sábado, 24 de agosto de 2013

A par e passo 55


Não há pensamento qualquer que ele seja, pela sua natureza, que possa ser considerado o último. Somos sempre interrompidos, nunca somos acabados.
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Cada vida começa e acaba por uma espécie de acidente. Enquanto dura, é por acidentes que ela se forma e se desenha.
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O espírito está à mercê do corpo como os cegos estão à mercê e dependem de quem os guia. O corpo toca e faz tudo; começa e termina. Dele emanam as nossas verdadeiras luzes, e mesmo elas só, que são as nossas necessidades e os nossos apetites, pelos quais nós temos uma espécie de percepção «à distância» e superficial do estado da nossa íntima estrutura.

Paul Valéry, in Tel Quel II (pgs. 270, 271/2 e 276).

Nota: terminam, hoje, as transcrições e traduções desta obra de Paul Valéry. Mas é provável que esta rubrica ("A par e passo") se mantenha sob o patrocínio do filósofo e poeta francês, através de outros livros do autor. O futuro o dirá...

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