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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

O estado das (des)Humanidades



Comprei há dias, a preço de saldo (6 euros), um conjunto de ensaios camonianos muito interessantes, editados pela Livros Cotovia (2008), e de autoria do professor catedrático Vítor Aguiar e Silva (1939). Escritos de uma forma simples, trazem uma série de achegas fundamentadas sobre a obra lírica e épica de Luís de Camões. Aquando do lançamento, a obra custava 25 euros.
Exactamente há 40 anos (1981), os Arquivos do Centro Cultural  Português, em Paris, da Fundação Calouste Gulbenkian, produziram um grosso volume de 858 páginas, todo ele dedicado a Camões e à sua obra. Os ensaios pertenciam e contavam 21 camonistas portugueses, bem como acolhiam estudos de mais 18 colaboradores estrangeiros. Grande parte deles ensaístas de renome.
O preço reduzido de saldo que referi, no início, é um seguro indício do desinteresse que a obra terá despertado. Simultaneamente, hoje, eu teria extrema dificuldade em nomear 5 nomes, para além de Aguiar e Silva, de camonistas de reconhecido mérito, a leccionar em universidades portuguesas...

terça-feira, 1 de maio de 2012

Recuperar a cultura humanista da Europa



O Suplemento 2 do Público trouxe-nos, no Domingo passado, um trabalho jornalístico que, pelo apelo à reflexão, se torna cada vez mais raro. Numa entrevista de Teresa de Sousa a Rob Riemen, do Nexus Institut, falava-se da essência – da herança cultural clássica, da Filosofia, da Literatura – como imperativo para recuperar os valores espirituais da verdade, da beleza e da justiça, expressão de uma verdadeira democracia, em detrimento de uma democracia de massas, baseada numa cultura “kitsch” que impede o pensamento crítico.
Da análise crítica e desassombrada do rumo político e social da Europa, prevalece o apelo ao humanismo europeu como “ideal a que devemos aspirar”. No entanto, o entrevistado identifica bem os responsáveis por essa “democracia de massas”, i.e., uma classe dirigente “absolutamente focada nos seus próprios interesses, que têm a ver com o dinheiro e o poder, que fez emergir aquilo a que chamo cultura kitsch”. Por conseguinte, “a nossa classe política nunca conseguirá resolver os nossos problemas porque ela é o principal problema”. A estreiteza de espírito dos nossos dirigentes não lhes permite, em vez de “salvar os bancos”, preocupar-se com as pessoas, “facultar-lhes o acesso à arte, à cultura, aos livros … para que possam tornar-se seres humanos críticos”. Enfim, diríamos com tudo o que tem sido alvo de cortes, em nome de numa ideologia, o capitalismo, que o entrevistado refere, juntamente com outros fundamentalismos, como o religioso ou outra qualquer forma de fascismo ou nacionalismo.
As palavras dedicadas ao sistema de educação não podiam ser mais eloquentes, resumindo, na essência, o que já abordámos noutro post. “Só interessa um sistema de ensino que seja bom para a economia [Belmiro/Sonae, etc agradecem] e para o Estado, ou seja, para uma classe de privilegiados, avessa a seres humanos capazes de pensar autonomamente. Num alerta relativamente aos jovens, as primeiras vítimas e mais vulneráveis desta sociedade, o entrevistado também é claro sobre a tendência de voto na extrema-direita. A sociedade kitsch fez com que acreditassem que cada um vale pelo que tem, o tipo de roupa, o relógio, os sapatos e se não “encaixares, não és nada. Querem apenas estar no Facebook e poder dizer: este sou eu”.
Sobre a miséria cultural da nossa classe dirigente, sublinhada por Rob Riemen, não resisto a acrescentar uma imagem esclarecedora:


com o ar embevecido perante um futebolista, a quem, segundo o jornal DIE ZEIT, até mandou “cartas de amor”.
Por fim, não resisto a denunciar, neste 1º de Maio, o capitalista selvagem que, despudoradamente, se aproveitou do feriado para lançar uma campanha abjecta de descontos, usando a “crise” e a “democracia de massas” em proveito próprio e, tal como o Wilders, da Holanda, país onde colocou o seu dinheiro, não é um democrata.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Por várias razões...





...e, sobretudo, por algumas das palavras do discurso de Albert Finney.