Quem deixou família, ainda tem quem o defenda ou proteja de barbaridades póstumas e apropriações indevidas e malfeitorias mal atribuídas.
É o caso de um poema de Sophia, fracote, que corre mundo pela net, como se fosse dela, não sendo. E é o que, normalmente, acontece quando não se cruzam dados e, à falta de biblioteca, se recorre a empresas de cultura barata e pindérica da net, como "O Pensador", "O Citador" e quejandos, para referir textos consagrados de autores célebres. Não se julgue porém que figuras prestigiadas, por preguiça académica, não copiam também de outros, às vezes, incorrendo assim no erro e pecado original. António José Saraiva, por exemplo, num trabalho, para a Clássicos Sá da Costa, atribuiu a Correia Garção alguns sonetos que são, realmente, de Cruz e Silva. E Jacinto do Prado Coelho, copiando de Júlio de Castilho, produziu algumas incorrecções num pequeno ensaio sobre o Abade de Jazente (Paulino António Cabral). No melhor pano cai a nódoa...
Dizia eu, no início, que sorte tem quem deixou família. Porque uma das filhas de Sophia tem procurado limpar o nome da Mãe, de excrecências menores que, falsamente, lhe são atribuídas por esses amadores rasteiros de poesia, que pululam neste mundo ignaro. Eugénio de Andrade não teve essa sorte, mas por outros motivos. Bem mesquinhos - diga-se.
Leio, no TLS (nº 6043), que Jane Austen conta, presentemente, com 330 descendentes. Sorte dela! E deles, ao mesmo tempo. Que lhe vão aproveitando a marca e o nome, para ir ganhando fama e para ir produzindo publicações menores e até produtos comerciais, que têm tido grande sucesso à custa da célebre romancista, cujo bicentenário da morte se comemorou, recentemente.
Isto, para o comércio, não há ninguém como os ingleses!...
Isto, para o comércio, não há ninguém como os ingleses!...