sábado, 31 de agosto de 2013

Férias 6 - Fim: "Viagens na minha Terra"



Nas minhas primeiras viagens, em Portugal, desconhecia aquela que considero a “obra prima” de Almeida Garrett e, também, da Literatura Portuguesa. Certamente não teria, na altura, capacidade para avaliar o seu engenho literário.
Identifico-me, contudo, com os tempos em que as viagens permitiam conhecer lugares insólitos, costumes diferentes, a Cultura e a História, que estimulavam o pensamento – sobre nós e os “outros” – e nos deixavam fisicamente exaustos ao fim do dia, mas com o “papo cheio” de espírito.
Uma aventura memorável, em finais de Setembro e no fim da época das travessias, foi uma passagem de barco, com cheiro a naufrágio, de Peniche até às Berlengas. A demorada travessia obrigou a uma montagem da tenda ao lusco-fusco, no planalto da ilha, numa “covinha” aconchegada. Ao acordar, houve tempo para apreciar a natureza, mas, sobretudo, para dominar o susto ao verificar que a tenda tinha sido montada junto de um precipício.


No entanto, e no final do tema dedicado às férias, fica a noção da evolução do conceito de “viagens” – como forma de enriquecimento intelectual e pessoal – para uma vertente perniciosa de “turismo”, economicista e contabilística.
Com efeito, prefiro as “Viagens na minha Terra” e, como Garrett, “amo a Charneca” quando passo perto de Santarém. E, na passagem pela planície ribatejana, volto a pensar no engenho de sua obra. O aparente sub-género litarário de viagens, reúne, numa construção sem precedentes, o dramático, narrativo e poético, confundindo os nossos sentidos como é próprio da sinestesia.

É obra !

Post de HMJ

2 comentários:

  1. Fui às Berlengas uma única vez para nunca mais. O local e maravilhoso, mas a viagem era uma aventura inesquecível... :-)))
    Assim que o barco partiu de Peniche, uma francesa enchilicada estendeu-se no chão: vomitava ela e o cão...
    Quanto às Viagens na minha terra só as apreciei devidamente quando as voltei a ler em 1999. Quando li o livro no liceu, odiei.

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  2. Para MR:
    pois, da travessia não adiantei mais pormenores, muito semelhantes. Para mim, também fica a memória.
    De facto, a leitura das "Viagens" precisa de um apoio muito exigente. Caso contrário será um desastre.

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