Cada tempo tem as suas modas, os seus exemplos e os seus ídolos. Cada época escolhe os seus ícones e consagra, nas suas aras votivas, os seus corpos e nomes. Escolhe aqueles ou aquelas que hão-de pernoitar num fugaz, sempre, panteão da memória.
A nossa época, e num meio mais ou menos lido e feminino, escolheu para culto dois nomes indeléveis: Frida Kahlo e Clarice Lispector. Numa declaração de interesses, devo dizer que são duas celebridades que não me entusiasmam. Mas - serei polémico - ao dizê-lo: interessam imenso às Mulheres do meu tempo.
Observando vários blogues femininos, verifico que a pintora mexicana e a escritora ucraniano-brasileira são um must, quase sempre referido e reverenciado. Claro que há nomes de segunda linha: Virginia Woolf, Anaïs Nin, Irene Lisboa, Josephine Baker..., mas ficam muito longe do acrisolado culto feminino de que as duas primeiras gozam.
Se eu conseguisse perceber e explicar esta devoção, teria compreendido a alma feminina. O que, modestamente confesso, não é o caso.