Como se teriam, livremente, organizado as coisas, neste caso as castas de uvas, desde o início dos tempos, quando agora parece ser imperioso e administrativo arrumá-las por Diário da República?
Se a Baga é retintamente bairradina, também a branca Alvarinho foi, até há bem pouco tempo, exclusivamente alto-minhota (e galega, valha a verdade). Bem como a Antão Vaz, genuinamente alentejana. Não está em causa a razão disciplinar da portaria (244/2014) do Ministério de Agricultura, o que eu acho é que o seu conteúdo é um autêntico "albergue espanhol", querendo meter o Rossio na Betesga, neste caso nas vinhas alentejanas. Nada menos de 68 castas, incluindo a Baga bairradina e, pasme-se, nada menos de 26 castas estrangeiras, que vão da Zinfandel à Nero-d'Avola, passando pela Sangiovese, para que o vinho possa ostentar a denominação: Alentejo...
Num país como o nosso que, na Europa, é um dos que maior diversidade de castas autóctones possui, esta portaria globalizante parece-me um enorme disparate. Uma autêntica corrida cega para a descaracterização de uma região vinícola demarcada.