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quarta-feira, 4 de julho de 2012

As primaveras que morreram de frio


É da História: as revoluções, com o passar do tempo, vão-se atrofiando, perdendo velocidade até tudo ficar, quase, como antes - não é preciso citar Lampedusa.
Mas se quisermos, neste Verão de 2012, saber o que ficou das primaveras árabes, pelos media, dificilmente o conseguiremos saber, porque o espectáculo deixou de ter interesse. E, talvez, já não venda. Acesa, apenas a Síria, porque lá ainda se morre, numerosamente. E a morte vende sempre.
Do Egipto, a Irmandade Muçulmana ganhou as eleições, mas os generais aperrearam a legislação e continuam a dominar. Da Líbia, vem um pesado silêncio. E da primeira das primaveras árabes, da Tunísia, vale a pena traduzir algumas palavras de um artigo do último "L'Obs": "...Mas os políticos confiscaram os seus sonhos: nada mudou, senão o custo de vida que duplicou. «Para fazer uma salada de tomates, tenho que pedir um empréstimo», diz ele. E depois: «Detesto esta revolução.» E ainda: «No fim de contas, vivia-se melhor no tempo de Ben Ali.»" 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Cepticismos


Talvez pela idade, talvez por cepticismo, raramente me abandono, com facilidade e de imediato, à euforia mediática, tantas vezes leviana e superficial, com que se saúdam mudanças de regimes políticos. Há que esperar, até ver. Basta-me o exemplo do Irão, na sua transição do Xá Reza Pahlevi para o ayatollah Khomeini, para fundamentar a minha prudência e reserva.
Sobre as ditas Primaveras árabes, presentemente e ao que parece, a Tunísia, em questão de liberdades, não vai lá muito bem; o Egipto, após a restauração da democracia (?), já conta várias mortes na sua agenda política. E, na Líbia, o país está ameaçado por cisões territoriais importantes. Mas com o apanhar das canas, depois dos foguetes delirantes, já pouco se importam os jornalistas incipientes, grande parte dos jornais, e muitos dos canais televisivos. Já estão noutra onda de euforia...
A propósito da liberdade intelectual, nos dias de hoje e na Tunísia, a situação não é brilhante, nem saudável. Pierre Assouline, no "Le Monde" (2/3/2012), cita uma romancista do país (Azza Filali?) que terá dito: "Conhecemos mais escritores que morreram por causa da sua escrita, do que escritores que tenham vivido da sua escrita". Como metáfora, parece-me concludente. E suficientemente elucidativa para me permitir a mais comentários... Por aqui me fico.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cuidem-se!


Portugal junta-se, hoje, à Irlanda e à Grécia, neste suicídio, para já, microcósmico europeu. Por erros próprios, é certo - também. Mas cumprindo uma estratégia obscura, de natureza económico-financeira que visa a destruição do euro, como moeda comum e solidária, e minar a coesão dos paises da Europa. Fatiar para enfraquecer, ressuscitar os egoísmos de sobrevivência, é o objectivo mais imediato. E recuperar aquilo que as ratazanas cinzentas perderam com a crise recente e anterior. Embora alemã, a Sra. Merkel nunca deve ter lido Brecht. Muito menos o napoleãozito de ascendência húngara, com os tacões das botas reforçados, que deve ter ficado todo contente por poder mandar bombardear a Líbia - ele, que nunca tinha entrado numa guerra. E já nem falo no "Camarão"...

Seguir-se-ão a Espanha, a Bélgica, a Dinamarca, a Itália... - a sequência é arbitrária para as agências de ratos (rating agencies), desde que consigam atingir os seus crapulosos objectivos.

Mas, à falta de solidariedade europeia, soma-se o provincianismo sedento de poder e a falta de coesão nacional portugueses. Seria pior o P.E.C. IV do que a entrada do F.M.I., em Portugal? Quem se lembrar dos anos de chumbo de 1983-4, com certeza, sabe a resposta.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Sem comentários

As visitas que me desculpem algumas inconveniências do vídeo, mas não quis censurá-lo.

Com os melhores agradecimentos a C. S..

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A quente


É difícil e arriscado, ainda para mais de uma perspectiva centralista europaízante, interpretar, a quente, o "terramoto" político e social que varre o Norte de África. E nada garante o optimismo, nem que, de velhas ditaduras, estes países, não possam caminhar, a médio prazo, para novas ditaduras. Mas talvez valha a pena, a benefício de inventário, traduzir o início do editorial de Jean Daniel (pied-noir como Albert Camus), em Le Nouvel Observateur que saíu hoje. Segue:
"O que surpreende decisivamente mais nestas intifadas de mãos nuas que se oferecem ao combate, destes sublevados da «primavera árabe", é que eles não pegam em armas e, na Líbia sobretudo, oferecem o seu peito. Não temos aqui kamikazes, partidários fanáticos de atentados suicidas. Eles não matam, deixam o pecado de matar aos seus inimigos. Dir-se-ia que eles sabem aquilo que Albert Camus faz dizer a um dos seus heróis: «De cada vez que um oprimido pega em armas em nome da justiça, ele dá um passo no campo da injustiça.» Eles impõem a força imensa e colectiva da sua própria e única presença. Eis o que os separa dos cavaleiros do extremismo. ..."