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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Citações CDLXXXVIII

 


A História é a filosofia ensinada através de exemplos.

Dionísio de Halicarnasso, in Antiguidades de Roma.


segunda-feira, 8 de abril de 2024

Do que fui lendo por aí... 63

 

Nem sempre os números coincidem entre os diversos relatos históricos, mas é sempre importante termos uma ideia do tamanho e proporção das iniciativas. Citando em abstracto Gomes Eanes de Azurara (1410-1474), J. T. Montalvão Machado refere a envergadura da armada para conquista de Ceuta (Agosto de 1415), na sua obra Dom Afonso, primeiro duque de Bragança (1964), a páginas 152, e nestes termos:

"Espectáculo inédito para os lisboetas, devia ser a partida de aquela numerosa e vistosa armada, que contava entre galés, naus,  fustas e pequenas embarcações, nada menos de 242 unidades, segundo dizem alguns historiadores. Azurara não se pronuncia sobre o número de barcos, nem sobre os efectivos que os ocupavam. Já se disse que embarcaram 50.000 homens, mas alguns autores supõem que não deviam ser mais de 20.000 os expedicionários."

quinta-feira, 9 de março de 2023

Ideias fixas 75


Essas luminárias catequistas, que andam por aí afanosamente a tentar reescrever a História (como se isso modificasse o passado...) e a policiar a linguagem de agora, como se de novos inquisidores investidos se tratassem, raramente dão pelo seu rídiculo e falta de racionalidade.
Alguma vez se terão apercebido da enorme incoerência de, nos Estados Unidos, por exemplo, se poder dizer black, mas não negro, e, em Portugal, não se dever usar preto, mas ser permitido e conveniente utilizar a palavra negro?
Não lembra ao diabo, esta cegueira mental destes puritanos de pacotilha...

sábado, 10 de setembro de 2022

Divagações 181


Qualquer acontecimento que altera o curso da História, com o tempo, normalmente, ganha uma moldura própria que lhe vai conferir um enquadramento de seriedade para lá da simplicidade ou crueza inicial dos factos. É aquilo que, em linguagem popular, se costuma denominar por: dourar a pílula...
O antropólogo australiano Patrick Wilcken (1982), autor de Império à deriva (2004), é, ao que julgo, um historiador credível e fiável, com provas dadas. É assim que ele narra, a páginas 282/3, da obra acima referida, o episódio fulcral do Grito de Ipiranga que a 7 de Setembro de 1822 deu início à independência do Brasil. Citando, pois:




"... Havia também instabilidade crescente no Brasil. Numa série de épicas jornadas a cavalo, D. Pedro penetrou nas províncias vizinhas - primeiro em Ouro Preto, em Minas Gerais e depois em S. Paulo - reunindo apoios para o seu governo. E foi no regresso a S. Paulo, depois de uma visita ao porto de Santos, que ocorreu a cena ícone do nascimento do Brasil. Sofrendo de um ataque de diarreia, D. Pedro fez uma paragem não prevista junto de uma ribeira chamada Ipiranga. Aí, enquanto abotoava as calças, recebeu um mensageiro que vinha de S. Paulo com correio urgente. Trazia-lhe uma série de cartas - uma de D. Leopoldina e outra de José Bonifácio, bem como relatórios oficiais das cortes de Lisboa. Lendo tudo, o retrato era claro. Sete ml soldados estavam a ser preparados em Lisboa para seguirem para o Brasil. Tanto D. Leopoldina que se tornara uma apoiante ardente e influente do movimento pela independência, como José Bonifácio defendiam que se tinha atingido o ponto sem retorno. A 7 de Setembro de 1822, D. Pedro arrancou as insígnias portuguesas e atirou-as ao chão. Desembainhando a espada, proclamou: «Independência ou morte! Separámo-nos de Portugal!»"

sexta-feira, 15 de julho de 2022

História e Leste, por palavras de E. M. Cioran



De uma entrevista de Léo Gillet, traduzo sobre os temas em título, a pergunta do entrevistador e a resposta do autor romeno E. M. Cioran (1911-1995):

L. G.: Tem uma outra bête noir nos seus livros, que é a história. A história e você não são grandes amigos...
C.: Não acontece apenas comigo. O pensamento de Eliade é também contra a história. No fundo, todas as pessoas do leste da Europa são contra a história. E vou dizer-lhe porquê. É que as pessoas do Leste, seja qual for a sua orientação ideológica, têm obrigatoriamente um preconceito contra a história. Porquê? Porque elas são sempre vítimas. Todos esses países sem destino do este da Europa, são países que foram invadidos e subjugados: para eles a história é necessariamente demoníaca.

Entretiens, Gallimard, 1995 (pg. 64).

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Do que fui lendo por aí... 47



Para ser verdadeiramente rigoroso, eu deveria ter escrito no título do poste: Do que fui relendo por aí...
Estas monografias que têm, por trás, um trabalho insano de investigação, lêem-se com imenso agrado, por amor à terra e, provavelmente, terá sido pelo mesmo sentimento acendrado que foram feitas. Inicialmente publicadas no Boletim dos Trabalhos Históricos e, depois, em separatas individuais, vieram a ser editadas em 2 grandes e belos volumes, por Maria Adelaide Pereira de Moraes (1930), com o patrocínio da Câmara de Guimarães, em 2001. Por lá se vão desfiando as gestas dos Margarides, dos Costeados, das gentes da Casa de Sezim (que Fonseca e Costa usou para cenário de um dos seus filmes), dos Amarais da Casa da Aveleira...
São estes dois volumes que eu estou a reler, para matar saudades da terra, como diria Gaspar Frutuoso.



sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Últimas aquisições (27)



Talvez seja desta, finalmente...

De há muito que gostaria de ler um biografia isenta e competente do rei Filipe I (1527-1598), de Portugal (II de Espanha). A última que li (Círculo de Leitores/ UC), de Fernando Bouza Alvarez (1960), não me convenceu e foi de leitura decepcionante, por diversas razões.

Ao deparar, usada, com esta biografia elaborada pelo historiador William Thomas Walsh (1891-1949), e editada e traduzida (1968) pela Espasa-Calpe, em volume de 812 páginas, a esperança renasceu-me em vir a ler uma obra capaz e competente, finalmente. O livro, em bom estado, custou-me 12 euros.

A ler vamos...

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Citações CDXIII


A História ensina, mas não tem alunos.

Ingeborg Bachmann (1926-1973), in Malina (1971).

terça-feira, 6 de agosto de 2019

História e diplomacia


Tenho vindo a ler ( a princípio, imaginei que fosse fastidiosa...), com crescente curiosidade e interesse, a correspondência diplomática de J. F. Borges de Castro (1825-1887), representante português na corte de Turim, endereçada para as Necessidades, durante os anos sessenta do século XIX. Esta correspondência diplomática, publicada, termina em 4/10/1870. É uma época crucial para a mini-Itália recém criada, que ainda não tinha englobado o Veneto (pertença ainda do império austro-húngaro) nem os territórios pontifícios de Pio IX. Mas já Garibaldi e os seus guerrilheiros ameaçavam estes últimos.
A correspondência foi coligida e seleccionada por Eduardo Brazão (1907-1987), para a revista Biblos (vol. XXXVIII, 1962), com cuidadosa inteligência. E ocupa 534 páginas da publicação da FLUC.
É também por esta altura (1862) que se começa a tratar do casamento de Maria Pia, filha de Vitor Emanuel II (1814-1878), com o nosso rei D. Luís. E a Itália, apesar de muitíssimo endividada (como hoje, aliás...), ainda ajusta um dote de valor considerável para a nossa futura rainha. Procurando insistentemente o apoio da Prússia e de Bismarck, para equilibrar a defesa aguerrida que Napoleão III, da França, faz do Papa e seus territórios, Vitor Emanuel II desenvolve, cumulativamente, uma rede de contactos com a Rússia e a Inglaterra.
Os relatórios e correspondência de Borges de Castro são de uma meridiana clareza, em todos os aspectos, definindo até as individualidades italianas que deveriam ser agraciadas com comendas portuguesas, por altura do casório régio (dantes como agora, muitas...). E ainda mais umas quantas, quando, 2 anos depois, os reis portugueses vão a Itália mostrar ao avô Emanuel, o seu neto Carlos de Bragança, nosso futuro rei.
Mas o que mais me surpreendeu, foi o retrato que Borges de Castro traça de Garibaldi (1807-1882). Um autêntico antecessor de Che Guevara e já incómodo, na sua irrequietude belicosa, para os políticos conservadores italianos. Um pouco como depois Guevara terá sido, algo incómodo, para Fidel... A história repete-se, com algumas semelhanças, nos comportamentos humanos.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Osmose 101


Já por aqui falei, abundantemente, do meu fastio pela ficção nos últimos anos. No presente, liminarmente excluo de compras ou leituras qualquer obra que se baseie em acontecimentos reais, até porque ainda privilegio, acima de tudo, os factos e a história, originais. E nem sempre gosto de ouvir uma narrativa repetida. Por excelente que seja a imaginação de um escritor, o que ele pode acrescentar são minudências, inverdades, rodriguinhos, palha... Ou, na melhor das hipóteses, uma perspectiva inteligente sob um outro ângulo, sobrando apenas o estilo, se for de qualidade. Da mesma maneira, quase, vejo a inutilidade, para mim nesta idade, do romance histórico, pelo muito que prezo a História. Por aqui passa, superiormente, a noção do Tempo. Que provavelmente, muitas vezes, utilizei no passado de forma perdulária em leituras inúteis, que a minha tenra ignorância protegia e a falta de sentido crítico, ainda desculpava.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Diatribe


Nunca desdenhei confrontar-me com argumentos diferentes dos meus, ou ler coisas contrárias ao que penso, até para fortificar melhor as minhas convicções ou esclarecer as minhas justificações, ao tomar partido por um dos lados das questões, de forma mais reflectida.
Foi o caso recente, em que perdi umas horas de leitura com um historiador ligeiro e in, que por aí perora, em foruns da especialidade política de jornais online. Que agora é observador e, antes, naturalmente, fora independente.
E cheguei à conclusão que, mal por mal, eu antes preferia as ficções históricas do falecido embaixador Franco Nogueira. Que sempre tinha mais consistência. E outro estilo literário e razões de casta...

sábado, 7 de julho de 2018

Do que fui lendo por aí... 20


Quem frequenta a História, e com ela convive, conhece com certeza a expressão: "É fartar, vilanagem!", atribuida ao Conde de Avranches (1390-1449), pouco antes de morrer, seguindo o seu amigo das sete partidas, Infante D. Pedro (1392-1449), que antes falecera no desenlace trágico da batalha de Alfarrobeira.
A frase não estará correcta, porém. Assim como correm incorrectas as últimas palavras de Sidónio Pais, ao ser baleado à saida da estação do Rossio, em Dezembro de 1918. Perpetuou-se o dito: "Morro bem. Salvem a Pátria!", em tom épico. No entanto, corrigida por algumas testemunhas presenciais, a frase de Sidónio foi muito mais prosaica: "Não me apertem, rapazes!"
Quanto ao Conde de Avranches, e em abono da verdade, o melhor será dar voz ao licenciado Gaspar Dias Landim, na sua Crónica do Infante D. Pedro, que assim narra os últimos momentos do grande amigo de D. Pedro:

"... O Conde de Abranches, causa desta destruição, depois de por bom espaço ter pelejado e feito grande damno nos d'El-Rei (D. Afonso V), e tendo já recebido algumas feridas, vendo-se cançado, fraco e já desfallecido, tornou à sua tenda, e pediu de comer e ahi soube da morte do Infante (D. Pedro), dizendo logo que nunca Deus quizesse que elle lhe faltasse da promessa e voto que tinha feito de morrer com elle; depois de ter comido  e bebido, se tornou à batalha contra os d'El-Rei, que andavam encarniçados em dar mortes, e se lançou entre elles, fazendo algum damno, como vinha de refresco; mas tardou pouco que cahisse atravessado de muitas lançadas e feridas mortaes, e em lugar do doce nome de Jesus, que naquella ultima hora lhe podera ser de grande bem, acabou com estas palavras: Ora fartar, rapazes, e vingar, villãos." (pg. 114).

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Histórias de reis


Creio que foi em 2005 que, sob o patrocínio da Universidade Católica e coordenação de Roberto Carneiro, teve início  uma colecção que traçava a biografia individualizada dos 34 reis portugueses. Cada rei teve o seu biógrafo, normalmente um historiador conhecido e competente. Dos poucos livros que li, elegeria a biografia de D. João II, como a mais curiosa, e o volume sobre Filipe I (de Portugal) como o menos interessante. Seja como for, neste particular, Portugal foi pioneiro.
Por volta de 2015, e sem preocupações de ordem cronológica de publicação, uma editora inglesa começou a lançar no mercado as biografias dos reis da Grã-Bretanha, intitulando-se a colecção: Penguin "Monarchs". Estavam previstos 45 volumes. Que têm vindo a publicar-se.
Mais recentemente, ainda, foi publicada, em França, a vida do gaulês Vercingétorix. E outras biografias, ao que parece, irão surgir. Não sei se noutros países europeus estará a acontecer o mesmo.
Nestes tempos de globalização e internacionalismo militante, em que prezar as coisas nacionais, para alguns, não deixa de ser vergonhoso, considero os factos atrás referidos como um sinal muito curioso e contracorrente.

terça-feira, 8 de maio de 2018

História e ficção


Ainda não consegui reconciliar-me com a ficção. Tenho andado pelo ensaio, pelos livros de crónicas,  história, poesia. E ando a ganhar balanço para tentar, pela enésima vez, ler o À la recherche..., de Proust, na tradução de Mário Quintana, da Livros do Brasil, em sete volumes. Chegarei lá?
Entretanto, e de empréstimo, vou a meio de Um herói português - Henrique Paiva Couceiro (2006), de Vasco Pulido Valente. O autor, seria escusado dizê-lo, tem uma prosa apetecível. De bom ritmo, frase curta e sugestiva, português escorreito. Pena o livro não ter um glossário sobre termos africanos.
Convém lembrar que VPV colaborou no guião ou argumento de vários filmes portugueses: O Cerco (1970), Aqui d'El Rei (1992) e O Delfim (2002). O que talvez explique a sua tentação de ficcionista.
Daí, possivelmente, um episódio (pg. 14) picaresco, narrado por Pulido Valente, em que Paiva Couceiro terá disparado 5 tiros, no Chiado, contra um tal Luis León de la Torre Faria, só porque esse indivíduo o tivera roçado no ombro e lhe dirigira uma frase injuriosa.
Ao que parece, no entanto, a história real teria sido ligeiramente diferente. O Luís León dera um ligeiro encontrão na irmã, Carolina, de Paiva Couceiro e este, então com 19 anos, dera 2 ou 3 murros no atrevido, e não 5 tiros... Por isto foi julgado em conselho guerra e condenado a 2 anos de prisão.
Que lhe foram comutados e abreviados, pouco depois, por decisão superior.
De qualquer forma, não convém baralhar história com ficção.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Glosa 10


Hoje, no jornal Público, Rui Tavares dedica, a propósito da Catalunha, o seu texto de crónica à singularidade de Portugal ser o único (?) país europeu de fronteiras definidas, desde longe, e sem quaisquer tentações de derivas centrífugas, dentro do seu território.
Realmente, foi bom termo-nos arrumado em 1249, através das últimas conquistas de praças algarvias (Faro, Loulé, Albufeira...), por parte do nosso único rei bígamo, D. Afonso III (1210-1279). Mas não devemos esquecer o sábio D. Afonso X, de Leão e Castela, que, generosamente e num gesto de avô babado, desistiu das pretensões ao Reino dos Algarves, a favor do jovem príncipe D. Dinis, seu neto. Pelo tratado de Badajoz, em 1267.
Ora, imagine-se que D. Afonso X não tivesse tido esse rasgo de generosidade familiar... Ou, até mesmo, que algum Filipe castelhano e futuro se lembrasse de reclamar da defenestração abusiva do colaboracionista Miguel de Vasconcelos, nos idos de 1640... Lá tinhamos o caldo entornado.
Por agora, mais vale esquecer Olivença, assim como a pouco lembrada tomada de Madrid e Salamanca, pelo nosso valoroso Marquês das Minas, em 1706. Mais vale ficarmos calados e aconchegados neste nosso pequenino rectângulo peninsular, quase milenar e sossegado...


domingo, 27 de agosto de 2017

Por entre Bibliofilia, História e Filatelia


Criada em Jerusalém, por volta dos anos de 1080/90 da nossa era, a Ordem de Malta foi chamada, ao longo dos séculos, sucessivamente, Ordem de S. João de Jerusalém, do Hospital ou dos Hospitalários, até ser conhecida apenas pelo nome da ilha mediterrânica onde se instalou a sua sede e o seu Grão-Mestre residente. De 1722 até 1736, ano da sua morte, a Ordem de Malta foi presidida pelo português António Manuel de Vilhena (1663-1736), a quem o Abade de Vertot, em 1726, dedicou a sua monografia monumental, em 7 volumes, que se tornou rapidamente um best-seller: em 1885, a obra contava já 123 edições, em várias línguas. A minha edição (capa em imagem), de 1761, é a segunda, em língua francesa, e foi comprada em finais do séc. XX.


O nome de António Manuel de Vilhena é hoje lembrado numa rua de La Valletta e ainda agora é considerado como um dos mais importantes Grão-Mestres da Ordem. Foi o terceiro  português Grão-Mestre - o primeiro era filho bastardo do nosso rei Afonso Henriques. Filho do conde de Vila Flor, um dos grandes combatentes da Restauração, António Manuel de Vilhena tem, em Malta, um sumptuoso jazigo em que se encontra inumado, bem como uma estátua que testemunha a sua memória ilustre, reconhecida pelos habitantes da Ilha.



Pelo menos, desde o século XX, a Soberana Ordem de Malta tem emitido selos. Decerto, inicialmente, apenas na categoria de vinhetas, que acompanhavam, para efeitos de propaganda, a franquia postal de correspondência, em alguns países europeus, onde tinha representação.
A má língua refere que, em Portugal, a grande maioria dos cavaleiros de Malta é composta por bancários e sucedâneos. Os banqueiros eram mais da Opus Dei...
Voltando aos aspectos meramente filatélicos, posso ainda informar que, desde 1967, a França, pelo menos, aceita esses selos da Ordem de Malta, na correspondência nacional, e certifica-os com poder de franquia.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Núncios e Cardeais


Tem-me sido de grande proveito a leitura que venho fazendo dos Estudos Históricos, de Luíz Teixeira de Sampayo (1875-1945), livro de que falei aqui, a 16/2/2017. Especialmente, naquilo que diz respeito às relações de Portugal com a Santa Sé.
Fiquei assim a saber o que é o Direito de Exclusiva, que nos irmana, em importância, nos Conclaves, à Espanha, França e Áustria. Esta prerrogativa não escrita, mas sempre respeitada, permitia a Portugal vetar a eleição de algum Cardeal a Sumo Pontífice. Luíz Teixeira de Sampayo informa também que o duplo título de Bispo-Conde de Coimbra, vem do tempo de D. Afonso V, para titular de Arganil, de um eclesiástico que era tão bom a batalhar como a rezar e a cumprir os preceitos da Igreja...
As regras maiores entre a Santa Sé e Portugal ficaram, no entanto, mais bem regulamentadas no reinado de D. João V. A partir daí é que o bispo português, ao ser nomeado para Lisboa, passava automaticamente a Cardeal. Também os núncios apostólicos, após terminarem o seu mandato como embaixadores, em Portugal, da Santa Sé, eram elevados, tradicional e seguramente, ao cardinalato, pelo Papa.
Uma espécie de prémio ou recompensa, muito longe ainda de haver as offshores...

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Citações CCXCVIII


A História é algo que nunca aconteceu, escrita por um homem que não estava lá.

Anónimo

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

De vez em quando, faz bem pensar...


Desenganem-se os malévolos primários e coscuvilheiros, que eu não vou votar na Marisa. Embora me pareça uma candidatura dignificante, mesmo com a sua juventude e voz rouca, capaz...
Apesar de tudo, não deixo de ser um conservador esperançado na segunda volta das presidenciais.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Da Janela do Aposento 61: Uma lição de História



O seguinte excerto faz parte de “Uma Descrição de Portugal em 1578-80”, constante do livro acima reproduzido. A tradução, para Português, do manuscrito italiano ocupa as páginas 127 a 245, com o título Ritratto et Riuerso del Regno di Portogallo. Para a lição de hoje, a matéria é a justiça.


“A justiça é administrada por processos difíceis e por gente grosseira e não bem disposta, porque não são admitidos a magistrados os bons cidadãos, as pessoas competentes, imparciais, exemplares e justas, mas somente certos doutorzecos, na maior parte ignóbeis e desconhecidos que como vêm a ter o freio nas mãos, querem antes fazer-se conhecer pelos males e pelas extorsões que praticam – parte voluntariamente, parte por não saberem mais – do que pela recta aplicação da justiça e que, quando acham (embora injustamente) ocasião aparente para maltratar alguma pessoa honrada, então parece que atingiram a glória e o trono, ainda que para a nobreza a justiça não corra igual.”

Post de HMJ