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domingo, 28 de abril de 2019

Shakespeare, outra vez?


O penúltimo TLS (nº 6055) consagra a Shakespeare 11 das suas 40 páginas.
E eu fico pasmado como é que estes ingleses ainda conseguem produzir, com inovação e qualidade, novos estudos sobre o seu maior dramaturgo. E com regular frequência.
As comparações são quase sempre despropositadas, mas eu arriscaria dizer que seria o mesmo que a Colóquio-Letras ( JL e a Ler estão muito abaixo da qualidade do TLS), ciclicamente, abordasse a obra do nosso Camões, com estudos inovadores e originais. Se nos anos 50/70 tivemos uma pléiade de sérios e competentes académicos e ensaístas (Pimpão, Costa Ramalho, Aguiar e Silva, Jorge de Sena...) que estudaram Camões, hoje, os nossos professores universitários de Humanidades parece que meteram todos a viola ao saco...
Tudo isto me faz pena. 

P.S: chamo a atenção para o elegante grafismo da capa deste TLS, representando Hamlet.

domingo, 7 de abril de 2019

Eugeniana, mínima (3)


Nota pessoal:
sabem alguns, do cuidado que Eugénio de Andrade (1923-2005) punha na reedição dos seus livros. Das revisões apuradas que exercia sobre poemas antigos, quando não da monda a que procedia eliminando alguns, que entendia menores. Melhor exemplo não há, do que ter rejeitado, quase por inteiro, os seus três primeiros livros (Narciso, Adolescente e Pureza), de que veio a republicar salvando, revistos, apenas 10 poemas, num conjunto que denominou: Primeiros Poemas.
Comprei, há dias, um velho número da Colóquio-Letras (nº 6, de Março de 1972) que inclui 2 poesias do poeta de Obscuro Domínio. Tudo me leva a crer que o primeiro poema (na imagem) não veio a ser aproveitado na sua obra futura, talvez porque o considerasse de qualidade menor. Quanto ao poema que, na colaboração para a Colóquio, intitulou Viagem, viria a alterar-lhe o título para Brindisi (Escrita da Terra, 1974), suprimindo apenas as 2 vírgulas, que existiam no dístico original.

sábado, 23 de março de 2019

Recomendado : setenta e oito


Não será uma novidade, porque esta Colóquio-Letras (nº 200) já saiu há algum tempo, mas porque é dedicada, maioritariamente, à celebração do centenário do nascimento de Jorge de Sena (1919-1978). E ainda por conter três cartas inéditas, imperdíveis, do poeta de Fidelidade, para Gastão Cruz (1941). Que as apresenta como só ele sabe e poderia fazer.
Recomendo, e não digo mais nada.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Tiro no escuro...


Quando um bom poeta morre e dele sabemos que não virão mais poemas, só nos resta relê-lo ou ler sobre ele. Por isso, quando vi, na FNAC, a Colóquio, cuja temática principal era sobre Alexandre O'Neill (1924-1986), mesmo sem a folhear, agarrei no volume e, com um livro de W. G. Sebald (Campo Santo), dirigi-me à caixa, para os pagar.
E só não recomendo a Colóquio, por princípios enraízados,  devido ao facto de a não ter lido ainda. 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Recomendado : setenta e um


Herberto Helder (1930-2015) terá guardado apenas 2 cartas, das que Ramos Rosa (1924-2013) lhe enviara. Este conservou, se não todas, uma grande parte da correspondência que H. H. lhe remetera. Algumas destas missivas constam da Colóquio-Letras (nº 196), saída recentemente.
Não me parece que a importância delas sobreleve o interesse de uma carta que Herberto Helder dirigiu a Eugénio de Andrade (1923-2005), e que eu arquivei no Arpose, em 22/11/15 (Herberto / Eugénio), mas, para quem se interessa por Poesia, vale a pena ler esta correspondência.
Por isso a recomendo.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Eugeniana, mínima


A revista Colóquio, propriedade da Fundação Gulbenkian e que, de 1959 até 1970, abarcava conjuntamente temas de Artes e de Literatura, em 1971, cindiu-se em duas, de modo a privilegiar melhor uma vocação mais especializada. Este primeiro número da Colóquio-Letras, saido em Março, inclui, entre outras colaborações, 2 poemas de Eugénio de Andrade (1923-2005), acompanhados de um desenho de Dordio Gomes (1890-1976).


Não sendo dos seus poemas maiores, na minha modesta opinião, Eugénio de Andrade viria a inclui-los nas reedições (aumentadas) da obra Mar de Setembro que fora, inicialmente, publicada em 1961 e, sucessivamente, reeditada. Em 1990, o livro contava já 8 edições.
Contrariamente ao que lhe era habitual, o Poeta manteve, passados 19 anos, a versão original do poema "Alba", que aparecera na Colóquio. Quanto a "Tema e variações em tom menor", veio a reduzir-lhe o título para "Variações em tom menor", e apenas substituiu, no último verso um substantivo: morte pura por chama pura.
Assim ficou a versão definitiva.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Uma perspectiva transversal da literatura portuguesa, de Óscar Lopes, a propósito de Aquilino


A sistematização ampla de sintomas e a caracterização geral do perfil e temáticas, que pontuam e definem a literatura portuguesa, são raras. No entanto e do meu ponto de vista, a análise a que Óscar Lopes (1917-2013) procede, ao abordar a obra de Aquilino Ribeiro (1885-1963), na Colóquio-Letras 85 / Maio de 1985, parece-me uma exemplar sinopse. Daí a transcrição, que faço a seguir, de um excerto nuclear das palavras de Óscar Lopes:

"...Outro exemplo, e esse é que faz ao caso, é o seguinte: há na literatura portuguesa uma grande carência de tudo o que seja expressão exuberante da simples alegria de viver, de viver, viver, mesmo apesar e através das maiores agruras ou tragédias. A saudade e a tristeza são o grande emblema da nossa lírica e da nossa novelística, e já contra elas se levantava D. Duarte, que tinha costela inglesa. Ver os grandes dramas individuais ou colectivos como uma grande festa para os olhos, para os sentidos, para o corpo e para a inteligência, para a inteligência e para a fantasia, não é típico da atitude literária portuguesa, embora, evidentemente, ocorra aqui ou além em Fernão Lopes, Gil Vicente, n'Os Lusíadas e na Peregrinação de Mendes Pinto. A atitude literária portuguesa típica é a de meditar sobre as razões de se ser triste, sobre as contradições do nosso contentamento descontente, sobre o além (ou a ausência causal) de todas as nossas insatisfações. Tipicamente, o poeta ou ficcionista português não se permite um espectáculo, um conflito, um enredo, sem a competente retórica justificativa, sem que tudo isso sirva de pretexto a um encarecimento, uma apologia, uma lição de doutrina ou moral. A alegria em estado puro e ainda por cima bem consciente de si, a perfeita reconciliação com a natureza de que nascemos ou da natureza que connosco se descobre e refaz, ou seja, aquilo a que se chama o naturalismo do Renascimento, ou o aspecto por assim dizer solar (e não lunar) do naturalismo do séc. XIX, o próprio saborear da vitalidade humana a contas com as misérias e prepotências do mundo, tal como se espelha na novela picaresca espanhola, pode dizer-se que tudo isso irrompeu em força, e subitamente, nas letras portuguesas com Aquilino Ribeiro, e com uma exuberância ou diversidade de manifestações que contrasta com a raridade dos hossanas portugueses ao Sol, com o coro quase geral dos poetas da lua e da sombra, salvas poucas e pouco variegadas excepções em que, ao tempo de Aquilino Ribeiro, uma geração antes e outra geração depois, eu destacarei CesárioVerde, Almada-Negreiros e Miguel Torga. ..."