Através do vidro da sala, que dá para a varanda, olho, em frente, melancólico para a rua quieta de luzes amareladas (cenário ideal para um romance flamengo de Simenon) e impaciento-me, no que me resta de juventude poupada, com a teimosia deste tempo invernoso, sorumbático e pesado. Chove, e parece chover por quantas nuvens desfeitas hão-de vir. Nem sequer a reflexão, que o recolhimento propicia, me consola. Não fossemos, nós portugueses, filósofos medíocres e ligeiros, e desta clausura forçada sairíam obras-primas. Mas, desta oblíqua melancolia, talvez que, em remotas mansardas ou escritórios climatizados, estejam a ser escritos maravilhosos e líricos poemas lusos. Talvez nem tudo se perca...
Mas, isto, é o menos. Porque antes de filosofar, há que viver - assim o diziam os antigos. E a nossa agricultura vai de rastos. Os cereais não puderam ainda ser semeados e, quanto às batatas, com a terra alagada e ensopada de água, nem vale a pena pensar. E, soube há dias, por um Amigo, que a caça de pêlo não procria assim, em terreno húmido. Coelhos bravos e lebres, pelo menos, capricham e só acasalam em terreno seco. Por isso, também as coutadas vão atrasando a renovação das próximas vítimas. A desolação começa a tomar o aspecto de catástrofe. Primavera virgem e inocente, nas mãos deste velho e perverso, sabido Inverno que lhe não dá espaço, nem lugar.
É um Inverno que já cansa!
ResponderEliminarBoa noite!
Pois é, Isabel, e parece que se vai manter.
ResponderEliminarBoa noite!
Hoje nevou por aqui. Nem queria acreditar quando vi...
ResponderEliminarHoje, amanheceu com sol, felizmente. Vamos ver até quando...
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