O bom tempo veio renovar o
meu plano de conhecer melhor os “cantos à casa”, ou seja, descobrir ou
revisitar alguns espaços de Lisboa.
Ontem aproveitei o Dia do
Trabalhador para conhecer o novo Campo das Cebolas, de que tinha visto algumas
imagens aquando da recente inauguração. Antes de chegar ao novo espaço de
lazer, olhei, com alguma atenção, para a Igreja da Conceição Velha, reproduzida
acima, porventura o momento mais agradável do passeio.
Na Baixa não se pode
transitar e cada vez se compreende menos como uma cidade tão cheia de gente
ainda admite uma ocupação selvagem do espaço público, que resta, com toda a
qualquer bestialidade de feira: vendas de produtos duvidosos, momos e fazedores
de ruídos, já que nada têm de arte, estética ou gosto. Tal como as hordas de
trogloditas, vindas de cavernas, que são os únicos a pararem e tirarem as fotos
para mostrar aos remediados da sorte que ficaram em casa.
Toda esta impressão
monstruosa alcança o seu auge quando se olha, da Igreja da Conceição Velha para
o fundo da rua: UM MONSTRO a entrar pela cidade adentro.
Quase não tive vontade de
avançar e prolongar o meu passeio. Olhei de soslaio para o renovado Campo das
Cebolas, cheio de gente a rebolar-se pela relva. Nem quis ver o novo Terminal
dos Cruzeiros, porque a monstruosidade dos paquetes a entrar pela cidade
adentro é, no mínimo, obscena. A quantidade de gentinha que vem em cada uma
destas “bestas de poluição”, como lhes chama uma amiga minha, ainda contribui
mais para o completo congestionamento do trânsito.
Da antiga Estação Sul-Sueste caminhei à beira
Rio, não em passeios, mas no meio da rua, porque já não havia espaço para circular.
Alcancei, com desconforto, a praça junto ao Cais do Sodré para apanhar o meu
autocarro, tentando fugir aos sons, em altos berros, que umas criaturas
resolvem emitir livremente, ocupando o espaço público de forma selvagem e limitando-me
no meu direito de passear livre e SOSSEGADAMENTE pela cidade.
Post de HMJ