos ruídos e sujidades que os animais provocam sobretudo pela incivilidade dos proprietários. Em Lisboa, semana sim, semana não, temos mais burgessos – nacionais e estrangeiros – com cães, a ladrar a qualquer hora do dia e da noite. A falta de educação dos proprietários revela-se pela postura inadequada dos seus animais domésticos. Deviam é ter comprado um monte no Alentejo, porque não nos incomodavam pela sua falta de civilidade.

Sempre tive animais domésticos, em criança, cães e gatos, mas numa casa com quintal e enquadrado num quadro mental e educacional para cuidar deles SEM incomodar a vizinhança. Na certeza, porém, que cada um ficava no seu lugar. PRIMEIRO o pai e a mãe, a restante família e, DEPOIS, o resto do carinho para os animaizinhos, bem comportados e educadinhos como se exigia e se fazia em primeiro lugar aos meninos !

Bons tempos em que a hierarquia ainda trazia benefício de sossego de alma: cuidar dos vivos e domar os animais!

Post de HMJ

sábado, 26 de fevereiro de 2022

De Aznavour para Adamo



"O seu sucesso prova que os cantores sem voz como você e eu ainda têm futuro."

Referido no documentário da ARTE : Salvatore Adamo - Quand je chante, que pode ser visto no Youtube.



Plac-Ti-Plac - Adoniran Barbosa


E porque o Carnaval está próximo...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Desabafo (68)



Já não nos bastava o choramingas do mãezinha caxineiro, e agora vem este artista também a lacrimejar... 
Lá vai Veneza afundar-se ainda mais!


Lembrete 87



Menos atempadamente do que o costume, aqui damos conta da saída do número 15 da revista Electra, referente ao Inverno 2021/22. A temática principal são os números, desta vez.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Apontamento 144: Uma Vergonha para a Humanidade

 


Lembram-se do slogan que se dizia - e agora certamente - com muito mais propriedade: "Comprava uma carro em segunda mão a este homem ?" Agora bem se vê quem lhe compra os carros !

A vergonha maior desta criatura é o facto de se declarar partidário de um partido de paz e concórdia na Europa e entre os homens. Além disso, esqueceu-se - POR COMPLETO - das memórias que recebeu, com certeza como eu, de familiares que viveram a II Guerra Mundial.

É pena que Olaf Scholz tenha que engolir mais este sapo, guloso e oportunista, sem nenhum sentido de responsabilidade e muito menos de razão de estado. 

A reprovação da sociedade amante da paz e concórdia na Europa é que lhe fará o último julgamento. É pena haver mais um socialista a perder o respeito dos cidadãos, que se calhar - pretensamente - dizia defender.

Post de HMJ

Max Bruch (1838-1920)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

O direito das minorias

 

Intrometeu-se uma branca, quase rasteira, por entre as amarelas e vermelhas. Estava no seu direito. Há que respeitá-lo, democraticamente, e não a colher.

Circunstâncias



Em última análise, os livros valem pelo que nos trazem ou pelo prazer que nos dão (ou deram) a ler. Este aparentemente desvalioso livrinho La Casa de Lúculo, de Julio Camba (1884-1962), talentoso gastrónomo galego, controverso acrata e franquista, comprei-o na rua do Alecrim, há cerca de 12 anos. Estava naquilo a que o meu amigo H. N. chamava, por graça, salgadeira, ou seja, a prateleira rente ao chão, onde o Bernardo Trindade punha os livros com preços mais baratos: de 1 ou 2 euros. E deu-me um enorme prazer ao lê-lo.
Pertencera, pelos sinais existentes, ao advogado conimbricense Octaviano Carmo e Sá, que o estimou devidamente e até lhe colou um ex-libris. E eu não tive senão que lhe seguir o exemplo. Não para sublinhar o valor do livro, mas para testemunhar a estima em que o tenho, felizmente, na minha biblioteca.



terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Uma fotografia, de vez em quando... (155)



Não tendo tido a projecção e divulgação de Sebastião Salgado (1944), sobretudo pela multiplicidade dos temas que este foi abordando, o fotógrafo Alécio de Andrade (1938-2003) pode e deve ser considerado um dos grandes artífices da fotografia no Brasil. Dotado de uma sensibilidade polifacetada, formado em Direito e tendo publicado livros de poesia, alguns dos quais premiados, a partir de 1961 dedicou-se principalmente à fotografia.




Fixou-se em Paris a partir de 1964 e integrou a Agência Magnum nos anos 70. Colaborou na revista Elle e em Le Nouvel Observateur. Reconhecidamente considerado um talentoso retratista, deixou-nos impressivos retratos de Alfred Brendel, Dalí, Drummond, Vieira da Silva e Sviatoslav Richter. Curiosa também a sua experiência, depois  publicada em livro, de ter fixado em instantâneos notáveis a reacção, no Museu do Louvre, dos visitantes perante algumas obras de arte.




segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Revivalismo Ligeiro CCCII

Formas de amizade


Às vezes e por coisas minúsculas lembrámos os amigos, que nos foram mais próximos e já desapareceram para sempre. Paisagens que eles nos deram a conhecer, refeições que partilhámos juntos e de ameno convívio em sítios improváveis, palavras que nos trouxeram por materna origem, frases que nunca mais esqueceremos, gentilezas e generosidades em que eles eram únicos.
Se não fosse o António, haveria recantos obscuros do Porto que eu nunca teria conhecido. Foi ele que mos deu a gostar e a ver. Ao lembrar-me de Lavadores e da Afurada, ele veio à minha presença virtual...

Métodos...



"Eu fotografei muitas pessoas rezando nas igrejas... não porque isso me fascinasse. Era prático, elas mal se mexiam."

Sabine Weiss (1924-2021), fotógrafa suíça.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Bibliofilia 195



Acusando o desgaste marcado pelo tempo, este meu primeiro volume do Curso de Litteratura Portugueza trabalhado por José Maria de Andrade Ferreira (1823-1875), veio a ser continuado num segundo tomo (exemplar que está em melhor estado de conservação) por Camilo Castelo Branco (1825-1890), por falecimento do autor inicial, tendo sido editado (1875/6) pela Empreza Litteraria Fluminense, sediada na rua dos Retroseiros, em Lisboa.



Trata-se de uma primeira edição, e estes meus dois exemplares ostentam ex-libris e assinaturas manuscritas de posse de Augusto da Costa, que não consegui saber quem fora. É obra interessante esta panorâmica literária portuguesa, embora a obra seja raramente referida.
Os 2 volumes brochados, semelhantes aos meus, tinha-os à venda a Livraria Trindade (Lisboa), há algum tempo atrás, por 80 euros.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Richter sobre os E. U. A.

 

Em entrevista, tendo sido perguntado ao pianista russo Sviatoslav Richter (1915-1997) por que não ia aos EUA, ele terá respondido:

"As únicas coisas boas na América são os museus, os coquetéis, as orquestras e os filmes... Além disso, teria de voar até lá, e eu não gosto de andar de avião... e então o horrível Inglês que eles falam por lá, detestável."

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Do que fui lendo por aí... 49

 

Não levo muito a sério as descrições de refeições ou receitas surgidas em livros de cariz policial. Mas há que referir o facto de que raramente um detective tem um cozinheiro particular em casa, como é o caso de Nero Wolfe, figura central dos policiais de Rex Stout (1886-1975). Invariavelmente, o detective de ascendência montenegrina, acompanha as refeições, ainda que sofisticadas de Fritz, com cerveja. O que, no meu entender, revela um certo mau gosto de eventual "gastrónomo", provável contágio de quem vive na América, já há muito. Pior seria, no entanto, que acompanhasse com coca-cola, esta refeição que vem descrita na página 151 (capítulo 14), de Crimes em Série (Vampiro, nº 564) que ando, intermitente, a ler há meses. Aí vai:

"Passámos o resto do dia em conferência, exceptuando o tempo para as refeições. As refeições foram deprimentes. Os borrachos marinados em natas leves, envoltos em farinha temperada com sal, pimenta, noz-moscada, tomilho e bagas de zimbro esmagadas, salteados em azeite e servidos sobre uma tosta, regados com geleia de groselha e molho de natas ao Madeira, são um dos petiscos preferidos de Wolfe, geralmente consome três, mas já o vi comer quatro. Nesse dia, eu (Archie Goodwin) quis ir comer para a cozinha, mas não. Tive que me sentar e comer os meus dois borrachos, enquanto ele debicava sombriamente as suas ervilhas, com salada e queijo. A refeição ligeira da noite de domingo foi igualmente má. Ele come geralmente qualquer coisa barrada com queijo e anchovas ou pâté de foie gras ou arenques em molho de natas azedas, mas, aparentemente, o voto incluía o peixe. Comeu bolachas com queijo e bebeu quatro chávenas de café. Mais tarde, no escritório, comeu uma taça de pecans e depois foi à cozinha buscar uma escova e uma pá para limpar as cascas que estavam sobre a secretária e o tapete."

Uma bela salgalhada, sem dúvida! Foi por isso que eu referi, no início do poste, que: não levava muito a sério as descrições de refeições  nos romances policiais.

Era uma vez um escudo...



Aqui ficam as imagens para matar saudades.
Pois, a partir de 28 de Fevereiro de 2022, o Banco de Portugal deixa de  reconhecer os escudos como valor. E de os trocar por euros multinacionais.
Estas notas vou conservá-las, como se costuma dizer, para memória futura.

Citações CDLXXVI

 



Somos jovens quando desejamos que cada dia seja diferente da véspera, velhos, quando se espera que cada ano se assemelhe ao precedente.

Gilbert Cesbron (1913-1979), in Journal sans date (1963).

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Para o dia



Aqui fica, em imagem, esta Suculenta florescida pela primeira vez, que gentilmente me ofereceram... 

Retribuo com frésias que hão-de vir.

Pinacoteca Pessoal 181



Falecido recentemente (25 de Dezembro), o pintor norte-americano Wayne Thiebaud (1920-2021) é reconhecido como um dos precursores da Pop Art. De origem familiar francesa e mórmon, começou profissionalmente a sua actividade como ilustrador, até se dedicar à pintura. Chegou a trabalhar, pelo meio, nos Estúdios Disney.


A II G. G. interrompeu a sua actividade, dedicando-se posteriormente ao ensino. Simultaneamente vem a contactar pintores já conhecidos que vieram a tornar-se futuros amigos, tais como De Kooning, Rauschenberg e Jasper Jones. Temas "alimentares" começam a aparecer na sua obra a partir de meados dos anos 50, como pretensas naturezas mortas, negligenciadas até aí.



A sua primeira mostra importante ocorre em 1960, no Museu de Arte Moderna de San Francisco.
Coleccionador de naturezas mortas de Giorgio Morandi, a obra de Thiebaud não excluiu a paisagem, nem alguns retratos muito expressivos.

com envoi para o blogue Memórias e Imagens, de Margarida Elias, em geminação atrasada.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Eugeniana mínima (7)



Qualquer banal dicionário regista, habitualmente, como significado de vate: "aquele que faz vaticínios; adivinho; poeta." Por outro lado, quem frequenta a poesia de Eugénio de Andrade (1923-2005), deverá lembrar-se que o poeta faleceu a 13 de Junho, segundo alguns, por volta das 3h30 da madrugada.
Não deixa por isso de ser curioso que na sua obra Matéria Solar, publicada em Março de 1980 (25 anos antes da sua morte, portanto), pela Limiar, na página 48, surja este premonitório poema:

36.

Pela manhã de junho é que eu iria
pela última vez.
Iria sem saber onde a estrada leva.

E a sede.


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A querer ser máxima

 
De manhã, saiu-me esta:

Cada revolução acaba por engendrar, quase sempre, novas aristocracias.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Duas picardias de um poeta grego



Nada de puro nem livre pode ver a luz do dia neste país (Grécia); o nosso Sol dá nascença às moscas.
...

Há duas semanas que não pára de chover. Se as teorias ambientais tiverem fundamento, os Ingleses deveriam ter-se transformado em rãs.


George Seferis (1900-1971), in Journées. 1925-1944.

Divagações 177 (seguidas de uma curtíssima antologia)

 

Não se pode dizer que eu seja um entusiasta de prefácios, a livros. Mas aprecio imenso um bom prefácio e que tenha a qualidade adaptada ao conteúdo, enriquecendo-o. Como é o caso da maior parte dos prólogos de Jorge de Sena. Ou de alguns saborosos prefácios camilianos, como esta introdução de A Brasileira de Prazins, com que me cruzei, há pouco. E aqui vai o seu início:

Entre as diversas moléstias significativas da minha vèlhice, o amor aos livros antigos - a mais dispendiosa - leva-me o dinheiro que me sobra da botica, onde os outros achaques me obrigam a fazer grandes orgias de pílulas e tizanas. E, quando cuido que me curo com as drogas e me ilustro com os arcaísmos, arruíno o estômago e enferrujo o cérebro em uma caturrice académica.
Constou-me aqui há dias que a snr.ª Joaquina de Vilalva tinha um gigo de livros vélhos entre duas pipas na adega, e que as pipas, em vez de malhais de pau, assentavam sobre missais. O meu informador denomina "missais" todos os livros grandes; aos pequenos chama "cartilhas". Mandei perguntar à snr.ª Joaquina se dava licença que eu visse os livros. Não só mos deixou ver, mas até mos deu todos - que escolhesse, que levasse. Examinei-os com alvoroço de bibliómano. Eles, gordurosos, húmidos, empoeirados, pareciam-me sedutores como ao leitor delicadamente sensual se lhe figura a face da mulher querida, oleosa de cold-cream, pulverisada de bismuto. (...)


Antonio Vandini (1691-1778)



Lembra Vivaldi. Aliás, contemporâneo de Antonio Vandini.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Da utilidade e do uso



Pagou-se-me amplamente por si, pela muita utilidade e uso que lhe fui dando ao longo dos anos, este Rifoneiro Português que Pedro Chaves editou em 1928, na Imprensa Moderna, da Rua da Fábrica, nº 80, no Porto. O livro terá sido reeditado em 1945.
E não se pode dizer que tenha sido muito caro: Esc. 680$00 - que bem os mereceu!
Talvez cerca de 90%  dos postes do Adagiário(s), com que inicio, habitualmente, os meses no Arpose, foram dele recolhidos, ao longo destes mais de 12 anos de exercício.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Começaram a aparecer...


... as frésias na varanda a Sul. E desde ontem que começaram a abrir. Quer seja pelas alterações climáticas, pelo Inverno excessivamente seco, ou até mesmo pela exposição solar mais favorável da varanda meridional, o que é facto é que vários pés de frésias - planta originária da África do Sul - se preparam para florir em tons brancos, mas também amarelos.



Fazem assim companhia ao limoeiro florido. Só a oliveirinha, da mesma varanda e que foi podada este ano, não deu ainda sinal de si, com folhas novas ou vestígios de pequenos brotos. Ainda vai a tempo, porém.



domingo, 6 de fevereiro de 2022

Apontamento 143: A História de um Rótulo

 


A garrafa, reproduzida acima, terá sido comprada em 2014 ou 2015 em Colónia no supermercado de um grande armazém, tipo El Corte Inglês. O rótulo parece único e especialmente criado, por Andreas Ganther, com motivos e o dialecto colonienses, para a apresentação do vinho em Colónia.

A História de um Rótulo – [Ideia/Conceito: Andreas Ganther/Thorsten Kiss/Marcel  Rahmati]

Vinho: Fabelhaft [Fabuloso] – Douro – Tinto – 2013

Rótulo 1

Rótulo 2

Rótulo 3

Rótulo 4

Rótulo 5

 


 

 





 

 





 

1 – A Constituição de Colónia

1 – Tudo na mesma

1 – O que há de ser

1 – Sempre correu bem

1 – O que acabou, acabou

2 – Nada continua como dantes

2 – [Fabuloso]

2 - [Fabuloso]

2 – Não conhecemos, não precisamos, lixo

2 – Que fazer ?

3 – Fica bem, mas cuidado

3 – Que conversa parva

3 – Queres beber um copo ?

3 – Partes o coco a rir

3 – Ficha técnica do vinho

 

Nota – As Figuras da História são as conhecidas figuras Tünnes e Schäl o [António, o apalermado e o vesgo], falando no dialecto de Colónia, usando máximas muito populares

O vinho foi comprado, há anos em Colónia, num grande supermercado que tinha os vinhos de Dirk Niepoort em promoção, com a presença do próprio.

Post de HMJ

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Mercearias Finas 175

Não creio que seja apenas na Europa ou no mundo ocidental que muitas das relações humanas se consolidem à mesa. O convívio prandial que, às vezes, até ganha forma de periodicidade, fortificando afectos e intimidades humanas, cria com frequência laços duradouros pela vida. Mas também - e é conveniente lembrá-lo - à mesa podem acontecer rupturas definitivas ou, pelo menos, zangas temporárias. Tudo isso me veio à memória, há dias, ao almoçar na Benard, à rua Garrett.


Nem todos saberão que a Pastelaria Benard serve almoços. De cozinha simples, mas bem confeccionada e serviço atento, profissional. Nesse dia, escolhi um Strogonoff de Vitela, com molho de mostarda e cogumelos, que estava muito bem apaladado em dose generosa. E posso acrescentar que fazem umas boas Pataniscas, bem como um Bacalhau à Braz a contento. O bom fabrico da casa levou-me, à sobremesa para um naco de Pudim Francês, delicioso. Acompanhou um Bastardo! branco, com 12,5%, lotado com Fernão Pires e Arinto, a preço justo. Resta-me acrescentar que o ambiente interior da Benard é sossegado e muito acolhedor.


Wim Mertens (1953) : Sappho (2021)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

As palavras do dia (45)



Entre a pesporrência provinciana da citação d'el bimbo, em baixo, e o início da crónica de António Guerreiro, em cima, vai a distância entre a mediocridade demagógica e a reflexão esclarecida. 

Puerilidades


O Google continua a usar iconografia infantil para ilustrar as suas efemérides, aos utentes. No caso vertente de hoje com uns bonecos tipo desenhos animados para anunciar o início dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022. Das duas uma, ou acha que se está a dirigir só às criancinhas ou então o departamento gráfico do Google é composto por elementos com uma idade mental muitíssimo jovem... 
A ver se crescem!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Retro (111)

 

O título poderia também ser: Esquerda unida jamais será vencida...
Trata-se de um desfile de intelectuais de esquerda na Av. da Liberdade, provavelmente em finais dos anos 70, integrando uma manifestação. Não consegui, no entanto, identificar a Senhora, nesta frente unida. Assim se apresentam, da esquerda para a direita: José Saramago, Piteira Santos, ??, Fernando Lopes Graça, Manuel da Fonseca, José Cardoso Pires e Urbano Tavares Rodrigues. (Pelos guarda-chuvas [3] se poderá concluir da ameaça de chuva...)
Bem contentes e confiantes, que eles iam!

Adenda: corrija-se e acrescente-se: a fotografia, de Rui Pacheco, foi tirada durante a Marcha pela Paz, no ano de 1983.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Antologia 9

 

Pouco ou nada frequentada actualmente, com toda a certeza, a poesia de António Diniz da Cruz e Silva (1731-1799) que, na Arcádia Lusitana, se subscrevia por Elpino Nonacriense, e que já teve honras de programa liceal, em tempos antigos, através do seu poema herói-cómico O Hyssope (1802), ainda que fosse apenas parcialmente lido. Nas suas poesias líricas completas, em 6 volumes, podemos ainda encontrar alguns poemas de fino gosto e originalidade, como um soneto, por exemplo, em que descreve uma viagem marítima atribulada (ver Arpose, 1/2/2010, Salão de Recusados VIII: Cruz e Silva), entre Portugal e o Brasil. Foi no Brasil, aliás, que o poeta faleceu. Formado em Leis, foi no País-irmão que colaborou, com outros juízes, no julgamento dos acusados da Inconfidência Mineira (1789), que incluíam poetas e conhecidos seus, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás António Gonzaga e Alvarenga Peixoto.
Mas passemos ao cerne desta Antologia, transcrevendo o início do II Canto de O Hyssope, da edição de 1821, editada em Paris, "na Officina de P. N. Rougeron, Rua de L'Hirondelle, Nº 22". Assim consta:

Reinava a doce paz na sancta Igreja;
O Bispo, e o Deão, ambos conformes
Em dar, e receber o bento Hyssope,
A vida em ocio santo consumiam.
O bom vinho de Málaga, o presunto
Da célebre Montanche, as galinholas,
As perdizes, a rola, o tenro pombo,
O gran'chá de Pekin, e lá da Méca*
O cheiroso café, em lautas mesas,
Do tempo a maior parte lhes levavam;
E o restante, jogando exemplarmente,
Ou dormindo, passavam sem senti-lo.
(...)

* Há edições que trazem: "de Moka".

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Citações CDLXXV

 

Quem quer fazer grandes coisas deve pensar profundamente nos detalhes.

Paul Valéry (1871-1945), in Mauvaises Pensées et Autres (1942,Galimard).

Revivalismo Ligeiro CCCI

Adagiário CCCXXXII



Dai-me mãe acautelada e eu vos darei filha segura. 

(Provérbio medieval)