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segunda-feira, 29 de abril de 2024

Toponímia e proporção


 
Se, de uma forma geral, nas grandes metrópoles, a toponímia é escolhida com especial atenção e importância, pela província, muitas vezes, há um excesso de regionalismo de vizinhança que desequilibra o valor das evocações e a memória dos que são homenageados pelas autarquias.
As instituições e os ideais estão normalmente salvaguardados, como em Lisboa a República e a Liberdade, cada uma com a sua digna e longa avenida, mas também o lado poético, como na Travessa da Água de Flor, ao Bairro Alto, às vezes, é lembrado, ainda que de forma simples.
Ora, na região outrabandista, sempre que eu passo próximo da rua Jaime Cortesão, sinto um aperto de alma. Essa rua, pequena, terá 2 ou 3 casas, bermas descuidadas, suja, mais parece um beco. Próxima, extensa e povoada, asseada se situa a rua Petrónio Amor de Barros (espanhol?). E, como se não bastasse, logo se segue a arejada praceta homónima da mesma personagem.
O grande historiador nacional é que fica a perder, e muito, com esta "glória" regional (?), na toponímia...

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Citações CDLXXVI

 

"- E a República, amigo José Rodrigues*? Não diga muito mal que não somos de segredos...
- Muita léria, muito papel e poucas obras. Não tem correspondido ao que os marinheiros d'ella esperavam." (pg. 233)

Joaquim Madureira (Braz Burity), in Na «Fermosa Estrivaria» (1911).

* alferes marinheiro do cruzador Adamastor.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Da República



 "... A diferença entre uma aristocracia e uma democracia é que numa aristocracia os governantes são uma classe, especialista pelos hábitos e tradições e aprendizagem de governo, como os sapateiros, os alfarrabistas e outros artistas no seu ramo; ao passo que numa democracia os governantes são, não uma classe, mas uma acumulação de indivíduos. ..."

Fernando Pessoa (1888-1935), in Da República (Ática, 1979), página 152.


(Teoria altamente discutível, porventura...)

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Os explicadores dos pobrezinhos


É certo e sabido, nas televisões, depois de uma comunicação institucional, ainda que linear ou foleira, vem logo um pivot solícito explicar ao público pagode o conteúdo da mensagem. Mas não se ficam por aí: depois aparece um comentador avençado desse canal, normalmente apoucado das meninges, a debitar umas banalidades confrangedoras sobre o assunto.
A celebração da República, ainda que chapa zero quanto a discursos, por parte do Medina e do Belenenses, teve direito, como sempre, a explicações das catequistas do costume. Quero eu dizer, dos papagaios palradores, para elucidar o povoléu inculto e ignorante sobre o que as eminências disseram.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Divagações 135


Com o tempo, qualquer moeda se deprecia para os nacionais que a usam. E, normalmente, um imóvel terá tendência para se valorizar, ao menos, consoante os índices de inflação. No presente, e em Portugal, as subidas de preço no imobiliário, especulativas de algum modo, só se explicam, não pelo valor real das casas, mas pela intensa procura personificada por estrangeiros e pelos artíficios criados pelos mercados que se dedicam à habitação.
Ando a ler, com atenção mas intermitantemente, Problemática da História Literária (Ática, 1961), de Jacinto do Prado Coelho (1920-1984). Foi com enorme surpresa que me deparei com o nome de Benedetto Croce, crítico e teorizador literário, que é muitas vezes citado. Na altura, era um ensaísta muito frequentado, tal como Harold Bloom, aqui há 20 ou 30 anos. Quem saberá hoje de, ou lerá, Croce, nesta fugacidade e efemeridade dos tempos?
Celebra-se hoje a implantação da República, com sentimentos amortecidos em relação à data, embora com o valor simbólico de um acontecimento patriótico que marcou a História de Portugal. Daqui a 108 anos, como se irá celebrar o 25 de Abril?
Porque uma coisa são as efemérides, e outra são as efemeridades...

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Uma preciosidade...

... que, 107 anos depois, ainda vai funcionando...

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

3 pontos de vista, a propósito da comemoração da República


1. "Se a República não for mais do que a continuação da Monarquia sob outro nome, a Monarquia menos o Monarca; se representar as mesmas tradições administrativas e financeiras; as mesmas influências militares e bancárias; se fizer causa comum com a agiotagem capitalista contra o povo trabalhador; se não for mais do que uma oligarquia burguesa e uma nova consagração dos privilégios pelos privilegiados - em tal caso diremos que nos é cordialmente antipática essa pretendida república de antropófagos convertidos."
Antero de Quental, in A República e o Socialismo.

2. "O movimento do 5 de Outubro, na sua intenção, não nos seus resultados, foi feito contra o tipo de governantes que havia estado no poder. Continuar a obra da República é, antes de mais nada, realizar a intenção, não direi que levou os revolucionários a combater, mas que pôs a boa vontade e o aplauso da nação inteira por trás dos revolucionários. (...) ...Republicana, porque a Monarquia, sendo o sistema concentrador de tudo quanto nos atrasou e fez decair, tem de ser mantido fora do poder, de mais a mais, estando ainda seguindo a mesma orientação no exílio, tendo ainda os mesmos vultos que a comprometeram, não tendo ainda mostrado o menor arrependimento pelos defeitos e erros que a afundaram."
Fernando Pessoa, in Da República (1910-1935).

3. A eternização no poder, ao seu grau supremo, de uma família, por meras razões de sangue e passado, não resiste, como ideal ( mesmo respeitando os contos de fadas), a uma análise serena e racional de contraditório. Deixar ao acaso biológico a obrigação de uma continuidade de sucessão humana, no poder, sempre me pareceu contranatura e levar a situações caricatas, quando não, trágicas, na condução, ou mesmo apenas de representação de um Povo ou de uma Nação. Bastaria lembrar, por exemplo e para o efeito, as loucuras de Jorge III, na Grã-Bretanha, ou de D. Maria I, em Portugal. Fiquemos por aqui...

domingo, 5 de outubro de 2014

Corrigir o tiro


Não deixa de ser curioso constatar que nenhum português republicano, à partida, se exima de celebrar o 1º de Dezembro, ou relembre sem alegria, historicamente, essa data nossa e colectiva de restauração.
Em contrapartida, é também verdade que alguns (poucos, é certo) portugueses vejam este dia de 5 de Outubro, com grande irritação ou procurem transformá-lo numa outra data, muito menos importante, alternativa.
Claro que há muitas formas de democracia...

República


É uma das mais emblemáticas fotografias da implantação da República Portuguesa: da varanda da Câmara de Lisboa, José Relvas , na manhã de 5 de Outubro de 1910, anuncia ao povo a instauração da República. Que hoje se comemora.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Republicanismos


Este sugestivo postal, quase centenário (1916), é bem ilustrativo da época em que foi enviado, de Lisboa. A República era ainda uma criança, e não completara sequer 6 anos, de implantação. A senhora, na imagem, vê-se que faz uma abordagem descarada ao cavalheiro, que parece muito sensível e esquivo, e a olha de soslaio, temeroso. E, no endereço, em vez do formal Exmo. Sr. aparece o republicano: Cidadão...
Pouco mais de 10 anos depois, voltava-se ao princípio e aos morigerados costumes...

sábado, 5 de outubro de 2013

Reflexões lineares do comum da terra


Diz o simples:
entre a sina maléfica ou determinismo ontológico de estarmos subordinados, pelos séculos além, a uma casta ou família cuja degenerescência se vai acentuando pelo descair do lábio inferior, entre outros sintomas,
e
a possibilidade de ir escolhendo, ciclicamente, novos chefes mesmo que, entre eles, possam aparecer alguns tolos, ou virem a revelar-se alguns silvas, mas que podem vir a ser amovidos, no próximo ciclo eleitoral -
Viva a República!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Filatelia LXIX : símbolos de regime


A simbologia sempre foi uma questão maior e um veículo difusor de propaganda, a nível de correios nacionais. Se, nos estados monárquicos, a figura ou efígie dos reis, nos selos, é um motivo preponderante (a Inglaterra é o melhor exemplo), nos países de regime republicano, o símbolo é sempre uma mulher. Em França, até tem nome: Mariana, embora o modelo varie, no tempo.
Por cá, a República emitiu, logo em 1912, uma série de selos que, embora viessem a ser apelidados de Ceres, simbolizavam o novo regime, através da figura de uma mulher, também. Durante os consulados de Salazar e Caetano, o tema e símbolo desapareceram, significativamente. Só depois do 25 de Abril, em 1976, a figura feminina da República, com o barrete frígio, ressurge novamente.
São esses exemplos que damos na imagem.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Fado Republicano - Vitorino


O incrível acontece


Hoje, cerca das 09h45, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, a Bandeira Nacional Portuguesa, foi hasteada ao contrário, pela mão de Cavaco Silva, ajudado por António Costa. Viu-se perfeitamente, na RTP 1. Que "isto" andava muito mal, sabia eu, que os valores andavam às avessas, é que não...
Valha-me deus!...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Aquilino, Brito Camacho e Aljustrel


Eu já não lia Aquilino, há muito. Mas, ignorante que sou dos grandes vultos da República (1910/1925), tirante Teófilo Braga, Teixeira Gomes e pouco mais, encetei, há dias, um livro a duas mãos: Brito Camacho (1943?), por Ferreira de Mira e Aquilino Ribeiro. O primeiro traçando o perfil do homem público, Aquilino fazendo o retrato do homem de letras, que Brito Camacho também foi.
A frescura da escrita do Mestre vem logo à tona. Ora leia-se de Aquilino Ribeiro, embora ajudado por citação popular, esta pitoresca descrição de Aljustrel, terra natal de Brito Camacho, num pequeno excerto:
"...Aljustrel é vila populosa, anterior à fundação do reino, situada no fundo dum alguidar sem profundidade, picada a campina de leves acumulações como lago beliscado pelo vento. A terra ali não ondula por vagas longas e roleiras como no Alto Alentejo, os acidentes, pequenos encrespamentos do solo, sucedendo-se uns à espalda dos outros fora de linha e ordenação. Ouvi dizer a um cabreiro: «Quando o mundo se fêz mundo, isto era uma caçoila de papas a ferver. Arrefeceu de repente e ficou com estes borbotões coalhados.»..."

terça-feira, 6 de março de 2012

Pequena história (9) : Machado Santos


Comissário naval de 3ª classe, António Maria Machado Santos tinha 35 anos quando, corajosamente, se bateu na Rotunda, pela implantação da República, de 4 para 5 de Outubro de 1910. Na noite de 19 de Outubro de 1921, foi selvagem e cobardemente assassinado, em Lisboa, cidade onde também nascera. Mas o desfecho da Revolução, em Outubro de 1910, esteve várias vezes comprometido. Sobre o acontecimento, costumava dizer:
- Julgo ter sido o único oficial que se preparou para a morte como quem se prepara para um casamento.
O facto de ter usado dragonas, pormenor decorativo, terá sido importante. As forças monárquicas ao verem-no à frente, na Rua Alexandre Herculano, e com farda de gala, imaginaram que a coluna revolucionária seria numerosa, por ser comandado pelo que pensaram ser um oficial general. E fugiram...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O empate


A ser verdade, a notícia dada, hoje, pelo inefável Álvaro, ao "Diário Económico", o Governo vai acabar com dois feriados: o 5 de Outubro e o 1 de Dezembro. Poderíamos dizer que, neste braço de ferro, houve empate:
República 1 - Monarquia 1.
O que é que a Igreja  irá dar para este peditório?

domingo, 23 de outubro de 2011

Mercearias Finas 40 : Bolo-rei


Ao princípio são os lagares, onde fruta diversa (cereja, cidrão, calondro, casca de laranja, figo...) é acompanhada por pasteleiros encartados que dela tratam, adicionando-lhe água e açúcar, e a remexem profissional e semanalmente. Retirada e enxugada, esta fruta dita "escorrida" (e não cristalizada, que é um outro tipo), bem como a fruta seca laminada (amêndoas, pinhões, nozes e, às vezes, avelãs) associada às uvas passas, serão o elemento decorativo e interior, imprescindível, da massa do célebre Bolo-rei. A isto se acrescentava uma fava embrulhada, antigamente, que, dizia-se, trazia sorte a quem coubesse, na fatia de brinde, do Bolo. As pastelarias de referência fabricam-no, tradicionalmente, desde o feriado de 5 de Outubro, até ao Carnaval. Aos fins-de-semana, mas com extrema intensidade nos dias 24 e 31 de Dezembro, e no dia de Reis (6 de Janeiro).
O Bolo-rei inspira-se, dizem, na "Galette des Rois", francesa, e começou a fabricar-se em Portugal, em data incerta do séc. XIX, provavelmente, na Confeitaria Nacional, de Lisboa, propagando-se gradualmente por todo o país. É hábito respeitado, normalmente, ser o Pasteleiro-chefe com o cotovelo a fazer o buraco central, em cada Bolo-rei. Com o advento da República quiseram chamar-lhe "Bolo da República", mas a moda não pegou e, por isso, sempre manteve o nome inicial. Pelo Natal e no Ano Novo, bem como no dia de Reis, o Bolo-rei era acompanhado por Vinho Fino (Vinho do Porto particular), nas mesas onde as famílias se reuniam, festivamente.
Ora, ontem, sábado 22/10, cá em casa iniciou-se a "saison", com o primeiro Bolo-rei. Que estava muito bom. Fiz uma pequena alteração ao que é tradicional: em vez do habitual Vinho do Porto, na fotografia, dei-lhe por companheiro um Vinho de Carcavelos, dos antigos e raros, da Quinta do Barão, entre Oeiras e Carcavelos. É um vinho mais seco e data do início dos anos 70, do século passado. Posso garantir que Willy Brandt o apreciava, enormemente, porque tinha um admirador português (Miguel Cerqueira) que, todos os anos, lhe enviava uma caixa de 6 garrafas deste vinho, para Berlim, através de uma família alemã de apelido Kirchwitz, que vinha passar Agosto e Setembro, em Esposende. E Willy Brandt agradecia. Só não tinha era o Bolo-rei português para acompanhar...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Eleições Presidenciais 1976 (VII)


A feliz imagem de autoria de Vitor Peón, na sua execução e traço, remete para uma cena do filme "Quo Vadis" (1951), de Mervyn LeRoy, baseado no romance homónimo de Henryk Sienkiewicz, na sua imaginativa adaptação à epoca conturbada do PREC, e de apoio à candidatura de Pinheiro de Azevedo à Presidência da República Portuguesa.
Ursus (o actor Buddy Baer, no filme) transforma-se em Pinheiro de Azevedo nesta pega de caras que, nas filmagens do filme de LeRoy, foi executada, na verdade, por Nuno Salvação Barreto, chefe de forcados português, corajoso e bem conhecido. Lygia, papel desempenhado por Deborah Kerr, no filme, é aqui a República Portuguesa. E Nero (Peter Ustinof), o imperador romano, é personificado pelo General Costa Gomes, na altura, Presidente da República, provisório.
A força física exuberante de Pinheiro de Azevedo, na imagem, não tinha correspondância exacta com a realidade. No dia do principal comício em Lisboa, no Pavilhão Carlos Lopes, o Almirante Pinheiro de Azevedo teve um enfarte, e entrou em coma, não podendo participar no evento, para grande consternação dos seus apoiantes. Creio que o comício não chegou, sequer, a realizar-se.

A República


Ainda no Centenário, esta República, com ar algo intransigente ou decidido, mas muito singular, de Leal da Câmara (1876-1948).

P.S.: para MR, naturalmente.