Mas que bela prosa!, e vai:
"Pois é: nem sempre se acerta com o emprego, a função que estaria, desde a juventude, na mira do nosso horizonte, no mais íntimo dos nossos sonhos; a vocação, o modelo de vida desejados, a necessidade não tem lei. As circunstâncias são poderosas, condicionam, determinam vidas. Assim, me vi a tomar posse do inesperado cargo de agente fiscal da Inspecção dos Espectáculos, ali no antigo Ministério do Interior, um recanto do Terreiro do Paço, por cima da esquadra. A ganhar 600$00 por mês, mesmo para a época (anos 40) era uma merda. Com uma diferença importante: ser funcionário público, então, dava muita calma e segurança. Dizia-se: poucochinho mas certinho, emprego estável para o resto dos dias, até aos 70 anos da reforma - e havia quem aguentasse! ..."
Luiz Pacheco, in Figuras, Figurantes e Figurões (pg. 48).
Deve ser ter sido exercido o seu cargo de Inspetor de Espetáculos com muito afinco e dedicação. :-)))
ResponderEliminarImaginemos..:-))) Mas, pelo menos, teve umas borlas para revistas à portuguesa...
ResponderEliminarEste homem é que era cá uma figura! Com uma vida completamente marginal!
ResponderEliminarE quanto a funcionários públicos, mal ele sabia as voltas que isto ia dar...
Era o que se pode chamar um libertino à portuguesa: pobrezinho, mas nada envergonhado..;-))
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