Passam hoje 100 anos sobre o nascimento de Jorge de Sena, em Lisboa, a 2 de Novembro de 1919.
A adolescência ou é atrevida e irreverente ou não será autêntica juventude. Da maturidade, há que esperar alguma recatada e avisada prudência, como é natural.
Foi assim que, há 49 anos, em Março de 1970, eu tive a ousadia de me dirigir ao catedrático e poeta, na altura radicado nos Estados Unidos, e informá-lo de umas traduções, em castelhano, de 5 poemas de Cavafy, feitas por José Ángel Valente*, que não constavam da bibliografia** do livro 90 e mais Quatro Poemas de Constantino Cavafy (1970), que Jorge de Sena (1919-1978) publicara pouco antes (Editorial Inova, Porto).
A resposta foi rápida e o agradecimento generoso. Mais tarde, acabei por enviar a Sena cópia dos poemas traduzidos por J. Ángel Valente. Que o Poeta veio também a agradecer, numa segunda carta, que consta do arquivo do Arpose, em poste publicado a 2 de Novembro de 2010. E por aqui ficou a nossa breve troca de mensagens. Esta primeira carta mantive-a inédita, a pedido (1989) de Mécia de Sena (1920). Hoje, julgo que nada justifica não a tornar pública.
Sendo que me parece a melhor forma de lembrar e de homenagear Jorge de Sena, neste centenário do seu nascimento, através das suas palavras, ainda que escritas.
* insertas na Revista de Occidente, nº 14, Madrid, Maio de 1964.
** na segunda edição do livro (Centelha, Coimbra, 1986), a bibliografia foi acrescida do trabalho de José Ángel Valente, de que eu tinha informado Jorge de Sena.