terça-feira, 30 de agosto de 2022

Adenda a Filatelia CXLIX e aviso à Sra. Dª. Rosa P.

 À última da hora, surgiram-me impedimentos pessoais inadiáveis que não me permitem comparecer ao encontro amanhã, Quarta-feira, em Lisboa.

As minhas maiores desculpas pelo incómodo!

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Vicenzo Galilei (1520-1591)


Nota: uma pequena curiosidade, V. G., compositor italiano e tocador de alaúde, era pai do astrónomo Galileo Galileo (1564-1642).

domingo, 28 de agosto de 2022

Uma fotografia, de vez em quando... (162)



Fulvio Roiter (1926-2016) nasceu e morreu em Veneza, cidade italiana de que deixou inúmeros registos visuais bem sucedidos. Editou cerca de um centena de livros de fotografia, tendo recebido, em 1956, o prestigiado Prémio Nadar, pela sua obra Ombrie. Um tema recorrente dos seus instantâneos é o contraste entre a nitidez (proximidade) e o vago da neblina de uma certa desfocagem (da distância).




De Veneza, do Brasil à Andaluzia, passando pelo Algarve, Fulvio Roiter deixou-nos alguns belos e significativos testemunhos que justificam que aqui o recordemos.




sábado, 27 de agosto de 2022

Tradução, segundo Agustina



Toda a tradução simplifica uma relação amistosa; a palavra precisa de ser registada no coração, para poder ser transmitida.

Agustina Bessa-Luis (1922-2019), in Caderno de Significados (pg.45).

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Osmose 126


Em qualquer viradeira há sempre uns quantos  sujeitos melífluos, aparentemente neutros, que se prestam ou oferecem, como intermediários, para assegurar uma tranquila, pacífica transferência. Uma vez efectuada, afastam-se ou são exonerados. Têm perfil diplomático, politicamente são o que se conhece como centrão. Os cínicos chamam-lhes vira-casacas, quando benevolentes.
A nível de comércio interno (ou grandes superfícies) lembro-me de alguns, depois do PREC: um, baixinho, que se assinava Mathias, de Tomar, e outro, de apelido Almeida e Silva, insinuante de nins, que fez carreira em altos cargos de retalho maior. Com perfil idêntico, eu creio que podemos encontrar criaturas semelhantes em quase todas as áreas profissionais. São pau para toda a colher, em busca de benefícios fáceis...

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Os Trabalhos e os Dias 15: Ketchup caseiro

 


Na sequência do post anterior constatei que já não havia na nossa ocharia ketchup, nem caseiro, nem industrial.

Procurei uma receita antiga, mas, no meio de tanto papel metido em diversos livros de cozinha, nada encontrei.

Ajudou-me a consulta na internet e cheguei ao blogue de receitas, com uma sugestão parecida ao ketchup preparado anteriormente: http://paracozinhar.blogspot.com.

Ora, com os tomates coração lá comecei a minha lida, seguindo a receita

Passados ca. 45 minutos, já estava a tomatada pronta para reduzir tudo a uma massa espessa e enfrascar.

Tudo ficou pronto em frascos como se vê acima.

Para o jantar, o despenseiro ainda encontrou umas salsichas para  provar o ketchup com uns cachorrinhos acompanhados de pão.

Post de HMJ

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Nacional parolismo


Houve um tempo, aqui atrás, em que três dos nossos plumitivos consagrados rumaram a países extravagantes em busca de inspiração para escreverem um livro. Um caxinense chorão foi até à Islândia, outro escriba acocorado rumou até à Coreia do Norte e, finalmente, o mais conceituado foi-se à Índia.
Vamos ser justos, Eça também andou pela Inglaterra, Cuba e Paris de França. Embora diplomaticamente.
Soube, há pouco, que um dos nossos jovens publicistas, de piercing, ia rumar ao Camboja. Que não lhe faltem motívos, estupidez natural e leitores acríticos. Porque é disto que se faz a boa fortuna de algumas editoras nacionais, amadoras e oportunistas.

Revivalismo Ligeiro CCCVIII

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Miscelânea (10)



Ousaria dizer que Anselmo Mendes, enólogo que produziu para a marca branca do P. D. um vinho Alvarinho, não terá sido criado e habituado a esta casta ibérica setentrional. O monocasta que fez para essa grande superfície só me lembra o dito pela indicação do rótulo. Mas a verdade, para além do sabor que não é o tradicional, pouco mais sei dizer para esclarecer esta minha atrevida afirmação.
Acontece que nem tudo, na nossa vida ou atitude, conseguimos explicar racionalmente.  

Ramos Rosa (1924-2013) e Fernando Echevarría (1929-2021), não há muito falecidos, foram dois dos mais prolíficos bons poetas portugueses. Mas se, do primeiro, a partir de O Livro da Ignorância (1988) comecei a ficar saturado do seu estilo de poesia, de Echevarría consigo e continuo ainda a lê-lo com algum entusiasmo e gosto natural.
Atente-se, por exemplo, neste pequeno poema:

Anoitecemos. Em nós o que se muda
é, não o que se perde
de claridade e nubla, 
mas o que, anoitecendo, se esclarece.
E esclarecer a noite em que nos suma
o sentimento agudo de perder-se,
amanhece na sombra, como se uma
vidraça abrisse ao mar sobre o que desse. *


* in Poesia, 1980-1984 (pg. 62).

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Mercearias Finas 181



Não fora a vernissage, a que nos convocámos, do restaurante outrabandista, com um bife da vazia, em tábua, e batatas fritas caseiras, acompanhadas por um alentejano Dona Maria tinto 2017 (Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet e Aragonês), puxavante nos seus 14,5º embora já domado e macio, e os filetes de pescada, já temperados, teriam sido o almoço de Domingo. Assim, esperaram até hoje, escalpelados que tinham sido pelas mãos atentas e sapientes da Leonor. Voltando atrás há que destacar, na sobremesa, uma refrescante mousse de lima, com uma framboesa a coroá-la e um raminho de hortelã, da anterior refeição suburbana, que estava uma delícia requintada.
Vieram-nos assim à mesa do almoço, hoje, quatro filetes de pescada atlântica e um pequeno acrescento que, além do arroz de pimentos e salada mista, foram acompanhados por um fresco Alto Pina, de Pegões, produzido pela sabedoria enológica de Jaime Quendera. Que lotou as castas Fernão Pires com Verdelho e Antão Vaz no ano da graça de 2021, nos seus 13º bem comedidos e saborosos. Rico almoço!

Passagens (Máxima?)


A quebra de transmissão de know-how, seja na área profissional pela pouca importância dada ao valor cultural ou patrimonial anterior, seja na área da sequência familiar, por dissolução de relações, conduz a espaços obscuros de ninguém e a perdas irreparáveis, mas também a faltas de memória. Históricas?
Não sei se o progresso, ou a sua falta, passam por aqui... Mas a ignorância humana vem daí, certamente.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Os Trabalhos e os Dias 14: Dicas e Receitas

 


Este ano tenho encontrado mais tomate coração [de boi]. Os exemplares dos tomates na foto acima vieram da Praça hoje de manhã. Falando com a senhora da banca de frutas e legumes, D. Irene deu-me uma dica excelente. Em vez de fazer massa de tomate, como já aqui no blogue referi no passado, ela disse-me para cortar o tomate coração aos quartos, pôr em saquinhos e guardar no congelador para um arroz caldoso próximo.

Assim fiz e tenho a certeza de que o arrozinho sairá bem, proximamente, com o coração de boi a enriquecer o acompanhamento.

Para os meus trabalhos de culinária recebi mais um livro de receitas. Desta vez muito especial, dedicado às “mãezinhas das bonecas”, como se pode ver acima.

E falando em tomate, junto uma receita para MR. Sabendo que ela gosta de ovos, cá vão uns ovos mexidos com um “capuchinho vermelho”! Tenho a certeza de que MR consegue ler a instrução e fazer uns ovos mexidos apetitosos.

Post de HMJ, dedicado a MR

Tiques e poses para inglês ver


É notório, mas talvez nem todos reparem. Mas a língua viperina e camaleónica (duplamente) do MEC precisa de vir à tona (neste caso, fora da boca), ciclicamente, quando fala. Bem como o seu lado pretensamente tartamudo. Não sei se também expele perdigotos como o ex-ministro Amaral (Mira), mas o facto revela a mediania da sua educação, com rebordos britânicos...

Uma afirmação (talvez) descuidada



O que faz deste livro uma leitura agradável e compensadora é provavelmente o facto de Agustina ser uma grande registadora de fragmentos, em prejuízo de obras de maior fôlego ou de escrita corrida.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Cadê os revisores?



Será que a Impresa pode pagar ao Osório um ordenado chorudo, mas não tem dinheiro para pagar a 1 ou 2 revisores competentes, eventualmente o salário mínimo, para evitar gralhas clamorosas no jornal Expresso?
Esta última incongruência veio no obituário do jornal editado em 22/7/22.
Afinal em que ficamos: 1949 ou 1943? Para data de nascimento da Ivana Trump. É que 6 anos são muita coisa... E o Araújo que se cuide! Para historiador exige-se mais rigor. E, em último caso, que pague um revisor do próprio bolso, para reler os seus obituários e corrigi-los, se for preciso. 
Evita, pelo menos, estas ligeirezas de amador diletante...

Filatelia CXLIX



Não é todos os dias que recebemos uma remessa desta dimensão (em imagem fica apenas uma parte) composta por selos para a minha colecção. Maioritariamente da Alemanha, há também selos usados da Áustria, Eslovénia, Estados Unidos, França, Portugal... Agora, há que metê-los na água morna, para descolar, com 3 ou 4 pedras de sal, para não desbotarem as cores. Depois, secar e arrumar. 
Grato reconhecimento a R. J., que teve a lembrança e os enviou!

Críptica


Em matéria de conúbios vergonhosos, há excepções que nos confortam, pela rara e impoluta informação jornalística que tem a coragem de denunciar as negociatas sujas, evitando que se concretizem.
Abortaram, felizmente, o caciquismo venal de medina com o figueiral figueiredo e o astronauta Douro-TVI desistiu dos milhões da CEE, porque o barulho foi muito...
Deus haja: nem sempre o mal compensa ou triunfa!

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Divagações 180



Cidades há que têm um encantamento natural e próprio. Para não dizer: magia. Até para reis (D. João II, D. Manuel I...) Ainda há dias, no seu Memórias e Imagens, Margarida Elias dedicou a Évora uma série de fotografias, testemunhando assim a sua beleza indesmentível. Eu fui lá, pela primeira vez, aos 20 anos, e foi simpatia instantânea. Lá comi, em estreia, a primeira Sopa à Alentejana. E de lá trouxe um pequeno, rústico prato pintado à mão, com a imagem de um ceifeiro. Objecto a quem dedico, ainda hoje, um particular afecto. Até em memória da cidade.



voltei há pouco pelas palavras de Vergílio Ferreira, em Conta-Corrente 1 (1972, 18 de Fevereiro):
"Regressados de Évora. Foi agradável, como sempre, a estadia em casa dos Silvas. Compareceram os Brancos e os Charruas. Só não compareceu o passado. E foi por ele que lá fomos." (pg. 109)

domingo, 14 de agosto de 2022

Em louvor



Não posso deixar de me congratular com o regresso à vida e começo de recuperação de Salman Rushdie (1947).
Em oposição ao rato do esgoto que o esfaqueou.
As crenças, em criaturas apoucadas, são muitas vezes um factor pernicioso e motor animalesco de acção.
E, embora não seja leitor do escritor, achei que devia tomar posição

A propósito de...


Tudo tem a sua brevidade, embora não pareça. A eternidade é a metafísica talvez dos infelizes bem intencionados e crentes. Mas também um lenitivo para as almas mais simples que desesperam, às vezes.
Livros, pedras, amigos que parecem imutáveis, todos têm o seu termo e desaparição. E três gerações bastam, quase sempre, para o esquecimento dos nomes de sangue antecedentes, a menos que célebres.

sábado, 13 de agosto de 2022

Citações CDXL



É salutar desempenhar o papel de mau no ecrã. Tal como no poker, gastamos parte da nossa maldade.

Jean-Louis Trintignant (1930-2022).

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Excepções afortunadas


Há dias com sorte. Da última vez que tirei sangue, para análises, fiquei com um hematoma no braço, que levou uma semana a desaparecer. Hoje de manhã, foi uma maravilha: a enfermeira quarentona era competentíssima: rápida, eficaz e indolor na sua prática clínica. A recolha nem marcas deixou.
Entretanto, e no táxi de regresso a casa, o motorista tinha música ambiente suave de som e de bom gosto, próxima do clássico. Por entre a sua escolha de melómano, notei Samuel Barber, pelo meio. À despedida, ao pagar, agradeci-lhe o gosto musical, porque nunca tal me tinha acontecido.
Não é todos os dias que os deuses nos protegem do caos e chungaria que nos cerca, habitualmente...

Dar notícia



Não sendo dos meus escritores portugueses preferidos, há que referir que o jornal Le Monde (1/7/22) dedicou uma página inteira ao lançamento do último livro de A. Lobo Antunes (1942), em tradução francesa, de La Dernière Porte avant la Nuit, em versão de Dominique Nédellec. A recensão crítica ao romance, de Florence Noiville, é francamente favorável ao romancista português.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Sem título

 

Não se espere da poesia séria a extrema verdade inteira
nem que, por outra linguagem, o interior das coisas venha à tona,
ou a imagem duvidosa e vaga dos seres se revele.
Há um tempo que espera por si.

Concretos são os astros verdadeiros à distância
e as pedras submissas, silenciosas aguardando na margem
que algum rio da terra dê por elas e as leve
alegres para sempre, até ao mar.


Sb., 8/8/2022.

sábado, 6 de agosto de 2022

Apontamento 146: Atar e pôr ao fumeiro

 


Ora, aqui está o livro de que falava MR aquando do falecimento da autora Maria de Lourdes Modesto (1930-2022). Desde ontem que um exemplar já faz parte da biblioteca de culinária, com estantes sempre acessíveis na cozinha.

O avanço na leitura já deu para escolhar o repasto de Domingo. A decisão foi rápida, porque no abastecimento da "ucharia" constava um frango caseiro do campo, comprado há dias no talho da nossa praça.

Pois, então, devidamente preparado como manda a autora, lá está o frango de Tandoori no frigorífico.


Fica para depois a apreciação final. Oxalá a cozinheira consiga dar conta do recado, já que a explicação da autora é, como sempre, exemplar.

Post de HMJ

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Impromptu 62



Do Me duele España, de 1923, cunhado por Miguel de Unamuno (1864-1936), até ao Madrid me mata, de origem anónima creio, usado para caracterizar a Movida madrilena, medeiam cerca de 50 anos.
Não creio que os portugueses tenham aplicado tanto sentimento na prática nacional, como os espanhóis.
Será que são mais discretos ou envergonhados?

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Osmose 125



É minha convicção, de há muito, que um (bom) poeta pouco produz de qualidade, na velhice. Haverá raras excepções, como talvez Herberto Helder mas mais pelo registo diferente ou insólito dos poemas dos últimos livros, em relação ao estilo anterior a que estávamos habituados, seguramente.
Ora, em Conta-Corrente 2 (1977-1979), Vergílio Ferreira (1916-1996) vem em meu socorro, corroborando a minha ideia, parcialmente e de algum modo, ao escrever: "...E contei que a Simone de Beauvoir, no seu livro La Vieillesse, e segundo as estatísticas, dá os limites da criatividade em cada sector cultural. Assim o pintor é quem dura mais, pintando praticamente até à idade mais avançada; o matemático e o físico cessam pelos trinta e poucos anos, o romancista acabará aí pelos sessenta mais ou menos." (pg. 18)

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Ler, segundo Agustina



Ler exige recolhimento, uma ociosidade adequada, num gosto de anonimato que não se pode dizer que seja louvado.
(...)
A sociedade não se organizou no sentido de fazer do leitor um património cultural. Aquele que lê modera as leis da imbecilidade, que é o mesmo que dizer as leis do mal.
(...)  
Ler e educar são coisas inseparáveis. A leitura é um movimento ginástico em que participam o coração e o cérebro. E porque não as veias sujeitas à esclerose precoce?
...

Agustina Bessa-Luís (1922-2019), in Caderno de Significados (pgs. 24/5). 

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Desabafo (69)


Andam por aí umas rémoras, que nem chico-espertos serão, a aproveitar os blogues dos outros para fazer publicidade aos seus. Os seus comentários são indigentes e repetitivos, mas há quem não repare, talvez por ser distraído ou, não tendo memória, lhes vá respondendo, cerimoniosamente. Os blogues dessas criaturas martelam rimas a fingir de versos... Não tenho pachorra nem caridade para os aturar: apago-os logo que dou por eles. Há que tentar manter um mínimo de dignidade, no meio de tanto lixo produzido na net.

Citações CDXXXIXL



A experiência dá-nos a conhecer que tudo o que é incrível nem sempre é falso.

Cardeal de Retz (1613-1679), in Mémoires.

Revivalismo Ligeiro CCCVII

Adagiário CCCXXXIXL

 


Em meados de Agosto calcula-se o mosto.