quarta-feira, 30 de junho de 2021

Do que fui lendo por aí... 44

 

Após um doloroso período sem nada, com a ajuda de um oficial de Informações da Força Aérea, lá consegui arranjar mais umas garrafitas de Canadian Club, de que ninguém parecia gostar, e através de outro oficial da Marinha (que no seu barco-patrulha à prova de submarino ia todos os meses a Bissau, na Guiné Portuguesa, buscar correspondência para o cônsul), também arranjei garrafões empalhados de bom vinho português, branco e tinto, e que, por não ter de pagar direitos, ainda melhor sabia. O gim é que continuava a ser um problema. (pg. 87)

Os barcos portugueses vindos de Angola tinham de ser todos revistados, por causa do tráfico de diamantes e de correspondência ilícita, mas isto não me dizia respeito - essa tarefa pertencia ao comissário da polícia que representava o MI5. (pg. 88)

Graham Greene (1904-1991), in Caminhos de Evasão (Ways of Escape, 1980).

terça-feira, 29 de junho de 2021

Pinacoteca Pessoal 175



Familiarmente ligado a actividades marítimas, Eugène Boudin (1824-1898) sempre privilegiou nas suas telas paisagens e cenários ligados ao mar. A luz, o tratamento dos céus, as marinhas de Boudin foram uma fonte de inspiração para Monet, que muito apreciava a sua obra. De Millet e Corot recebeu aquele algumas influências iniciais que rapidamente foram ultrapassadas na maturidade profissional.



Também Baudelaire lhe gabava os trabalhos, embora outros, talvez de forma irónica, denominassem Boudin como "pintor de praias". É considerado, ainda hoje, um natural precursor do impressionismo.



segunda-feira, 28 de junho de 2021

Mercearias Finas 170

 

Nunca fui muito de restaurantes superfinos ou de moda, e também não fui atraído jamais pela estética de encher a barriga com a nova cozinha que ajudou a promover alguns cozinheiros inteligentes e oportunistas. As minhas experiências gastronómicas nunca foram muito além da Cozinha Velha (Queluz), da Bica-do-Sapato (Lisboa) ou do Palace do Bussaco, onde infelizmente até me serviram, à sobremesa, um bolo de chocolate ressequido, que, reclamando, deixei quase inteiro no prato, dessa vez que lá fui. Não fossem os vinhos...



Depois do 25 de Abril, um dos meus restaurantes predilectos era o Rio Grande, ao Cais do Sodré, que apresentava, pelo Verão, uns Mexilhões à Espanhola, de apetite, um aprimorado Cozido à Portuguesa, pelo Inverno, e um bem confeccionado Polvo à Lagareiro, bem saboroso. A garrafeira, no entanto, era modesta e limitada nas opções. O restaurante mudou e rejuvenesceu de gerência, em tempos recentes, mas não deixou os seus créditos por mãos alheias. Há poucos meses, em companhia de HMJ, comemos lá uma magnífica Chanfana que fazia jus às melhores da Bairrada.
E não posso esquecer que foi lá que jantei, pela última vez, com o meu bom amigo J. J. C. G., (Retratos [4], 10/10/2011) antes dele regressar a Moçambique (onde viria a falecer), numa noite de Verão, de há muitos anos atrás. Estes factos ficam na memória para sempre, enquanto estivermos vivos.

sábado, 26 de junho de 2021

Ideais

 


Estes cartazes publicitários de uma conhecida marca de gelados, e que proliferam em tudo quanto é esquina visual portuguesa, ilustram bem a pequenez de horizontes que dominam estes nossos tempos abaixo de cão. E tão rasteiros de ideais... Mas também a menoridade mental dos nossos publicitários de serviço.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Censura em Poesia

 


Não era muito frequente, ao que julgo, a Censura debruçar-se e apreender, em tempos estadonovistas, algum livro de poesia; a prosa sempre gozou das suas preferências - até porque atingia mais leitores. Mas foi o que aconteceu com o nº 18 da colecção Cadernos de Poesia, Minha Senhora de Mim, de Maria Teresa Horta (1937), editado pela Dom Quixote, em Abril de 1971, cujos autos de apreensão datam do mês de Junho, há 50 anos, portanto.



Em boa hora o jornal Público resolveu reeditar esse voluminho da prestigiada colecção, a preço módico.

Revivalismo Ligeiro CCLXIV

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Filatelia CXLIV



Nos últimos anos, em Portugal, foram desaparecendo uma grande quantidade de lojas filatélicas (Eládio, Santana, Afinsa...), acompanhando, de algum modo, o fecho de livrarias e estabelecimentos especializados, que foram sendo ultrapassadas pelo voraz comércio da blogosfera e quejandos. Os mais significativos estabelecimentos de venda de selos para colecção chegaram a editar revistas próprias, como por exemplo o Mercado Filatélico (Porto), com colaborações e trabalhos bem interessantes de filatelistas portugueses de reconhecido mérito e saber. A revista portuense, de que editamos em imagem 2 capas, publicou-se durante mais de 20 anos. Tinha uma tiragem de 3.000 exemplares, nos anos 70, e custava Esc. 25$00. Outros magazines temáticos foram  surgindo, embora de menor qualidade e mais curta duração. Hoje, quase tudo desapareceu. E faz falta para um maior aprofundamento e conhecimento da filatelia nacional.





Lá fora, estas publicações, muitas delas já antigas e de grande qualidade, continuam a publicar-se. A mais importante que conheço dá pelo nome de Stamp Monthly e é pertença da célebre casa filatélica inglesa Stanley Gibbons (Strand, Londres). A publicação, favorecendo naturalmente os estudos sobre selos do Reino Unido e da Commonwealth, aborda também a filatelia estrangeira, como é o caso anunciado nesta capa, com um trabalho notável sobre os clássicos da Dinamarca.





Na iconografia deste poste deixamos também imagens de capas de mais duas revistas filatélicas de boa qualidade que são editadas, entre muitas outras publicações, na França e na Alemanha.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Títulos, números e dúvidas



Afinal, em que ficamos?!
( Arranjem lá um contador fiável, de uma vez por todas, s. f. f.!!!... )

terça-feira, 22 de junho de 2021

Apontamento 141: Nos 120 anos da Sociedade Internacional de Gutenberg [Internationale Gutenberg-Gesellschaft]

 


A 23 de Junho de 1901, há precisamente 120 anos, instituiu-se, em Mainz, na Alemanha, a Internationale Gutenberg-Gesellschaft [Sociedade Internacional de Gutenberg].

Tendo por objectivo manter vivo o espírito inovador de Johannes Gutenberg, a Sociedade dedica-se, desde então, ao estudo e à divulgação de trabalhos relevantes sobre a imprensa, desde o início ao desenvolvimento actual, editando, anualmente, o Gutenberg-Jahrbuch [Anuário].

Na sua página electrónica, a Internationale Gutenberg-Gesellschaft - https://www.gutenberg-gesellschaft.de/ - refere que existem 800 membros em 31 países, não querendo deixar, no que me diz respeito, de assinalar a efeméride, como dever de associada há anos.

Embora lamentando uma escassa actualização sobre os estudos da História do Livro e da Tipografia em Portugal – certamente por ausência de participação nas actividades da Sociedade por parte de investigadores portugueses - continuo a encontrar contribuições muito valiosas, todos os anos, no anuário. Sublinha-se que os sócios costumam receber a publicação por volta de Julho.

Portanto, está para breve o prazer de receber o novo volume pelo correio.

Post de HMJ

Títulos e dúvidas

 


E não chegam?

Os estorninhos



Dos pássaros que consigo identificar com mais facilidade, o estorninho terá sido das últimas aves com que travei conhecimento visual. Em bandos, sobre o Tejo, através de nuvens movimentadas e atraentes. As ilustrações coloridas de Allen W. Selby e os pequenos textos (Brian Vesey-Fitzgerald) deste Book of British Birds (1954), em 3 voluminhos, embora simplórios, dão uma ideia destes pássaros gregários, cujos grupos são mais visíveis e frequentes em finais de Setembro/Outubro. O livro dá-os como habilidosos e capazes de imitar o canto de outras aves. Mas achei curioso e estranho que a casca dos seus ovos fosse de cor azul...

domingo, 20 de junho de 2021

3 fragmentos (traduzidos) do "Bloc-notes III" de François Mauriac (1885-1970)



Vendredi 13 septembre 1963

Este bem-estar totalmente físico, depois de uma noite em que até pouco dormi, e que eu sinto esta manhã olhando as colina em que o tempo se vai fazendo bom, faz-me admirar que me tenha sido concedido já nestes confins da vida. O nosso corpo surpreende-nos e nós debruçamo-nos atentos sobre ele, à escuta deste batimento infatigável que não pára nunca (e todavia ele cessará um dia próximo). (pg. 396)

Mercredi 18 septembre 1963

Nunca a natureza foi mais hostil ao homem, mais deliberadamente hostil do que no nosso Sudoeste, neste outono de 1963. Tenho sido muito desiludido nas minhas primaveras e outonos. As bem-amadas estações não são belas senão através dos nevoeiros da memória, confundidas com a nossa infância, com os primeiros amores - como se os desaparecidos tivessem transferido para essas estações a luz do seu olhar, o seu calor e essa ternura que nós procuramos junto dos vivos. (pg. 398)

Vendredi 4 octobre 1963

Nada se perde para sempre. As vindimas atrasadas começaram enfim sob um céu triste. O dilúvio parece ter-se interrompido. A casa assemelha-se à arca, a minha colina a Ararat e, como o velho Noé, eu abro a janela e projecto em pensamento uma pomba em liberdade por sobre o campo encharcado de chuva.
O vinho será fraco de graduação. Não importa : a colheita pode ser salva. (pg. 404)

sábado, 19 de junho de 2021

Citações CDLVIII



O que sei aos sessenta, já o sabia eu aos vinte. Quarenta anos de distância, e de um supérfluo trabalho de verificação. 

E. M. Cioran (1911-1995), in De l'inconvenient d'être né (Gallimard, 1973).

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Ideias fixas 62

Não vale a pena estar a gastar dinheiro para contratar psicólogos, sempre prontos, aliás (quais confessores!), para apoiar inconsoláveis pais desestruturados de cabeça e organização: ou as criancinhas são excessivamente aventureiras e rabinas, para se perderem logo de manhã cedo para o exterior das casas; ou os pais distraídos e incapazes para exercer as suas obrigações mínimas e naturalmente previsíveis de guarda.
Por aqui, a tolerância não cabe!

Acordar com Philippe Musard (1793-1859)

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Divagações 171

 

Estável embora e em si, do ponto de vista abstracto, o tempo assume ritmos diversos sensoriais subjectivos conforme as expectativas de quem o vive, consoante o agrado, a indiferença ou o desagrado do momento e do futuro. E nada, nesse particular, permite acelerá-lo ou retardá-lo, apesar  dos nossos desejos mais íntimos.

Do rifoneiro castelhano (16)


1. ( Médicos errados, papeles mal guardados y mujeres atrevidas, quitan las vidas. )
    Médicos enganados, papéis mal guardados e mulheres atrevidas fazem perder vidas.

2. ( La olla sin cebolla, es boda sin tamboril.)
    A panela sem cebola, é como boda sem tamboril.

3. ( Ni de puta buena amiga, ni de estopa buena camisa. )
    Nem de puta boa amiga, nem de estopa boa camisa.

4. ( El vino alegra el ojo, limpia el diente y sana el vientre. )
    O vinho alegra o olho, limpa o dente e sana o ventre,

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Haikai de Kyoroku

 

Ela ondeia as barbatanas
pelo fundo das águas,
sinuosa, a carpa sonhadora...


Kyoroku (1652-1715)

terça-feira, 15 de junho de 2021

Bibliofilia 189



No ano anterior (1891) a ter composto o, para o poeta português António Nobre, o impressor parisiense León Vanier produziu nas suas oficinas uma das últimas obras poéticas de Paul Verlaine (1844-1896) - Chansons pour Elle. Não sendo embora das produções mais conhecidas, o conjunto revela a maturidade atingida pelo poeta francês. O livro, de 56 páginas, teve uma edição especial em papel japonês. A edição comum, não sendo rara, não é muito habitual aparecer à venda.



Pela net, encontrei algumas ofertas de venda de exemplares desta primeira edição de Verlaine. De França, em 2013, da Articurial, era pedida, por uma edição especial, a quantia de 9.099 euros, sendo que o livro era acompanhado por um manuscrito autógrafo do poeta. Da impressão comum, os preços oscilavam entre 338,24 euros (Ebay Holanda) e 800 (Librarie l'Ancre Aldine).




Em finais dos anos 80 do século passado, tive oportunidade de comprar, na Rua do Alecrim 44 (Lisboa), um exemplar da edição comum, por Esc. 2.200$00. Este livro teria pertencido, muito provavelmente, ao escritor e diplomata Alberto de Oliveira (1873-1940), que fora amigo de António Nobre.

domingo, 13 de junho de 2021

Uma louvável iniciativa 60

 


São inúmeras, até hoje, as edições do , de António Nobre (1867-1900), desde que o poeta, em Paris, resolveu entregar os cuidados da edição original ao editor León Vanier (1847-1896), em Março de 1892. Nobre fê-lo porventura porque o conceituado impressor parisiense era o preferido de Verlaine, bem como de uma boa parte dos simbolistas, decadentistas e modernos: Rimbaud, Laforgue, Mallarmé...
A tiragem do livro foi de 230 exemplares, muitos dos quais oferecidos, mas é hoje caro e raro, quando  aparece à venda em leilões e alfarrabistas.



Não tendo a impressão primeira, à minha conta possuo as seguintes edições: 3ª (1913), muito bonita e ilustrada, a 7ª de 1944, e 11ª (1959). Mas não só. Em 1992, por feliz iniciativa do poeta e diplomata (Unesco) José Augusto Seabra (1937-2004), e com alguns patrocínios, convergindo com o século da publicação da obra-prima de António Nobre, foi editada uma edição fac-similada feita com base no exemplar que fora do autor, pertença do acervo da BPMP. E com as correcções manuscritas de António Nobre. Importante, por isso. Aqui deixo, do meu exemplar, algumas  imagens, para o efeito.


Édouard Lalo (1823-1892)

Pessoa popular

 

1.
No dia de Santo António
todos riem sem razão.
Em São João e São Pedro
como é que todos rirão?

2.
Santo António de Lisboa
era um grande prégador,
mas é por ser Santo António
que as moças lhe têm amor.


Fernando Pessoa (1888-1935), in Quadras ao Gosto Popular (Ática, 1965).

sábado, 12 de junho de 2021

Actos clínicos

 

Por entre família vocabular, ao que parece, de entre zaragata e zarabatana, vem-nos a palavra zaragatoa, assim despudorada e intempestiva, com resquícios sugestivos de alguma agressividade associada. Obriga-nos a franzir o sobrolho, naturalmente, aquando do seu escarafunchar as nossas entranhas nasais em demanda do Covid 19. Cotonete mais crescido, o pequeno bastão fino é manobrado por enfermeira jovem, mas habilitada, para recolher indícios. E, no H. da O. T. de S. Francisco (Lisboa), este acto clínico, sem receita do médico de família (SNS), é tabelado a 100 euros por acção preventiva. Demora 10 a 15 minutos, na instituição franciscana...
E não me digam que não se pode fazer negócio com o bicho!?...

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Antologia (prosa) 2

 


Dimanche 13 janvier 1963

Toda a poesia é intraduzível. Se a edição bilingue dos poemas de Emily Brontë foge à regra, o mérito pertence, à partida, ao tradutor Pierre Leyris. Mas principalmente uma presença se nos impõe, uma dor, uma solidão cujo grito passa através das palavras estrangeiras e faz esquecer a música destruida: no texto francês um coração continua a bater, e eu escuto essa pulsação que se silenciou na poesia francesa de hoje, depois que Rimbaud escolheu calar-se.
A recusa em deixar o sombrio paraíso da sua infância impede Emily de respirar fora do seu presbitério natal. Haworth e da sua charneca ligados a este destino único que lhe guardam o segredo. Porque há um segredo, aqui como em toda e qualquer vida, como em toda a grande poesia, naquele tempo em que os poetas acreditavam na sua alma. O que eles chamavam poesia, era a expressão desse segredo de que eles não revelavam o nome. E talvez nem eles próprios o conhecessem. Os Brontë em Haworth, os Guérin em Cayla: destes dois «altos lugares» se eleva para mim (que teria tido um destino tão diferente desses destinos) uma lamentação, que é minha absolutamente.


François Mauriac (1885-1970), in Bloc-notes, tome III (pg. 291).

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Citações CDLVII



O grande inimigo da linguagem clara é a insinceridade. Sempre que há um espaço entre os verdadeiros objectivos e  os fins declarados efectivamente, o autor socorre-se instintivamente de longas e exaustas palavras (...) Mas se o pensamento corrompe a linguagem, a linguagem também corrompe o pensamento.

George Orwell (1903-1950), in  Politics and the English Language (1946).

terça-feira, 8 de junho de 2021

Uma fotografia, de vez em quando... (148)

 


Irritação? Curiosidade? Ou apenas a cegonha à procura de um poleiro, mais alto e mais seguro?

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Da leitura 44



"É um segredo de polichinelo que os intelectuais em regime de clausura e os homens que passam a vida emparedados entre livros e textos podem experimentar com especial intensidade as seduções de propostas políticas violentas, sobretudo quando a violência poupa as suas próprias pessoas."

George Steiner (1929-2020), in Martin Heidegger, pg. 31.

sábado, 5 de junho de 2021

Rafael Montesinos (Sevilha, 1920 - Madrid, 2005)

 


Fabula del Limonero


Debaixo do limoeiro
a rapariga dizia-me
: - Quero-te.

Pus-me então a pensar
que era melhor ser cortês.
Tirei as migas do pão.

Debaixo do limoeiro
a rapariga me deu
o seu beijo primeiro.

E juntos vimos cair
todos os limões ao chão
quando foi do amanhecer.

Debaixo do limoeiro
a rapariga me disse:
- Eu morro.

E eu já não sei onde ir
que o limoeiro me lembra
a graça do seu perfil.



Rafael Montesinos, in Canciones perversas para una niña tonta, 1946.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Diz a Lusa



Se não fosse oriunda da Agência  Lusa a novidade extravagante, eu teria pensado que talvez fosse uma fake news... Mas, ao que parece, em 2022, o Museu Gulbenkian irá inaugurar uma exposição, sobre Arte Egípcia, que o historiador português Pimentel e o curador francês Benjamin Weil intitularam, já antecipadamente, de Faraós Superstar, de forma espectacular. Não sei se a cabeça de Sesóstris III, feita em obsidiana, aparece na mostra, mas que é parecida com o rosto do director que veio do MNAA, para a Gulbenkian, lá isso é!...

Revivalismo Ligeiro CCLXIII

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Antologia (poesia) 1

 


Eugénio de Andrade (1923-2005), in Pureza * (1945).


* este terceiro livro do poeta, foi excluído da bibliografia pelo autor.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Bibliofilia 188



Vi há dias, na RTP 2, um interessante documentário (Laureano Barros, Rigoroso Refúgio) sobre o matemático e importante bibliófilo nortenho que, na sua Quinta de Fonte Cova (Ponte da Barca), foi constituindo uma enorme e valiosa biblioteca que viria a ser leiloada, no Porto, pelo alfarrabista Manuel Ferreira, em 2010. O catálogo da almoeda compreendia 6 volumes, que ainda hoje podem ser adquiridos por 120 euros, na livraria portuense.
Para quem se interesse pela bibliofilia nacional há alguns nomes míticos de personalidades que reuniram bibliotecas importantes de livros antigos e obras raras, como por exemplo: Sir Charles Louis Gubian (cujo acervo foi a leilão em 1867),  Fernando Palha (em 1896), José Maria Nepomuceno (1897), Azevedo e Samodães (1921/22), Ávila Perez (1939/1940)...
Laureano Barros (1921-2008), homem probo, rigoroso e sério, interessava-se sobretudo por primeiras edições portuguesas dos séculos XIX e XX (Nobre, Cesário Verde...), e teve, ao longo da vida, relações privilegiadas de amizade com Luis Pacheco (1925-2008), de que conservava muitos manuscritos autógrafos. Bem como tinha como amigo o poeta Eugénio de Andrade (1923-2005), de quem conservava um raríssimo exemplar (dos 53 publicados, em 1940) de Narciso, obrinha de XVI páginas inumeradas, que viria a ser renegada pelo autor, mais tarde.
O pequeno livro de poesia, com dedicatória de Eugénio de Andrade, era o lote nº 280, da primeira parte do leilão, e foi arrematado por 4.000 euros, dada a sua extrema raridade.


terça-feira, 1 de junho de 2021

Inesperadamente



Custa-me a crer, mas ao não encontrar o Público na tabacaria, foi-me dito, pelo balconista, que, como no CM os jornalistas fizeram greve, o meu jornal se tinha esgotado, por opção secundária dos leitores. Não se admite, ainda para mais num diário de direita, politicamente, e no Dia Internacional das Crianças... Lá tive que comprar, por vício de leitura, uma folha de couve medíocre, ainda mais cara (1,50 euros), e cuja única vantagem é trazer o dobro dos Sudoku, para eu fazer.



Adagiário CCCXXIII



Sardinha sem pão é comer de ladrão.