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sábado, 9 de março de 2019

Apontamento 123: Sensaboria



[Spätdienst, proposta de tradução: Turno da Tarde]

O autor, prestes a fazer 92 anos no próximo dia 24.3., entrou, embora ao de leve, nas minhas leituras de adolescência. Nem me lembro do(s)  títulos(s) que li, nem sequer me ficou uma ambiência, o que, com frequência, representa, para mim, a recordação de um bom escritor.

No entanto, embora Martim Walser não entrasse nesse mundo de preferência de leituras, julguei, mais uma vez, que podia tentar acompanhar a criação literária alemã e, sendo ele um autor ainda vivo, encomendei o seu último livro acima reproduzido.

O livro caracteriza-se por um conjunto de temas, motivos, com pretensões literárias, em forma de jogos de palavras e balanço em fim de vida, que, honestamente, seria exercício embaraçoso dispensável. Os joguinhos, intraduzíveis, acompanhados de tracinhos infantis da filha do autor e que se encontram na capa e ao longo do livro, fazem-me lembrar alguns alunos mais afoitos.
Empregavam palavras pela simples sonoridade que, no contexto usado, não significavam rigorosamente nada.

Essa impropriedade no uso e combinação de palavras não resulta, de todo, numa obra e muito menos literária. Faz lembrar uma expressão, que utilizamos para nos referirmos a obras sensaboronas, ou seja, “é um inconcluso desejo no limiar do transe”.

A idade de Martin Walser já lhe devia ter dado algum juízo, dormindo bem antes de publicar, anualmente, um livro, evitando certas críticas que só agora consultei.

Considero, pois, que “este engano” de alma entra no rol das encomendas infelizes, e que não estaria agora a fazer monte, se tivesse tido a possibilidade de o consultar antes numa livraria. Malefício das compras “on-line”.


Post de HMJ