quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Desabafo (32)


O excesso cansa-me. De imagens. Fico extenuado da vista, pela secura da imaginação verbal...

Marcadores 29


São pragmáticos, estes marcadores de livros, alemães. Sem rodriguinhos, nem bonitezas, por imagem, servem apenas para o que servem: marcar a página onde interrompemos a leitura. Cumprem um desígnio de utilidade, sem mais.
O da livraria Reuffel, de Coblença, dá um ar da sua graça: Fiquei aqui ao adormecer (Hier bin ich eingeschlafen).


para MR, que vai a caminho do milésimo...

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Rachmaninov / Richter

Do que fui lendo por aí... 17


12 de Novembro de 1970

Eu deveria, em 1937, quando deixei a Roménia, ter ido para a Inglaterra. Não tenho nada em comum com os ingleses, eles são mestres deles mesmos, não são nem expansivos nem agressivos, não se abrem a confidências, não se abandonam à cólera. Eu teria aprendido com eles as boas maneiras.
Junto dos Parisienses, com quem partilho todos os defeitos, eu não destoaria. Porque eles têm o dom de me pôr fora de mim, pela sua irritabilidade, os seus modos impertinentes, os seus ares sobranceiros, a sua vaidade - tudo defeitos que não me são estranhos. Todos os dias eu tenho de fazer um esforço sobre mim - quase sempre sem resultado - para não entrar em litígio com as pessoas...

E. M. Cioran (1911-1995), in Cahiers / 1957-1972 (pg. 874).

domingo, 28 de janeiro de 2018

Curiosidades 68


Nem sempre nos sentimos bem representados. Seja por delegação burocrática, numa assembleia de condóminos a que não podemos assistir, quer no Parlamento,  pelo partido em que votámos nas últimas eleições. O mesmo acontece, por vezes, quando nos identificam em qualidades ou defeitos,  por palavras, ou simplesmente nos desenham o retrato, de forma pictórica.



Não faço a mínima ideia, se Isabel II gostou do retrato que Lucian Freud (1922-2011) dela fez. Duvido. Mas admito que sua majestade britânica, sempre politicamente correcta na sua banalidade aristocrática, se tenha calado, anglicanamente compungida por se tratar de um pintor de nomeada internacional. Winston Churchill (1874-1965), porém, tinha outra fibra. Em 1954, por iniciativa da House of Commons e da House of Lords foi decidido encomendar um retrato do político a um pintor inglês de mérito.



Ao ser-lhe apresentado o retrato pintado por Graham Sutherland (1903-1980), Churchill teve uma saida airosa, mas irónica: The portrait is a remarkable example of modern art!
A assistência, pela entoação de voz do grande estadista, percebeu o remoque, e riu copiosamente.
A pintura - veio a saber-se depois da morte do célebre casal inglês - foi destruída poucos dias depois de ter sido entregue, na sua residência oficial.



É o que nos conta, de forma sucinta, o vídeo acima, com o testemunho do neto do Estadista inglês.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Os Trabalhos e os Dias (11): Entrançado do Ano Novo



Durante a recente estada em casa da minha amiga, em Colónia, recebi um livro sobre os costumes, na cidade, durante os meses de Inverno, o que me fez recordar o universo de vivência do passado.

De contribuições variadas, até de lenga-lengas em dialecto de Colónia, apresento uma página com uma receita.


Trata-se, pois, de um bolo característico da época e “soube-nos pela vida” o entrançado do Ano Novo, que comprámos, na primeira semana de Janeiro de 2018, numa pastelaria da aldeia.

Hoje, dediquei-me, então, ao trabalho, experimentei a receita acima e, pela imagem final, parece que é de guardar para experiências futuras.


[Tradução dos ingredientes: 500 g de farinha, 42 g de fermento de padeiro, 210 ml leite morno, 100 g de manteiga amolecida, 3 gemas, 75 g de açúcar, 1 pitada de sal, e açúcar grosso para enfeitar – (utilizei pasta de açúcar pilé + sumo de limão para barrar no final o entrançado e poder colar as lascas de amêndoa); dos ingredientes faz-se uma massa que deve levedar bem; divide-se a massa em três, fazendo rolos de ca. de 70 centímetros para poder fazer o entrançado e, por fim, vai para o forno ca. de 25 minutos a um temperatura de 180 º C.]

Post de HMJ

As palavras de ontem


Só hoje dei por uma crónica de António Bagão Félix (1948), sobre o direito ao silêncio. Num jornal que cada  vez sinto mais afastado de mim, na sua deriva direitista que se iniciou, mais ostensivamente, desde a entrada deste último director, que tinha sido assessor do anterior PR. Et pour cause...
Transcrevo o início da crónica de A. B. F., por me parecerem justas e oportunas as suas palavras:

"O silêncio é agora urbi et orbi quebrado pela autocracia do som ainda que musical. Na espera dos telefones onde nos impingem músicas e ritmos que não pedimos e que nunca ouviríamos, a maior parte das vezes para intervalar um serviço de atendimento permanentemente entupido ou deficitário de qualidade. Uma pessoa em desespero e luto é agredida com um alegre folclore ou música pimba que àquela hora a apanhou num telemóvel. Nos elevadores, a má-criação de um mau silêncio de quem não tem a educação mínima de cumprimentar quem entra ou sai, é envolta numa qualquer musiqueta de pacotilha. Nos transportes ou nos táxis, o seu utilizador tem de aturar, sem dar autorização, música rasca ou anúncio aparvalhado. ..."

Ironicamente, eu chamaria a isto a verdadeira ditadura do proletariado, sobre as minorias.

Um tango de Eleni Karaindrou

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Glosa 11


No seu livro Souvenirs de la Cour d'Assises, André Gide (1869-1951) refere:
Desde sempre os tribunais exerceram sobre mim um fascínio irresistível. Em viagem há, sobretudo, quatro coisas que me atraem numa cidade: o jardim público, o mercado, o cemitério e o Palácio de Justiça.

Se o turismo funerário está hoje na moda ( que o digam o Père Lachaise e o Cemitério de Praga ), os tribunais não creio que tenham sido, alguma vez, motivo de particular atenção para os turistas. Se alguns homens têm especial apetência pelos cafés e algumas senhoras se derretem pelas pastelarias (infâncias amargas?), o turista vulgar gosta sobretudo de sentir as ambiências e surpreender os costumes das cidades ou vilas estrangeiras.
Eu confesso a minha fraqueza pelas livrarias e museus, mas, quando vou a Barcelona, não resisto a dar uma volta por La Boqueria...

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Bibliofilia 159


Este folheto de 32 páginas, pomposamente intitulado Novo Atlas Geografico-Politico e Historico, com autoria de Diogo Soares da Silva e Bivar (1785-1865), foi editado em 1810, na Impressão Régia, e ocupava-se, exaustivamente, da Rússia. Não me parece que o Atlas tenha tido continuidade e sequência editorial...



O autor, natural de Abrantes, tinha sido apoiante de Junot e foi julgado por isso. Condenado ao degredo em Moçambique, conseguiu fugir para o Brasil, onde estabeleceu escritório de advogado e foi bem sucedido na profissão. Foi também jornalista conceituado.
O folheto em questão, embora com a capa e alguns picos de humidade no interior, está em razoável estado e foi barato. Muito informativo, é de leitura agradável.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Intimidades...

Pequena história (48)


Leopoldo I (1790-1865), primeiro rei dos belgas, tinha fama de grande casamenteiro. Foi certeiro no apadrinhamento do matrimónio da sobrinha, Victoria, com Alberto, mas com o filho, que lhe veio a suceder, no trono da Bélgica, já não foi tão bem sucedido. Leopoldo II (1835-1909) foi, desde cedo, taciturno, austero e egoista, enquanto Marie-Henriette (1836-1902), embora maria-rapaz, era sensível e expansiva.



A senhora Pauline von Metternich (1836-1921), socialite da altura, de língua viperina e frases assassinas, classificou o par de forma mordaz, desta maneira:
" É um casamento de um palafraneiro e de uma religiosa." Acrescentando: " Entenda-se que a religiosa, é o Duque de Brabante..."


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

domingo, 21 de janeiro de 2018

Em vias de extinção


Fala-se muito em animais em vias de extinção. Bem como de plantas, embora menos.
Se, ao que parece, os horizontes de conhecimento, generalizados, se alargam por via da net (sobretudo à tona...) e da globalização, nem por isso o universo vocabular das novas gerações tem aumentado. Pelo contrário, cada vez o léxico usado se vai reduzindo, mais e mais.
Entre muitas das palavras que vão desaparecendo, relembro 2 que já não ouço ou leio, há muito tempo:

- Relapso.
- Contumaz.

Ainda se lembram do seu significado? Que aliás anda próximo, entre si...

sábado, 20 de janeiro de 2018

Citações CCCXXXIV


Há livros que existem para serem saboreados, outros para serem absorvidos, e alguns, poucos, para serem mastigados e digeridos.

Francis Bacon (1561-1626), in Of Studies.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Memória (119)



Eugénio de Andrade (19/1/1923 - 13/6/2005).

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Diferença


Por mero acaso, acontece que, em Antuérpia e ao dobrar do ano, tivemos que esperar bastante tempo por um transporte público, numa paragem de rua que, pelos indícios, deveria ser, maioritariamente habitada por judeus ortodoxos (?). Passaram por nós, a pé ou de bicicleta, mais de 10 personagens com uma espécie de balandraus escuros e compridos, caracolitos pueris e laterais na cabeça, chapéus negros de aba larga.
Ensimesmado, dei-me a pensar que eles fazem gala em marcar e mostrar sua diferença, usando atavios, algo exóticos e medievos, para se distinguirem, como "povo eleito", de entre os comuns da terra.
Em tempos adversos para os judeus, eles foram obrigados - e não de livre vontade - a usar a estrela de David na roupa exterior, de forma a serem identificados facilmente pelos outros seres humanos. Entre o uso ostensivo de sinais de diferença, hoje, e o uso obrigatório imposto por outros, ontem, vai a grande diferença entre a submissão e a liberdade. Mas também uma similitude simbólica de exterioridades identificativas...

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Uma fotografia, de vez em quando... (102)


Galês, disléxico e autodidata, o inglês David Hurn (1934) iniciou-se, com sucesso, na arte da fotografia, em 1955, e dez anos depois passou a integrar a Agência Magnum, por mérito próprio.



Acompanhou de perto a ascensão de The Beatles, mas também lhe solicitaram que testemunhasse as filmagens dos primeiros Bond e da Barbarella-Fonda, de Vadim.



Mas nem por isso o quotidiano britânico escapou à sua objectiva.


domingo, 14 de janeiro de 2018

Apontamento 109: Uma boneca "Käthe Kruse"


Na profusão de bonecada que, actualmente, enche a casa e os quartos das crianças, será, certamente, difícil de imaginar qual o objecto que sobreviverá na memória visual da pequenada.

Entre ursos e bonecas não chegou ao número dez, retendo na memória, ainda, cerca de cinco bonecas que já não fazem parte do meu universo, espalharam-se, algures, na voragem do tempo. Em casa guardo uma boneca, que já teve a sua apresentação no ARPOSE, e o meu urso, velhinho, com as patas e as mãos remendadas.

Ora, uma boneca da marca “Käthe Kruse” era, na minha infância, o supremo desejo, inalcançável. Nas visitas às lojas de brinquedos, lá mirava as bonecas, feitas de pano, com cabeça tipo louça e cabelo natural. Era objecto para casas abastadas. A marca registada tem o nome da actriz e produtora de bonecas Käthe Kruse (1883-1968) que, depois de fazer os bonecos para as suas filhas, iniciou a sua produção em 1911.

Mas, como há dias de sorte, ganhei, na recta final da minha vida, uma boneca destas, que aqui se apresenta:




Durante a recente estadia na casa da  minha amiga, ela abriu o seu velho baú e mostrou-me uns vestidos de bonecas, para escolher e levar o que quisesse. Depois dos vestidos veio a sua colecção de bonecas. Algumas partidas, outras bem guardadas. Lá espreitei e vi a boneca “Kathe Kruse”. À pergunta se eu queria a boneca, quase não houve contenção de delicadeza na minha resposta.

Assim veio a boneca para Portugal. Tem ca. de 39 cm e o número 2/7777 gravado na planta do pé. Lavei-a, com muito cuidado, com água morna e sabão CLARIM, avivando-lhe a cara com óleo de amêndoas doces. Um dos sapatos, como se pode ver pela imagem abaixo, foi preciso colar depois de limpo com o mesmo sabão e cotonetes.



Depois, vesti-lhe o fato antigo da minha outra boneca. Falta apenas encontrar umas meias, umas cuecas e uma outra blusinha para condizer com a saia que trazia, toda bem feitinha pela mãe da minha amiga.


E aqui está ela, a recém-chegada à minha colecção de bonecas.


Post de HMJ

Clara Schumann : Toccatina

sábado, 13 de janeiro de 2018

Mercearias Finas 128


Afeiçoei-me ao Delhaize (passe a publicidade), quando estou em Antuérpia, e quero comprar, para oferecer ou beber em companhia, bons vinhos portugueses. A escolha, nas gôndolas da média superfície, não é muito grande, mas é criteriosa e de confiar. Lá encontrava, habitualmente, o Dão Quinta das Maias que, até em Portugal, nem sempre era fácil de adquirir. Ora, este ano, não havia vinhos do Dão nas prateleiras do Delhaize. Regionais Tejo, Douro, Alentejo, e até do Algarve, tanto quanto me lembro. E o canónico Mateus, da Sogrape, como não podia deixar de ser, para meninas casadoiras e senhoras solteironas impenitentes...



Firmei a vista, na prateleira de cima, e vejo um Alves de Sousa, de discretíssimo rótulo com bom gosto, que dava pelo simples nome de Caldas - Reserva, de 2012. Um monocasta Touriga Nacional, com 14º que, vim a sabê-lo, depois de o provar, estava excelente na sua maturação e acompanhava muito bem qualquer iguaria requintada, que viesse à mesa. No supermercado flamengo, dei por ele 11,99 euros - bem merecidos! Por cá, terra de origem, vi-o anunciado a pouco mais de 11.
Não teria dúvidas em escolhê-lo como o melhor vinho tinto que provei em todo o ano de 2017.

Lembrete 62


Como não é todas as semanas que aparecem referências a Portugal, no TLS, aqui venho sublinhar a saída de uma obra de Neill Lochery (Out of the Shadows) sobre a história mais recente portuguesa, do 25 de Abril até aos nossos dias. O livro vem recenseado, favoravelmente, no penúltimo TLS (nº 5988), por David Gelbert.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

De Antonio Gamoneda (1931), uma versão traduzida


Sábado

1.
O animal que chora, esse morou na tua alma antes de ser amarelo;
o animal que lambe as feridas brancas,
esse está cego de misericórdia;
o que dorme na luz e é miserável,
esse agoniza no relâmpago.

A mulher cujo coração é azul e te alimenta sem descanso
essa é tua mãe no interior da ira;
a mulher que não esquece e está nua no silêncio,
essa foi a música dos teus olhos.

Vertigem na quietude: pelos espelhos entram substâncias
corporais e as pombas ardem. Desenhas juízos e tempestades
e lamentos.

Assim é a luz da velhice, assim
a aparição das feridas brancas.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Instinto, razão e obscuridade


Eu lamento aqueles poetas que se guiam apenas pelo instinto; parecem-me incompletos. Na vida espiritual dos primeiros deve vir a acontecer uma crise quando eles pensarem a sua arte e descobrirem as leis obscuras em consequência das quais eles criaram e produziram, arrastados por uma série de preceitos cujo divino objectivo é a infalibilidade da criação poética.

Charles Baudelaire (1821-1867), citado por W. H. Auden, in The Dyer's Hand (pg. 42).

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Revivalismo Ligeiro CCLXXVI

Lembranças de Antuérpia


A Bélgica é um país pequeno, mas tem edifícios enormes a atestar, de forma inequívoca talvez, um passado imperial (Congo, Ruanda...), ainda que muito breve, em tempo de seu exercício...
A estação ferroviária de Antuérpia, construída entre 1895 e 1905, é um bom exemplo dessa desmesura, embora hoje razoavelmente aproveitada nas suas três plataformas de vias para comboios de vários destinos europeus.



Ponto turístico de consenso geral, como para mim é, do ponto de vista particular, a livraria De Slegte, à beira da casa(-museu) de Rubens, pintor que eu já não frequento por devoção artística, também pela sua desmesura de celulites, tão bem expressa no Rapto das Filhas de Leucipo (hoje, em Munique), que colhia as minhas preferências juvenis, em detrimento dos retratos da também nutrida Hélène de Fourment.



A De Slegte, comedidamente distribuída por três andares, dedica um deles aos livros usados, a bom preço normalmente. De lá trouxe, há uns anos, uma abada de livros de Simenon que me faltavam, sem esportular muitos euros. Desta vez, tive menos sorte. Mas ficaram-me os olhos num Le Marteau sans Maître, de René Char, na sua edição original (500 exemplares), autografada, acompanhada de uma carta do poeta francês, justificando a oferta. Pediam 600 euros pelo lote, mas eu não estava preparado para tanto...



Tive de me contentar com a versão francesa de An der Zeitmauer, de Ernst Jünger, em muito bom estado e por abrir, que me custou apenas 10 euros, e que tenho vindo a ler, com agrado e proveito.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Adagiário CCLXXIV


Galo que fora de horas canta, faca na garganta.



Aviso: o nomadismo previsto, próximo-futuro, vai obrigar ao hibernar involuntário do Arpose, nos próximos dias de Janeiro. Até ao nosso regresso! E um óptimo 2018, para todos!

Um Concerto de Ano Novo (2018)


Tive a sorte, ou o azar, de ver a integral do Neujahrskonzert 2018, num canal televisivo, pela Orquestra Filarmónica de Viena, dirigida por Riccardo Muti. Que saudades me vieram das ousadias de Herbert von Karajan, e dos seus repertórios musicais, para estas galas de Ano Novo!...
A assistencia era, como habitualmente, a" fina flor do ...", mas com muitos rostos orientais à mistura. O sr. Muti veio engravatado e a sua seleccäo era de 12 músicas. Para além de uma obra de Suppé e outra de Alphons Czibulka (?), todas as outras 10 eram da família Strauss, a pré-finalizar com o Donau... Irra!
Em vez do sr. Muti, mais valia terem encarregado o Rieu (ficava decerto mais barato) que talvez incluisse o Für Elise, para alegria comovida dos ilustres convidados de Viena, e deste pindérico concerto, que mais me vale esquecer...

A abrir


Tocam sinos matinais, propagando-se no ar frio do primeiro dia de 2018.
O Silvester, como por aqui chamam ao último dia do ano, até contou com a Lua Cheia e o seu luar para, intermitentemente, intensificar a vista  do fogo de artifício que, das casas particulares, se foi ouvindo e vendo, até ao auge da meia-noite.
Às 11h15, está Sol, mas até já choveu um bom bocado. Para o dia primeiro de Janeiro, os 12 graus positivos, que se respiram no amplo terraco da casa, representam uma benesse inesperada do Ano Novo. Pássaros aventuram-se até aos ramos despidos das árvores, e os corvos, crocitando, vigiam do alto.
E, como do meu rifoneiro já esgotei os provérbios alusivos aos meses do ano, assim reinicio e reabro o Arpose, falando do tempo - que é sempre um tema apropriado -, neste início auspicioso de 2018, em Koblenz.
Podem ir entrando, com o pé direito...