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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A ara panteísta


O pequeno centro comercial suburbano tinha, em dois dos seus quatro cantos, triângulos côncavos, inicialmente cobertos por um relvado ralo e descuidado. Embora com ressalto, um deles era quase um monturo onde os cães se aliviavam e a rapaziada mais selvagem costumava depositar embalagens vazias daquelas plásticas que contêm guloseimas gordurosas, na boa tradição e causa da obesidade americana e nacional. Mas, pela Primavera deste ano, começou lá a crescer um pequeníssimo jardim...
A mulher, quando vou cedo comprar o jornal, costumo vê-la, quase sempre. Já velha, composta mas com pobres roupas, começa por vasculhar os dois contentores do lixo, com a ajuda de um pau comprido, manejado pelo braço direito, tendo no esquerdo um saco para onde mete pequenas coisas de duvidosa qualidade, e uso, que vai retirando dos contentores. Mas foi ela que começou a plantar o jardim triangular num dos cantos do centro comercial, e onde já nasceram formosas flores.
Depois da pesquisa minuciosa do lixo, a mulher, invariavelmente, dirige-se ao seu canteiro florido. Ajeita algumas hastes de plantas, parece acariciar algumas flores mais juvenis, como algumas mulheres fazem nos altares das igrejas, que estão a seu cargo. Depois queda-se, por uns bons minutos, numa contemplação silenciosa e votiva da sua natureza privada, que, talvez amorosamente, foi criando. E que lhe pertence por direito de tratamento e zelo. Eu passo respeitosamente ao largo, em silêncio que não desperte essa paixão tranquila e comungante com a natureza renascida.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Gatos, gansos e panteísmo

Vai o Arpose, cada vez mais, panteísta, porque é difícil ir resistindo ao verde já raro, que tenta subsistir por entre o amarelo predominante e o castanho escuro do que vai morrendo, o ocre da terra e o azul palidíssimo do céu. Porque, depois, além das pegas gordas que pousam no cocuruto dos abetos, sempre verdes, há os gatos, quase sempre presentes. Uns atrevidos (Thom, a quem eu chamo: Rodrigues), outros ronronando sonolentos e misteriosos; e, ainda, a blandiciosa "Molly" que, noutra mais tenra idade, terá sido agressiva e valquiriana, q.b..
Mas tenho, absolutamente, que lembrar os gansos. As suas penas macias e pródigas, que nos aquecem, de noite, em édredons levíssimos,  quase celestiais no aconchego e quentura. E, imperdoável seria, eu esquecer, no dia de chegada, a tenríssima perna de ganso, assada, com a inevitável couve roxa saborosa. Troquei as "Knödel" (uma espécie de pequenas bolas de puré), pelas batatas fritas, que prefiro. E, na dúvida, dos vinhos, atirei-me a uma "kölsch", bem fresca, que o restaurante era "cosy", e estava aquecido, como devia.