Quase todos os revolucionários têm prazo de validade.
Causa sempre alguma incomodidade, para não dizer desagrado, ver um combatente da liberdade engordar, encanecer, amodorrar, em suma: envelhecer. Valha a verdade que não se pode andar a fazer revoluções toda a vida, nem faz bem à saúde. O caminho mais respeitável para um revolucionário, na velhice, é consagrar os últimos anos a reflectir, escrever memórias ou, até, teorizar as revoluções que outros poderão vir a fazer - parece-me justo. Nem todos têm a sorte de Simón Bolivar (1783-1830) ou de Ernesto Che Guevara (1928-1967), que morreram jovens e na força da idade, deixando o mito.
Mas pode-se, sempre, envelhecer com inteligência e dignidade. A Isabel do Carmo, perguntou o "Expresso": "Se alguém lhe disser que agora é que se justificava uma acção bombista o que é que responde?"
A antiga dirigente das PRP-BR, respondeu: "Dizem-me isso, quase todos os dias. Seria ineficaz e/ou contraproducente. Hoje, a ditadura é global, é financeira, baseia-se em dinheiro virtual e em pobreza. Uma bomba informática que apagasse as fortunas do ecrã, dívidas, juros... Que pena eu não saber fabricá-la! Mas tenho esperança."