Sabedoria
Aprende a estar só, e a dizer
Adeus, às coisas que se afastam.
Deixa-as ir, supérfluas... Recolhe-te
À pobreza das coisas que te bastam.
Não te apegues à névoa dispensável
Nem ao cómodo torpor do que te é dado.
Mas canta, como um rio que não sabe
Se canta para si ou é escutado...
Estende à beira-nada o teu poema,
Vai cantando sòzinho o que é verdade,
E deixa-te invadir pela bondade
- A sabedoria íntima e suprema.
João Maia, in
Abriu-se a Noite (1954).