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segunda-feira, 30 de junho de 2025

Teixeira Gomes

 


Em imagem, são duas das obras fundamentais na bibliografia de Manuel Teixeira Gomes (1860-1941), para melhor compreensão da vida e obra do escritor algarvio. A primeira, que tem como autor o jornalista Norberto Lopes (1900-1989), a segunda de Urbano Rodrigues (1888-1971), cujo filho, Urbano Tavares Rodrigues (1923-2013), reincidiu familiarmente com pelo menos 4 estudos sobre o mesmo prosador. Circunstância feliz, semelhante ao que aconteceu com os Prado Coelho no estudo continuado de Camilo Castelo Branco.
(Até parece que há gostos que se transmitem nos genes.)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Recomendado : setenta e sete - correspondência de Teixeira Gomes


Nestas cartas e postais endereçados a João de Barros (1881-1960), palpita movimento e vida. Melhor diria, alegria e raiva de viver. A correspondência, que vai de 1919 a Julho de 1941, poucos meses antes da morte de Manuel Teixeira Gomes (1860-1941), nunca é monótona, mas de leitura agradabilíssima.
Impressões de viagens, descrições paisagísticas lindamente escritas, opiniões políticas e cortes na casaca, com apreciações por vezes acerbas e duras sobre alguns políticos da época e escritores coevos e confrades, a correspondência inclui também textos de ficção-realidade de grande beleza. De que eu destacaria uma descrição de um Copejo algarvio, de grande realismo, à altura dos textos de Raul Brandão e Paul Valéry, sobre o mesmo tema.
Altamente recomendável a leitura deste livro, com um interessante prefácio da jornalista Manuela de Azevedo (1911-2017), só é pena que a obra tenha tido pouca divulgação. Aqui estou, porém, a fazer a minha parte, lembrando-a...

os maiores agradecimentos a H. N..

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Preferências, povos e culturas


Não sei, francamente, se nos anos 60/70 portugueses chegou a haver uma acentuada divisão entre quem adorava Londres e quem idolatrava Paris. Naquela acentuada ferocidade entre sportinguistas e benfiquistas, que hoje existe. Como, hoje, a juventude se divide entre Berlim e Nova-Iorque, porque se esquece ou se envergonha do que é terrunho e nacional.
Embora haja uma devoção portuguesa, inquebrantável, pela cultura francesa, (muito superior à que existe em relação à inglesa) que já vem, pelo menos, desde o séc. XVIII aristocrático, de quando estive em Paris, não guardei grandes recordações dos franceses. Gostei, sim, do Louvre e das baguettes.
Manuel Teixeira Gomes (1860-1941), PR da I República e homem político que tinha mundo e gosto, parece também ter preferido a capital inglesa, em detrimento de Paris. É o que se depreende destes 2 pequenos fragmentos, do seu Londres Maravilhosa:

Emquanto a «enfeitada» Paris - modelo de todas as mais marafonas modernas - só cuida de nos chegar aos lábios os bicos, ungidos de capitoso mel, das suas tetas sovadas, mas engrinaldadas, ...

Nos seus arrebiques, como nas suas arguciosas pesquisas, «Paris» tudo tende a espiritualizar e tudo por lá resulta matéria; em «Londres» a imensidão da matéria só pode ser sentida por espiritualizações delicadas. Toda a gente gosta de discretear a respeito de «Paris»; eu prefiro lembrar-me de «Londres». ...

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Do tom


Os encómios, de leituras minhas recentes, que convergiam para A Ilustre Casa de Ramires, como obra preferida de V. S. Pritchett e Costa Pimpão, da bibliografia de Eça de Queiroz, levaram-me a repegar no volume e retirá-lo, da estante da biblioteca, levando-o para a mesinha de cabeceira. Até porque era o único romance de Eça de que eu não tinha a certeza absoluta de ter lido até ao fim. Depois, aquele carimbo circular da Livraria Académica, de Manaus, só poderia ter vindo do meu Tio Jorge, que andara pela Amazónia dos Brasis, em tenra e, muito provavelmente, difícil juventude... 
Foi, efectivamente, o reencontro confirmado. Com aquele atmosfera bem disposta, de gozo e de ironia, que faz reconhecível o tom ou estilo do "pobre homem da Póvoa de Varzim". Tal como a ambiência melodramática é a marca de água da escrita de Camilo, embora temperada, algumas vezes, por uma ironia mais sofrida. Para não falar do tom pungente de algumas obras de Raul Brandão, mais anoitecido ainda na prosa minhota de Tomaz de Figueiredo. Em contraponto com a algarvia claridade do tom de Teixeira Gomes, sulista e solar.

domingo, 27 de maio de 2012

De Tunes, para Columbano


Da cidade africana, em 11/12/1926, escrevia Manuel Teixeira Gomes (1862-1941), dizendo:
"...Pela vida fora pouco me tem atormentado a saudade, sentimento que, afinal, não é exclusivo de portugueses mas ao qual o português, mais choramingas que os outros povos, se pega como se fosse a guitarra. O presente sempre me trouxe entretido e enlevado e, se dele desviava o pensamento, era para prever e fantasiar o que seriam os encantos do futuro. Sinto-me morrendo lentamente com esta constante evocação do passado; demasiado me comprazo em olhar para trás: é a impotência de quem nada tem já a criar. No dia em que se me acabar a curiosidade do futuro, (que mais não seja do dia seguinte) e eu não tiver olhos, nem pensamento, senão para o passado, estará consumada a minha verdadeira morte, e não serei mais do que um cadáver ambulante...Como vê não estou hoje nos meus dias cor-de-rosa! ..."

Nota: Manuel Teixeira Gomes nasceu em 27 de Maio de 1862. Exactamente, há 150 anos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Memória 26 : Teixeira Gomes



Passam hoje 150 anos sobre o nascimento de Manuel Teixeira Gomes (1860-1941). Comerciante, diplomata, político, é como escritor que é mais conhecido. Foi embaixador em Londres, no início da República, e num período particularmente difícil das relações entre os dois países. Presidente da República de 1923 a 1925, demitiu-se do cargo ("A política longe de me oferecer encantos ou compensações converteu-se para mim, talvez por exagerada sensibilidade minha, num sacrifício inglório."), tendo, pouco tempo depois, partido para um exílio voluntário em Bougie (Argélia) onde permaneceu até à morte. Escritor fragmentário e disperso, a sua escrita é portadora de uma extrema elegância e de uma clara luminosidade que denuncia as suas origens marcadamente mediterrânicas.