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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Últimas aquisições (20), e primeiras de 2020


Não é que me faltasse leitura, mas alfarrabista que se me atravesse no caminho corre quase sempre o risco de vir a ser devassado. Desta vez foram 4 livros (3 livrinhos e um livrão [mais de 1.300 páginas]) que trouxe para casa, neste começo de ano. Esportulei 14 euros, bem aplicados, na Bizantina, à rua da Misericórdia. Até porque eu andava com vontade de ler uma biografia de Franz Schubert. Esta da Fayard deve ter alguma qualidade...


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Variações tangenciais, em volta


Penso que não há sino que, ao ouvir-se, não nos convoque para sons semelhantes na memória de outros locais e idades. Quem traga consigo Pessoa ou Donne ("...que ele também dobra por ti."), estenderá, decerto, mais longe o seu alcance e a humana tentação de compreender. 
Entre a voz do muezin, do alto do seu minarete (tecnologicamente amplificada por microfones, ou não) e o som puro, metálico dos sinos, há a diferença de grau que vai da voz humana até à música, mesmo que em estado primitivo. Que se me perdoe pensar que, neste caso, existe uma evolução cultural. Não tanto, é certo, como entre a barbárie e o século das Luzes.
Não é preciso evocar Nietzsche (1844-1900) e o seu anúncio da morte de Deus. Ocidental, de facto.
Mas é útil, sempre, ter fé. Nem serão preciso velas ou flores, nem câmeras de televisão e palavras compungidas, normalmente primárias e redundantes, ordenadas em coro mediático estandardizado. Bastará uma fé discreta, íntima e silenciosa, moderada, talvez. Laica, de preferência.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

3 fragmentos para um massacre


Le XXIe siècle sera religieux ou ne sera pas.

André Malraux (1901-1976).
...
Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco.

Eugénio de Andrade (1923-2005).
...
Por isso, não mandes perguntar
por quem o sino dobra,
que ele, também, dobra por ti.

John Donne (1573?-1631).

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

De John Donne, as palavras eternas


Considerado o maior poeta inglês, dos chamados "metafísicos", John Donne (1573?-1631) é sobretudo conhecido pelo que muitos julgam ser um poema, que começa assim: "No man is an island..." Clérigo, de exercício, essas suas palavras, no entanto, são apenas o terceiro parágrafo (em prosa) da chamada Meditation XVII. Já no século XX, foram glosadas por Hemingway, em título de livro famoso - For whom the bell tolls.
Respeitando a tradição, aqui tentamos uma versão livre, em verso português, das suas perenes palavras:

Nenhum homem é ilha,
inteiro em si mesmo.
Cada um faz parte do continente,
pequena parte de um todo.
Se um pouco da terra for banhada pelo mar,
a Europa não o será menos.
Como tudo aquilo que é teu
será também do teu amigo.
A morte de um único homem
diminui-me, porque estou ligado
a toda a humanidade.
Por isso, não mandes perguntar
por quem o sino dobra,
que ele, também, dobra por ti.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sobre a criação em Poesia



Thomas Stearns Eliot (1888-1965), norte-americano naturalizado inglês em 1927 e, mais tarde, convertido ao catolicismo, foi um poeta e notável ensaísta. Num estudo importante sobre os poetas metafísicos ingleses, de 1921, incluído depois nos seus "Select Essays", T. S. Eliot diz o seguinte:

"Para Donne, um pensamento era uma experiência, modificava a sua sensibilidade. Quando o espírito de um poeta está perfeitamente organizado para o seu ofício, ele ocupa-se, continuamente, a entrelaçar os dados díspares da sua experiência. Os dados da experiência do homem comum são caóticos, irregulares, fragmentados. Quer ele se apaixone, quer leia Espinosa, estas duas experiências nada têm a ver uma com a outra, ou, pelo menos, não mais que o ruído da máquina de escrever com os ruídos que vêm da cozinha; mas, no espírito do poeta, estes dados reúnem-se sempre para formar uma nova coerência."