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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Decisão


Como tem havido muito poucas visitas ao blogue, ultimamente, tirando os palermas dos hackers marcanos, soviéticos e de Singapura (não consigo perceber o que estas "rémoras" vêm fazer ao Arpose), acho que vou tirar umas férias. E deixar os eventuais visitantes a esmoer e a descansar, entretanto...

sábado, 27 de julho de 2019

Meteorologias


Manhã orvalhada, de presságios tristes para quem escolheu Agosto como seu tempo livre.
Saio para a rua, ridículo, em camisa e de guarda-chuva preventivo, irmanado com outros avisados transeuntes matutinos. A menos que haja um milagre, lá se me vão as leituras na varanda a leste...
Desasado, até a bica no Café me sabe a Outubro.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Páscoa


Os nossos ovos, do Folar tradicional, eram bem mais maneirinhos, felizmente..:-)
Entretanto, e a quem passar por aqui, os nossos melhores votos de boas férias de Páscoa!


quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Agora...


Agora que a silly season está a acabar, será a altura própria para prepararmos o relato ufano e minucioso das nossas férias cosmopolitas, algures por aí. Quer tenha sido em qualquer praia das galinhas ou cancun, ou mesmo nalgum recôndito lugar famoso, mas já muito batido desta Europa envelhecida. Numa epifania delicodoce ou tropical, os escritórios de empresas, salas de professores, casas de chá e cafés de bairro vão encher-se de descrições edénicas e fotos virtuais desses felizes dias do passado mais recente.
Aos pobres infelizes, que ainda não usufruíram da vilegiatura anual, sugiro uma alternativa exótica, mas mais económica - o interior lusitano. Que este ano se enobreceu pela estadia das nossas mais altas figuras de estado. Banal, seria recomendar Pedrógão ou Monchique, que estão muito vulgarizados. Mas aqui deixo uma dica preciosa: vão até Sobradelo da Goma, no viçoso Minho! E banhem-se nas frescas águas do Ribeiro Queimado. Tenho a certeza que os colegas os vão invejar, quando lhes contarem a proeza singular e a escolha requintada.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Pessoal e intransmissível


Matinalmente, hoje, ao fazer a minha ronda pelos blogues que frequento (três deles em que não me inscrevi como seguidor), num deles deparou-se-me a imagem de 16 lombadas em que nitidamente se poderiam ler os títulos e os autores. Quase ao centro, uma coisa que tinha por título Lava Jato, de Vladimir Netto. E perguntei-me como é que uma pessoa culta, ilustrada e com mundo, comentador em vários canais televisivos, se dispunha a perder tempo com um livro destes... Eu sei que eram leituras de férias, silly season para todos os efeitos, mas que diabo!... Depois, humildemente, reconheci que cada um tem direito às suas fraquezas e a gastar o seu tempo de forma perdulária ou inútil, como quiser, enfim. E meti a viola ao saco...
Muitos me poderão verberar a escolha de O Labirinto de Castang (nº 644, da Vampiro), de Nicolas Freeling, autor que é a minha última coqueluche em matéria de policiais. Porque escreve bem, pensa, divulga factos interessantes sobre países (Holanda, França, Alemanha e Inglaterra, sobretudo) e, embora a intriga policiária não use o cânone clássico (ver S. S. van Dine), o interesse, para o leitor, mantém-se constante ao longo da narrativa. Juntaria, se me fosse de férias, o Je déballe ma Bibliothèque, de Walter Benjamin, que já tem outra consistência, e obra a que já vou a meio, na leitura. Bem como Tristão, de Thomas Mann, numa tradução partilhada de Fernando Lopes Graça, editado pela Inquérito. Seriam estas as minhas leituras de férias.
E quanto a local onde me apeteceria estar, como não tenho, e não há paraísos artificiais, só desejava que não fosse este nosso país devastado pelos fogos.


para MR, com uma piscadela de olho, e renovado agradecimento.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Para ler nas férias?!


O grande maganão do Luiz Pacheco (1925-2008) aproveitou o deslize elitista ("Tenho tanto que escrever, que não tenho tempo para ler") do crítico Gaspar Simões, para, através da Contraponto, sua editora marginal, fazer editar este postal de fino recorte estético e humorístico.
Pela minha parte, se houvesse possibilidade e as tivesse à mão, neste período de férias, dedicar-me-ia a obras de Manguel ou Steiner - que neste momento já não tenho disponível. Valha-me ter de lado, para momentos de emergência ou de vazio, uns restos de Cioran e algumas obras de Simenon, autores que são sempre um abençoado refrigério, no meio de tanta mediocridade que se vai publicando...

com grato reconhecimento a H. N..

terça-feira, 3 de junho de 2014

Diário sucinto de umas férias, sem rede, no Alto-Douro (3)


A passagem para a, "economicamente" dita, vida "inactiva" ou de reformado, cria um esbatimento profundo de fronteiras na dicotomia agressiva e antagónica de: férias/ano de trabalho. Só uma mudança geográfica, muito radical, alterando as rotinas habituais, consegue reinstalar o perfil da diferença e estado do espírito.
27/5
A manhã trouxe-nos uma desagradável notícia: não tinhamos água. O dia tinha amanhecido ameno e soalheiro, mas as torneiras da casa branca, metálicas e insensíveis, recusam a menor generosidade - quatro ou seis gotas avaras, que mal dão para desembaciar os olhos, da fuligem da noite. Um garrafão de 5 litros de água de Luso, na despensa, e por abrir, poupa-nos ao desespero (de citadinos empedernidos), e são a garantia reconfortante para escassas abluções matinais. (Mais tarde, por telefonema do dono da casa, o problema foi resolvido: bastava ligar um botão da instalação eléctrica, para vir água do poço - bebível, até.)
17h15 - chuva breve que rapidamente secou nas placas de xisto, em volta.
18h00 - uma ave de rapina (águia-de-asa-redonda [buteo buteo]?), de tamanho médio, evolui metodicamente, de baixo para cima, em paralelas sucessivas, pairando por sobre os campos cultivados e as vinhas. Quase no cimo, do morro mais alto, desaparece do meu horizonte, para norte.
O que mais me surpreende, por aqui, é o minucioso e heróico trabalho nos campos. Raríssimas são as parcelas de terreno que não estão cultivadas. Decerto sempre foi assim, e imagino o hercúleo labor que dão estes socalcos, para quem os quer fazer florescer e produzir. Tirando os espaços florestados (pinheiro, carvalho, castanheiro...) tudo é resultado de força, persistência e suor humanos, muitas vezes, inglórios, que a agricultura nunca é "favas contadas", nem sucesso garantido, antecipadamente.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Diário sucinto de umas férias, sem rede, no Alto-Douro (2)


26/5
Naturalmente, arredondei as dezenas, que o tempo é como a bandeirada iniciada de um táxi, que não pára, uma vez a caminho - e bem apetecia que, por vezes, um momento se prolongasse mais e mais, sobretudo quando, inesperadamente, nos atinge essa harmonia de plenitude física e mental em que tudo está bem.
Nada se altera, no fundo, de substancial, por mais um ano sobre a idade, mas a razão regista o facto, como se fora uma ameaça sobre o futuro. Bem como uma noção estranha de escassez do tempo, mesmo que não haja um objectivo pré-determinado a cumprir.
HMJ presenteou-me(-nos) com uma aromática e deliciosa "Vitela à Fafense", e a mesa do almoço até contou com um estimadíssimo nativo dessa terra minhota. Eu contribuí com um "Quinta de la Rosa", tinto 2010, que se portou à altura, e que fora comprado na própria Quinta da sra. Bergqvist, situada muito próximo de Covas do Douro. A "Mousse de Manga" e queijos finais tiveram merecida solidariedade de um "Duque de Viseu" de 2008, na sua arredondada macieza de Touriga Nacional e Tinta Roriz.
Para esmoer, fomos passeando em redor da casa branca, pelos relvados e pequenos declives. Por aí, o A. descobriu dois medronheiros ainda jovens, e a I. colheu rosmaninho e alecrim para levar, no regresso.
Sol pleno até às 17h00, hora de saída dos Amigos. Depois, o céu ficou cerrado por nuvens altas e o vento levantou-se por entre as oliveiras. Quanto ao coração, esse, continuava a trotar alegremente.

sábado, 31 de agosto de 2013

Férias 6 - Fim: "Viagens na minha Terra"



Nas minhas primeiras viagens, em Portugal, desconhecia aquela que considero a “obra prima” de Almeida Garrett e, também, da Literatura Portuguesa. Certamente não teria, na altura, capacidade para avaliar o seu engenho literário.
Identifico-me, contudo, com os tempos em que as viagens permitiam conhecer lugares insólitos, costumes diferentes, a Cultura e a História, que estimulavam o pensamento – sobre nós e os “outros” – e nos deixavam fisicamente exaustos ao fim do dia, mas com o “papo cheio” de espírito.
Uma aventura memorável, em finais de Setembro e no fim da época das travessias, foi uma passagem de barco, com cheiro a naufrágio, de Peniche até às Berlengas. A demorada travessia obrigou a uma montagem da tenda ao lusco-fusco, no planalto da ilha, numa “covinha” aconchegada. Ao acordar, houve tempo para apreciar a natureza, mas, sobretudo, para dominar o susto ao verificar que a tenda tinha sido montada junto de um precipício.


No entanto, e no final do tema dedicado às férias, fica a noção da evolução do conceito de “viagens” – como forma de enriquecimento intelectual e pessoal – para uma vertente perniciosa de “turismo”, economicista e contabilística.
Com efeito, prefiro as “Viagens na minha Terra” e, como Garrett, “amo a Charneca” quando passo perto de Santarém. E, na passagem pela planície ribatejana, volto a pensar no engenho de sua obra. O aparente sub-género litarário de viagens, reúne, numa construção sem precedentes, o dramático, narrativo e poético, confundindo os nossos sentidos como é próprio da sinestesia.

É obra !

Post de HMJ

domingo, 18 de agosto de 2013

Férias 5: Conhecer a Escandinávia via "InterRail"




Embora não sendo adepta de “ajuntamentos forçados”, sempre considerei que as Pousadas de Juventude permitiam, na altura e sem a recente profusão de “Hostels”, um conhecimento do país de origem, e até do estrangeiro, numa fase em que a autonomia financeira era ainda inexistente ou muito reduzida.
Quando surgiu, pois, o programa “InterRail”, possibilitando a compra e um “bilhete único” de comboio para percorrer a Europa, considero que se juntou o útil ao agradável. Com efeito, e segundo uma receita anterior, escolhi para férias a Escandinávia, aproveitando os relatos e as “dicas” de amigos que a tinham visitado no ano anterior. Como sempre gostei de mapas – até para fazer viagens imaginárias – tracei o meu plano em função da rede ferroviária da Escandinávia, das Pousadas de Juventude disponíveis e o orçamento previsto.
Parti, sozinha, de Colónia com uma primeira paragem em Copenhaga, de que não ficou grande memória, para além da ambiência - pós-68 ou alternativa – que já conhecia de uma visita a Amesterdão. A diferença de “tomo” deu-se com a passagem de barco para a Noruega. Gostei de Oslo e ficou-me para sempre o espaço e o museu dedicado à obra de Edvard Munch.


Do comboio, que seguia em direcção a Narvik, passando o círculo polar, saí várias vezes em diversas localidades. Como o “cartão InterRail” permitia saídas e entradas ao nosso gosto, desde que fosse numa continuação do trajecto, estabeleci ca. de 4-5 horas de comboio para me apear, conhecer terras novas e localizar o “poiso nocturno”. Ao partir de Oslo, no Verão, achei estranho que a locomotiva levasse um dispositivo para afastar a neve, mas, ainda antes de chegar ao círculo polar, tive umas curtas férias na neve, se não me engano perto de Mosjøen. No entanto, o mais insólito, sobretudo para os que passeiam sem o conhecimento da História, esperava-me em Narvik. O chamado “pai” da Pousada, assim que viu o meu passaporte germânico, calou-se sem mais palavras, lembrando-se, certamente, das batalhas do exército alemão durante a 2ª Guerra Mundial. Para além deste episódio, tirei uma foto com as distâncias geográficas, semelhante à imagem seguinte.



Saí de Narvik, passando para a Suécia via Kiruna, entrei na Lapónia e parei em Luleå. A Pousada de Juventude eram umas casinhas de madeira, no meio da floresta, como demonstra a imagem seguinte. Apercebi-me, depois, que devia ser a única hóspede, já que não me cruzei com mais nenhum ocupante.


Aliás, desde a entrada na Noruega, tinha-me habituado a falar muito pouco, porque os habitantes do Norte são mais discretos na conversa, habituados como estão à solidão em espaços pouco habitados. Assim, no dia de partida da Lapónia, dei com um espectáculo memorável. Uma família italiana, pai, mãe e duas criaturas, estavam no cais a tentar entrar no comboio, com a habitual algazarra do Sul. A tarefa de entrar estava bastante dificultada, porque, atado à mochila, tinha o pai umas hastes de uma Rena.  Bela recordação ! O senhor nem entrava de frente, nem de lado, apesar dos empurrões e gritos da mulher e perante o ar calmo e silencioso do revisor. Da Lapónia ficou-me, portanto, esta lição das diferenças entre os povos do Norte e do Sul.

Parei, ainda, na cidade universitária de Uppsala antes de chegar a Estocolmo. Como o dinheiro já era pouco, porque a Suécia era, e é como julgo, um país caríssimo, não aproveitei, na altura, para ir de barco até à Finlândia. Ainda hoje tenho pena, porque completava um círculo que, assim, ficou incompleto. Apanhei o barco, no regresso, em Malmö, onde tive oportunidade para conviver com uma família sueca.

Convém, no entanto, sublinhar que a convivência com os povos nórdicos se reduz ao essencial da palavra. Foram, portanto, umas férias para apreciar a natureza, a estética das cidades, pouco palavrosas e numa aprendizagem imensa do supremo bem da solidão.

Post de HMJ

domingo, 11 de agosto de 2013

Férias 4: De caravana pelo Sul da Irlanda



Influenciada por relatos de viagens de amigos e a leitura do Diário Irlandês de Heinrich Böll, tentei obter licença e “subsídio” paterno para uma primeira viagem ao estrangeiro, já que os países próximos – os então chamados BENELUX – não eram considerados como tal, embora a barreira linguística fosse sempre factor de estranheza.
Com efeito, uma viagem à Irlanda, sozinha e sem ter atingido a maioridade dos 18 anos, não estava nos horizontes de liberdade dos meus pais. Encontrou-se, então, uma solução viável, de segurança e orçamento, ou seja, um circuito pelo Sul da Irlanda, organizado por uma associação de juventude, com o propósito de promover um encontro de jovens franco-alemães.

Lá fui eu de barco até à Álbion, com uma breve passagem por Londres, de que me lembro da “Trafalgar Square” e pouco mais, para além da pouca simpatia dos Ingleses. Em Cardiff apanhámos outro barco para Cork. Numa viagem nocturna, em que não aguentei o balanço deitada, convivi com os primeiros Irlandeses e aprendi a beber chá, com leite. Depois de uma breve passagem pela cidade de Cork, tomámos conta, quatro em cada caravana, das rédeas do cavalo que nos ia conduzir pelo chamado “Ring of Kerry”.


Ainda hoje guardo memórias da paisagem, de chuviscos quase diários e, sobretudo, da simpatia e nobre simplicidade dos Irlandeses. O lento trote do cavalo dava para ver a paisagem, ler e conversar com o grupo restrito de cada caravana e que, no trajecto anterior, se tinha formado naturalmente por encontro de interesses e simpatia.



Resta acrescentar que, no ano seguinte, aceitei voltar à Irlanda, trabalhando como “au pair” para umas criaturas destacadas da elite económica de Colónia. Contudo, a segunda viagem não deu para conhecer melhor a Irlanda, porque abandonei a tarefa passado poucos dias. A experiência falhada permitiu, no entanto, tirar uma lição para o resto da vida. Aprendi que um “berço de ouro” endinheirado não representa, de todo, uma “cuna” em que floresça a educação, a cultura, a humanidade e, sobretudo, o respeito pelo outro.
Fugi, rapidamente, desta “gentinha” que, pela língua, até me devia ser mais próxima, se não pertencessem àquela claque de sobranceiros bacocos que não suporto. Apenas reencontrei o meu universo, em Cork, convivendo com Irlandeses antes da partida para o Continente e, guardo, até hoje, uma enorme simpatia pela Hibérnia.


Post de HMJ

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Férias 3: Na aldeia



Houve anos em que as saídas se limitavam a pequenas voltas, sempre de bicicleta, pelas localidades perto da aldeia de Merkenich, situada a norte da cidade de Colónia. Lembro-me, sobretudo, das idas à piscina, em Leverkusen, quando o tempo o permitia.
Partíamos de manhã cedo, as três irmãs, com o farnel para aguentar o dia. Apanhávamos o barquinho que atravessava o Reno, antes de haver uma ponte, ligando a aldeia à “cidade da Bayer”, i.e., Leverkusen.
A primeira visita obrigatória era a de cumprimentar o avô. Depois de se reformar de funcionário da Bayer, o avô resolveu aceitar uma ocupação que exercia com distinção. Parecia aqueles funcionários dos antigos Armazéns do Chiado, impecavelmente vestido de fato, camisa branca e gravata. Ele, nos Armazéns da Bayer, tinha, então, a incumbência de fazer subir e descer os clientes, sobretudo senhoras, num espaçoso elevador, com um banquinho para se sentar num recanto. À nossa chegada, aproveitávamos para umas “viagens” no elevador, objecto que não havia na aldeia. O avô, todo orgulhoso, apresentava-nos às freguesas, “são minhas netas” – dizia ele. No entanto, ficávamos sempre à espera de uma oferta especial do avô. Quase sempre, à despedida, ele convidava-nos a passar, ao fim do dia, para receber o dinheiro correspondente a um gelado a cada uma. Era só atravessar a rua, entrar na gelataria, que se chamava “Santini”, se não me engano, e deliciar-nos com um cone e duas bolas de gelado.
Depois era só passar por casa da avó. Por vezes, dava direito a umas panquecas muito finas, tipo “crêpes”, que ela fazia na perfeição, com açúcar e canela por cima.

Pequenos prazeres de um dia de férias bem passado.


Post de HMJ, para Isabel que falou de uma piscina esplêndida.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Férias 2 - Passeios de bicicleta


Depois das falhadas férias em “magotes aleatórios e forçados”, foi necessário repensar, consensualmente, outras formas de passear nas férias grandes, para além de esporádicas idas a piscinas, quando o tempo o permitia, o que, no centro da Europa, nem sempre era “favas contadas”.
O facto de ter recebido, como presente da minha madrinha, uma bicicleta, representou um ganho de autonomia na mobilidade, permitindo, sobretudo, acompanhar as minhas irmãs mais velhas nas suas “viagens” – a duas rodas – pelas terras mais próximas.
Convém, a esse propósito, recordar determinadas opções acertadas, no ensino básico – na altura até ao 8º ano de escolaridade – que partiam, no conhecimento geográfico e histórico, da unidade mais próxima ao universal. Assim, o aluno iniciava-se na Geografia e História da sua cidade, passando para o Estado Federado e o país, deixando o aprofundamento das noções rudimentares sobre a Europa e o Mundo para ciclos de ensino posteriores. Da Geografia lembro-me dos enormes mapas enrolados, das imagens de terrenos acidentados que entravam pelos olhos adentro e que o professor enchia com a história dos seus habitantes. Assim, quando chegavam a férias, era altura de satisfazer a curiosidade com a experiência viva, ou seja, conhecer o que nos tinham contado.
Assim, e na companhia de pessoas mais velhas e familiares, não tardou a autorização paterna para saídas nunca superiores a uma semana, pernoitando em Pousadas de Juventude, para conhecer a região num raio alcançável pelo pedalar da bicicleta.
Com o avançar da idade e a passagem para o liceu alargaram-se os horizontes, geográficos e culturais. Foi assim que fiquei com uma recordação permanente de uma viagem, de bicicleta, partindo de Colónia, descendo o Reno e o Mosela, para conhecer o país vizinho, Luxemburgo. Apesar de me lembrar da capital Luxemburgo, ficaram, sobretudo, imagens de pequenas localidades. Gostei, sobretudo, de Clervaux, no norte, já no regresso.
                        

Não me esqueci, contudo, do esforço físico de pedalar em terrenos acidentados. São viagens que se fazem, ou na altura própria de juventude, ou já não se repetem.                     

O que me ficou, como memória impagável, é que o lento passar da bicicleta pelos lugares permitiu uma percepção singular que nenhum outro meio de transporte reserva ao visitante de um país. 

Post de HMJ

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Férias 1





O tema, propício ao início do mês de Agosto, tem surgido nos jornais e também nos “blogues”, designadamente com recordações de férias passadas em contextos sociais distintos, épocas históricas diferentes e, até, espaços geográficos mais alargados.
A leitura dos vários textos, portugueses e alemães, sobre as férias passadas na década de 50 ou 60 do século passado, por crianças e jovens, permitiu avivar algumas recordações, nem sempre positivas, e, sobretudo, concluir que a “indústria do turismo” globalizou e uniformizou os gostos e as experiências, como é próprio deste mal sistémico que vivemos.
Por um lado, há um mês de Agosto passado numa Póvoa de Varzim, ou uma Figueira, em espaços e com vivências que já não existem como as pessoas os recordam. Na Alemanha, em finais dos anos 50 do século passado, a época de férias não correspondia a uma saída do local de residência habitual. A construção do chamado “milagre alemão” concentrava-se na reconstrução das casas destruídas pela guerra. Surgiu, então, na altura a ideia de arranjar um divertimento para as crianças e jovens, como eu, enviando-os para umas férias perto de casa – as “Colónias de Férias” portuguesas chamavam-se, em alemão – “Stadtranderholung” [i.e., umas férias nas cercanias da cidade onde se vivia]. Assim fui eu, provavelmente numa camioneta como a que se reproduz na imagem, para uma convivência cheia de actividade e lazer, afastada do meu espaço, das minhas referências e dos meus afectos.
Não duvido da generosidade dos meus pais, nem dos “assistentes sociais”, ao tentarem proporcionar-me umas férias diferentes e divertidas, uma vez que os seus afazeres não permitiam passear comigo.
Lembro-me, vagamente, de actividades como as que a foto seguinte recupera, refeições em mesas enormes e com pessoas que não me diziam nada, para além de dormir em tendas, ou seja, aguentar horas sem fim num espaço inóspito para mim.



Numa dessas actividades, lembro-me de correr, num terreno íngreme, no meio dum bosque. Não consegui travar e bati numa árvore. Acordei em cima duma maca e com um alívio profundo. Era necessário devolverem-me à procedência. Que felicidade !

Portanto, de umas primeiras férias “de convivência e socialização”, recolhi uma certeza para o resto da minha vida. A “socialização forçada”, que há algum tempo a esta parte até consta da avaliação escolar, pode ser um presente envenenado. O respeito pela autonomia individual, que não se confunde com a responsabilidade social e cívica, é um bem escasso, como a defesa do nosso espaço, do nosso tempo e dos nossos gostos.

Post de HMJ

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As férias


Se em Julho e Setembro era um tempo de água doce - piscina e rio, respectivamente -, em Agosto era o mar, que eu começava a ver da estrada, lá ao longe, cerca de 15 minutos antes de chegar, para ficar um mês inteiro.
De início, nas areias, pelo tom de pele se distinguiam os que já lá estavam há mais tempo: o bronzeado quase negro. E a brancura que trazíamos do interior desejava, envergonhada e rapidamente, passar despercebida, até se transformar no moreno-litoral.
Apesar do calor, havia uma leveza no ar de Agosto, que não era da nortada, mas que podia bem ser da liberdade e aventura que se materializava nos corpos semi-nus e no salgado das ondas. É, também, essa leveza aérea que eu vejo em muitos dos quadros de Dufy.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Andarei por aqui...

...por isso, a actividade do Blogue será bissexta. Quanto à produtividade, e atendendo à crise, logo se verá, nos próximos dias...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Fragmentos de umas férias descomprometidas (4) : remate final


É provável que, para Luka, estas tenham sido as últimas das inocentes férias de infância. A adolescência traz outras preocupações e outros perigos, decisões controversas, complexas maneiras de escolher caminhos e a florescência poderosa do amor terreno - o incêndio e a alegria desmedida.
Em finais de Setembro, Kirsten e Wim, os pais de Luka, acabaram de compor, com minúcia e atenção, o álbum-diário visual das férias, na Praia Formosa. As fotografias dão sinal de tudo: a comoção terna do Avô, pela surpresa, o júbilo despreocupado das crianças na piscina da casa, a luz de Portugal, tão única, o verde-azul Atlântico das águas livres; o pôr do sol da despedida, num amarelo torrado de melancolia.
Pode ser que Luka, mais tarde, na adolescência ou até mesmo na velhice, naqueles intermináveis e cinzentos invernos da Flandres, se lembre deste álbum, e a ele regresse. E se recorde dessas longínquas férias felizes de 2011, em Portugal. E se consiga reabastecer, solidamente, de esperança e de alegria.

domingo, 21 de agosto de 2011

Fragmentos de umas férias descomprometidas (3) : com mitologia


Já as crianças loiras tinham partido, quando chegou o Engenheiro e o menino moreno tolhido dos membros, andar trôpego e fala arrastada. Vinham retomar posse da casa e a criança foi dizendo que ia para a garagem, uma espécie de gruta de Ali-Bábá, cheia de ferramentas e alfaias agrícolas. Com ele, assim de perna esquerda deficiente, Vulcano tomava forma infantil, na rectaguarda da casa alta frente ao mar. Cessara, inesperadamente, a chuva de Verão e bagas grossas polvorentas, parara o vento ciclónico e até o calor abafado desse Agosto estranho lusitano. Foi então o tempo de se acertarem as contas, e os últimos partirem. As crianças loiras já iriam longe.
Mas gostei de as ver, à despedida, subir para cima dos marcos da estrada e abrir os braços róseos, jovens e sem rugas, em saudação ao Atlântico, num Ah! uníssono. Pareciam novos nórdicos viquingues, a que não faltou sequer a mãe Valquíria, elegante. Já não respeitavam Odin, mas celebraram a Natureza  num clamor de alegria e vibração juvenil. Ao longe, no Oceano, apenas dois barquitos pequenos tinham ousado afrontar as ondas fortes e o vento traiçoeiro. Na casa alta, frente ao mar, ficaram apenas os sinais e despojos da permanência breve e das férias acabadas: sumos a meio, 3 ou 4 talhadas de melão, meio pacote de bolachas de chocolate...
O Luka, quase toda a manhã, afundado por entre as almofadas fofas do divã, deixava apenas ver um olhar triste, observando os adultos a fazer as malas. Ia acordando, lentamente, de um sonho que acabara.

sábado, 6 de agosto de 2011

Fragmentos de umas férias descomprometidas (2) : idos 80


Voltamos lá, ontem.
O perfil, a 3/4, não fora um pouco de volume a mais, poderia ser o do Engenheiro: o mesmo cabelo fino já rareando, o nariz, levemente arqueado, o tom de pele emaciado e claro, quando a luz batia nas feições. Mas o Engenheiro fora-se em Setembro/Outubro de 84 e nunca poderia ali estar, de novo, com os seus quarenta e poucos anos, sem a Cláudia e o Hugo.
Nessa altura, o Luís, de mangas arregaçadas, grelhava e suava, o Sr. Carlos atendia, solícito e rápido (havia quem lhe chamasse o "Speedy Gonzalez"); o Leonel, que vinha fazer um biscate, ao fim-de-semana, fingia actividade gesticulando muito, por entre as mesas. Enquanto a Dona Filomena, de avental e mãos atrás das costas, inspeccionava o serviço. A irmã solteira, Maria do Amparo, com as lentes garrafais de criança infeliz,  compunha os óculos grossos e ia atendendo os copinhos de três, no balcão ao lado. A cunhada Rosa, essa, era a trenga da família, e parecia ter vindo de outro mundo...não fora o avental.
O restaurante, meio ao ar livre, ficava numa esquina das 2 estradas que levavam à praia. Enchia ao fim-de-semana, porque o peixe era sempre fresquíssimo, no Verão, módicos os preços, e as uvas tintavam, sobre as nossas cabeças, na ramada verde que nos trazia sombra amena, quebrando o sol rigoroso. E havia, quase sempre, o par feliz que se sentava na mesa baixa do centro, habitualmente reservada, para eles, pelo Sr. Carlos ou pelo Luís, antes das enchentes. Vinham a pé e eu acompanhava-os, com o olhar, até chegarem.
Entre os empregados  do restaurante, recordo-me que lhes chamavam: "o casal". E julgo que eles teriam gostado muito, se o soubessem, deste substantivo comum que os irmanava de afecto. Nos idos de 80...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Fragmentos de umas férias descomprometidas (1)


Chove. Sander leva a sério a tarefa difícil de escalpelizar um pêssego careca e maduro. A Loore, pela enésima vez, diz, ao visor do telefone de entrada: "Hello!?", acariciando o Putchy, ao mesmo tempo. Só a Hebe, em pose adulta e reclinada no divã da Ikea, em silêncio não se mexe da leitura adolescente. Mas a casa está cheia de vozes. Nem pensar ir à praia, muito embora a impaciência das crianças tenha limites, e faça temer o pior. Uma pequena revolta familiar é previsível. Continua a chover...
Pelo menos, não será preciso regar as plantas.