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quarta-feira, 10 de maio de 2023

Recomendado : noventa e sete



Não posso afirmar seguramente que George Orwell (1903-1950) seja um dos meus escritores ingleses preferidos, mas também é verdade que li com algum agrado e facilidade os 3 ou 4 livros de sua autoria que me passaram pelos olhos. Este Ensaios Escolhidos (Relógio D'Água, 2016), que o meu amigo H. N. me emprestou, em boa hora, terá bons e menos bons capítulos, mas também se lê muito bem. Ressuma sobretudo autenticidade e clareza da leitura na abordagem dos diversos temas tratados.
Depois, fala de algumas verdades simples ("Quando dizemos que um escritor está na moda, quase sempre estamos a dizer que é admirado pelas pessoas com menos de trinta anos.", pg. 44) ou expressa com sinceridade o seu gosto ainda que subjectivo ("O facto de nos ocorrer sequer colocar estas perguntas mostra a estatura de Gandhi. Podemos sentir, como é o meu caso, uma espécie de aversão estética por ele, ..."  pg. 409). De Orwell retive de memória, também, a fina ironia de apelidar  o poeta W. H. Auden (1907-1973) de "marxista de salão". 
Daí esta minha recomendação do livro.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Citações CDLVII



O grande inimigo da linguagem clara é a insinceridade. Sempre que há um espaço entre os verdadeiros objectivos e  os fins declarados efectivamente, o autor socorre-se instintivamente de longas e exaustas palavras (...) Mas se o pensamento corrompe a linguagem, a linguagem também corrompe o pensamento.

George Orwell (1903-1950), in  Politics and the English Language (1946).

domingo, 30 de dezembro de 2018

Citações CCCLXXXVI


Se a liberdade significa realmente alguma coisa, é termos o direito de dizer às pessoas aquilo que elas não querem ouvir.

George Orwell (1903-1950), in The Freedom of the Press (1945).

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Efemérides, bizarrias e géneros, em jeito de miscelânea (literária)


Passando, em Julho (18) próximo, o bicentenário da morte da morte de Jane Austen (1775-1817), os ingleses preparam-se para celebrar condignamente a romancista. O TLS já lhe vai dedicando algumas páginas, e lá colhi a indicação de que se, enquanto vivo, Walter Scott (1771-1832), seu contemporâneo, era o favorito dos leitores britânicos, a constância nas reedições das obras de Austen, ao longo dos anos, tem sido muito mais regular na venda das novelas da romancista inglesa, em comparação com os romances históricos do escritor escocês. Pelos vistos, a mulher ganhou ao homem, neste particular. Anunciam-se, entretanto, vários estudos e edições anotadas dos livros da novelista.
Mas não são só os meios literários que se agitam. Uma empresa de bebidas, sediada em Bath, pôs à venda, em tiragem de apenas 1.000 garrafas, um Gin, com rótulo alusivo a Jane Austen, em que a escritora pisca o olho ao comprador... Ao que parece, a Senhora não era abstémia.
Mas isto dos géneros tem que se lhe diga. Li, há dias, já não sei onde, um comentário que pode ser considerado algo machista, do romancista inglês George Orwell (1903-1950). Dizia ele sobre a obra de Joseph Conrad (1857-1924), polaco naturalizado britânico, que: "um dos mais seguros sinais do seu génio é que as mulheres não gostam dos seus livros." 
Será?


para MR, apreciadora da obra de Jane Austen.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Citações CCLXXVII


Aos 50, cada um tem a cara que merece.

George Orwell (1903-1950), in Notebook.

terça-feira, 11 de junho de 2013

A inocência perdida e o "irmanzão"


O horizonte na Outra Banda, visto daqui, é ainda róseo e azul. Harmonioso na altura das casas e nas elevações: apenas o castelo de Palmela se destaca, dominante, sobre o casario ribeirinho.
Pensarão alguns, mais despreocupados e desatentos, ou apenas ingénuos, que especulo, imagino demais, que penso obsessivamente sobre a inexplicável caridade (poste "Generosidades, com alguns pontos..." de 27/5/2013) dos linquedins, dos feicebuques, dos gugles, dos iáús e quejandos. Na sua criação e origem, muito embora muito mais sofisticados, têm as mesmas razões amorais da Stasi, do KGB, da Pide. E a mesma ética de devassa nojenta.
O quixotesco, mas corajoso Edward Snowden veio dizer, preto no branco, que estes rios poluídos, desaguam as suas informações sobre nós, repito sobre nós, na foz ampla das  CIA & Cias. Mesmo que sejamos inofensivos e impolutos cidadãos. É este o mundo em que vivemos, queiramos ou não. Snowden anda fugido, nós clicamos, neste momento, no computador... Orwell ri-se do além, por ter tido razão antes do tempo. 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Generosidades, com alguns pontos de exclamação (a mais?)


A net oferece-nos tanta coisa que, às vezes, quase fico comovido com tanta generosidade!...
Basta eu ser mais canhestro e, subliminarmente, passar ao de leve pelo myspace, e logo aparece a imagem de uma jovem cantando, qual sereia de Ulisses, a oferecer os seus serviços prestimosos.
Se clico, eventualmente, num vídeo que o Youtube me recomenda, logo ele, servil, me abre um formulário, para eu preencher com os meus dados pessoais, dizendo que assim me vai facilitar os seus serviços de audição - fico desvanecido, emocionado, quase com tremuras nos dedos...
Depois, há um robot americano, palavroso em comentários, como quase todos os estandardizados ianques rurais que não cresceram, que me enxundia, quase diariamente, de parvoeiras propagandísticas, um velho poste que fiz sobre Dino de Laurentiis. São obcecados, estes americanos! E parvos. Tenho que pô-lo, higienicamente, no spam. Mas ele regressa sempre, na sua estupidez mecânica e natural...
Finalmente, há um Google dedicado e persistente que, diariamente, visita este modesto Blogue para, como cego arrastão acrítico, recolher tudo do fundo do mar, para arquivo em moldes CIAticos. Mas que de segurança!, meu deus. 
Santo Orwell, como tinhas razão! Muito antes deste nosso tempo devassado. (Olha se eu me tenho inscrito no feicebuque!?... Valha-nos Santa Isabel da Hungria ou de Portugal! Para o caso tanto faz, como dizia Gedeão)

sábado, 16 de julho de 2011

Orwell revisitado: uma mera curiosidade


Há cerca de 2 horas, o motor de busca do Google (em Mountain View), na sua infinita gentileza e atenção, clicou no arquivo do Arpose, as 20 últimas entradas sobre agências de ratos. Para exterminá-los?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Mercearias Finas 9 : Trufas



Desta vez, socorro-me de um livro, para abordar uma delícia comestível. E, mais uma vez, recorro a Julio Camba (1882-1962), esse galego de escrita elegante, de verbo bem disposto, grande conhecedor da gastronomia deste mundo. É um capítulo inteiramente dedicado às trufas, que traduzi do castelhano, e que pertence ao livro de que tenho vindo a falar: "La Casa de Lúculo...". A única actualização que se poderia fazer ao texto de Julio Camba é que, hoje em dia, para além de cães de faro e apetite fidalgos, também se usam suínos treinados, na procura das terrenas e divinais trufas. Orwell que nesta data (25 de Junho) nasceu, em 1903, exclamaria, com propriedade e direitos de autor, é o "triunfo dos porcos"!; mas vamos ao texto de Camba:
Aquele que nunca comeu uma trufa assada em cinzas de carvão de azinheira, ou cozida ao vapor de um vinho respeitável, não sabe o que são trufas. A trufa é o produto mais misterioso e mais prodigioso da terra. Não se pode cultivar nem colher, e há que caçá-la, saindo para o campo, com um cão que cheire o seu rasto. Na realidade, a trufa tem sempre algo de caça e não é só pela maneira de como se apanha, mas também pelo sabor que a caracteriza. Eu estabeleço entre ela e os outros vegetais a mesma relação que há entre um pato selvagem e um pato de galinheiro. Esse aroma poderoso da trufa, esse perfume bravio que as caracteriza, essa sua personalidade única que só se obtém em plena liberdade, longe do homem e da civilização.
Eu imagino que o cão fareja a trufa que jaz debaixo da terra, de igual modo que nós cheiramos a trufa assada, e calculo o que deve sofrer o pobre quando lha tiram da boca. Os cogumelos oferecem-nos o perfume do campo e do bosque, isto é, o perfume da superfície da terra. As trufas, ao contrário, oferecem-nos a essência mais íntima e entranhada. Pegar numa boa trufa, uma dessas trufas de cor de ébano, gordas como um punho, que só, ai!...se produzem em França - as nossas, coitadinhas, criadas na terra, e até os «tartuffi bianchi» italianos, são uma espécie de batatas comparadas com as trufas de Perigord -, equivale a um acto religioso, porque nos dá um novo sentido do mundo e da vida.
Enquanto que dessas trufas de conserva que se utilizam para fazer algumas voláteis e pequenas incrustações de carácter decorativo, mais vale nem falar. Em Lyon costumam lardear as «poulardes" com grandes bocados de trufas frescas, mas em tal quantidade que as «poulardes» assim preparadas se chamam «poulardes demi-deuil» ou de meio luto, e aquilo, sim, é outra coisa. Apesar da sua fúnebre denominação, a «poularde-deuil», impregnada com o gosto da trufa, não tarda em reconciliar com a vida o homem mais desesperado.
É uma ideia muito antiga a de que a trufa desenvolve a nossa capacidade amatória, e isso não me surpreende muito. Não é que eu acredite muito nas vitaminas. Nem em nada de parecido, mas creio sim que nenhuma emoção artística se basta em si mesma, e que o homem precisa de descarregar sempre, pela via sentimental, aquilo que recebe. Daí que não se conceba uma bela paisagem sem um terno idílio; daqui resulta que os recém-casados vão passar a lua-de-mel à Suiça, e daqui, finalmente, a tradição da trufa, manjar que nos enche de desejos.