segunda-feira, 25 de março de 2013

De um poeta esquecido - João Maia (1923-1999)


Sabedoria

Aprende a estar só, e a dizer
Adeus, às coisas que se afastam.
Deixa-as ir, supérfluas... Recolhe-te
À pobreza das coisas que te bastam.

Não te apegues à névoa dispensável
Nem ao cómodo torpor do que te é dado.
Mas canta, como um rio que não sabe
Se canta para si ou é escutado...

Estende à beira-nada o teu poema,
Vai cantando sòzinho o que é verdade,
E deixa-te invadir pela bondade
- A sabedoria íntima e suprema.

João Maia, in Abriu-se a Noite (1954).

8 comentários:

  1. João Maia é um poeta de plácida e rigorosa harmonia. Era Jesuíta e muito pouco dado a mundanidades. Ainda se lê muito bem, numa linha que chegou até José Tolentino Mendonça.
    Terá que ser: bom dia, Isabel!

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  2. Muito bonito. Não conhecia este poeta. Mais uma coisa que aprendi aqui, no Arpose. :-)

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  3. É sempre um prazer partilhar as coisas de que gosto, Sandra.
    Um bom resto de semana, para si!

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  4. Tenho algumas coisas do José Tolentino de Mendonça e gosto.
    Será que há à venda obras de João Maia? Vou procurar, porque gostei.
    Obrigada.
    Bom dia!

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  5. Obrigada, igualmente. :-) A ver se este frio passa.

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  6. Livros novos, só se for em velhas livrarias com fundos antigos. Mas, em alfarrabistas, a procura será mais frutuosa, com certeza. João Maia publicou 2 livros na colecção de Poesia da Moraes: "Écloga Impossível" (1960) e "Um Halo de Solidão"; na Soc. de Expansão Cultural, também na colecção de Poesia: "Areia e Silêncio" (1972). Fora as obras iniciais: "Abriu-se a noite" (Critério, 1954) e "Verbo do Verbo" (1957). Creio haver também um livro recente (já séc. XXI) impresso em Braga, que reúne grande parte da poesia de João Maia. Boa sorte na procura!

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    Respostas
    1. Estive a ver no site Wook. Há dois títulos de João Maia, mas estão esgotados. Um deles é uma edição da APPACDM de Braga. Vou tentar pedi-lo para lá.
      Vou apontar estes títulos e perguntar na Lumière. Muito obrigada!

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