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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Da rua Tenente Valadim, na Póvoa, à rua do Alecrim, em Lisboa

Já aqui falei dela (16 de Junho de 2010), desta obra extensíssima, creio que com 51 volumes pequenos, editada pela Typografia Rollandiana, intitulada O Viajante Universal... De uma temática que as universidades classificariam hoje, imediatamente, de literatura de viagens. Iniciei-me na obra, no princípio dos anos 70, na Póvoa de Varzim, na Livraria Académica, donde trouxe cerca de 40 voluminhos.

Ora o meu estimado Bernardo Trindade, à rua do Alecrim 44, tinha a sua loja, há dias, abundante de livros, sobretudo modernos, mas também ostentava na vitrine, próxima da sua mesa, uma rara primeira edição (1644) da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, que fez questão de mostrar-me, e os Cuidados Literários..., de Cenáculo.

 


Soltos, havia três pequenos volumes do Sr. De Laporte, em muito bom estado. Sem ilusões, fui confrontá-los com a minha lista de faltas. E não é que, miraculosamente, dois deles me serviam (o XII e o XIX)? Tinha ganho o dia! Agradeci ao Bernardo e vim feliz para casa.
Ficaram a faltar-me apenas 6 livrinhos: XX, XXIX, XXXIII, IXL, XLIV e L, para a obra ficar completa.



quinta-feira, 20 de junho de 2019

Migrações


Há fenómenos que me ultrapassam e tenho enorme dificuldade em percebê-los. Mas comecemos pelo princípio, enquadrando os factos, tal como os conheço.
Sempre conheci Coimbra desprovida de alfarrabistas. Mais precisamente, havia apenas uma pequeníssima loja de livros usados, na Alta, numa ruela que ia dar ao C. A. D. C. Sempre me perguntei, nesse início dos anos 60, se o potencial universitário de leitores não justificaria a existência de mais livreiros-alfarrabistas. Pelos vistos, não, fazendo jus ao provérbio: Em casa de ferreiro, espeto de pau.
Bastantes anos mais tarde, em Coimbra, se inaugurou a Livraria Miguel de Carvalho que, alguns anos depois (Março de 2018), talvez pela malfadada lei Cristas das rendas, se transferiu para a Figueira da Foz. Fiquei perplexo: então a balnear Figueira tem mais potenciais clientes do que a Coimbra universitária? Pareceu-me um contra-senso.
A entrada em vigor da lei Cristas, em Lisboa, provocou um autêntico pogrom nos alfarrabistas. Quase uma dezena de casas de livros usados desapareceu, duas ou três mudaram de sítio, várias outras estão ameaçadas, ainda hoje. Uma das que mudou de lugar foi a Livraria Artes e Letras, de Luís Gomes, que saiu da zona do Chiado para as Avenidas Novas.
E agora, para mim inexplicavelmente, ruma de Lisboa para Óbidos. Óbidos?!
Só posso desejar a Luís Gomes, e apesar de tudo, os melhores sucessos comerciais, nesta sua nova migração.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Valores


Já por aqui o referi, mas vou repeti-lo. As revistas literárias têm, normalmente, vida breve e, algumas, quando completas, são raras e caras, se as quisermos adquirir em alfarrabistas. Nem sempre, porém, têm qualidade literária, porque resultam de encomendas ocasionais a colaboradores fugazes, muitas vezes, em início de carreira, que enviam produções de última hora, guardando, talvez, outras obras, mais aprimoradas, para livros a publicar.
Será o caso desta revista Anteu de que se publicaram apenas 2 números (Fevereiro de 1954 e Maio desse mesmo ano), com contributos diversificados (prosa e poesia) de António Osório, Pedro Tamen, Rogério Fernandes, entre outros.



Por várias vezes e nos escaparates do meu alfarrabista de referência se me tinha deparado este número 2, da Anteu, a preço módico e convidativo. Mas como não sou grande fã da poesia de Edith Sitwell (1887-1964), mesmo que bem traduzida pelo professor universitário J. Monteiro Grilo (que, em poesia própria, usava o pseudónimo de Tomaz Kim), nunca me seduziu ou tentou a sua compra. Até que ontem, à falta de melhor, lá a trouxe para casa, comprada que foi por 6 euros.
Depois, e no aconchego doméstico, resolvi andar por esses andurriais abaixo, na Net, para saber a que preço a vendiam completa (os 2 números). E fiquei estupefacto com os preços com que me deparei. Que, aqui, deixo:

- Livraria Manuel Ferreira (Porto): 100 euros.
- Livraria Alfarrabista (Porto): 125 euros.
- Livraria in-libris (Porto): 185 euros.
- Livraria Frenesi (Lisboa), em 2007: 150 euros.

Comecei a pensar que não é só pelo aumento milionário das rendas que muitas livrarias fecham...

quarta-feira, 21 de março de 2018

Soma e segue (2)


A notícia é de hoje, no Público.
E, nos casos referidos, a causa continua a ter origem no abusivo aumento de rendas.
Como diz um meu amigo, qualquer dia, nas zonas nobres das cidades portuguesas, os turistas irão cruzar-se apenas com turistas. E com hotéis, acrescento eu.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

sábado, 31 de outubro de 2015

A colheita da manhã


Há muito que eu não via (pelo menos desde o tempo da saudosa Livraria Barateira) um estendal tão numeroso de livros policiais, usados, à venda. Principalmente, das colecções XIS e Vampiro. Foi na feira dos Sábados, na rua Anchieta. Uma banca enorme e coalhada de policiais, a bom preço. Acerquei-me, saquei da minha lista de faltas e comecei a confrontar títulos, autores e números: vieram 10. António Nobre e Borges vieram, também, para completar a dúzia. 


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Soma e segue


Depois do annus horribilis de 2012, em que fecharam as portas a Livraria Portugal, a Biblarte, a Camões e a Barateira (as três últimas alfarrabistas), 2013 ameaça agora a Livraria Olisipo e a Artes e Letras, ambas situadas no Largo Trindade Coelho. O pretexto é a nova Lei das Rendas que permitiu ao senhorio, ao abrigo do alibi de "fazer obras", iniciar um processo de despejo sumário que obrigará os dois livreiros-alfarrabistas (José Vicente e Luís Gomes) a abandonarem o local, onde exercem o seu mester, o primeiro, há mais de 30 anos, o segundo, há cerca de 20. Assim se despovoa, de pontos de interesse cultural, o coração de Lisboa, da forma mais ignóbil e perversa. 

terça-feira, 22 de maio de 2012

Em vias de extinção?


A concentração massificada ou desaparecimento, recente, de casas Editoras, parece agora tomar conta das livrarias e alfarrabistas, como fenómeno mortal dos tempos que correm.
A abertura já muito episódica da Biblarte, o fecho da Livraria Camões e agora ( há uma semana ou duas semanas) da Livraria Barateira, na Rua Nova da Trindade, pressagiam o pior.
Embora privilegiasse o livro dito normal, usado, a Barateira tinha fundos consideráveis, compostos por obras do séc. XX. Era quase centenária, pois abriu em 1914, e tinha imensos livros policiais, alguns bem raros que já não se encontravam em mais lado nenhum. Grande parte da minha colecção Vampiro, foi-se completando com exemplares lá comprados. Bem como vários Simenon, em francês, dos anos 40, 50, 60... Os preços eram justos e módicos.
Mas os tempos não lhe fizeram justiça. É uma pena.

sábado, 28 de abril de 2012

Um roteiro sucinto lisboeta



Não será completo este itinerário. E, nalguns casos, estará um pouco desactualizado, mas é sempre útil. Pessoalmente, eu acrescentaria, para livros usados em geral, que não raros, a livraria "Barateira", na Rua Nova da Trindade; e ainda a Livraria "Antiquária do Calhariz", no Largo homónimo, a "Olissipo", no Largo Trindade Coelho. E, finalmente, a Livraria Campos Trindade, na Rua do Alecrim, nº 44.
Entretanto, a "Artes & Letras" já não tem a dirigi-la o simpático Luís Gomes. E a "Histórica e Ultramarina", pouco depois da morte do Sr. José da Costa e Silva [ Almarjão ] (3/1/1920 - 7/11/2008), fechou - estas as actualizações de um percurso lisboeta, para quem goste de livros.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Redu, uma aldeia "temática", na Bélgica


Não se encontrarão, em Redu, incunábulos preciosos, nem raridades inesperadas, mas na pequena aldeia das Ardenas (Bélgica), poderemos visitar várias dezenas de alfarrabistas que lá se foram implantando a exemplo do que acontece no povoado de Hay-on-Wye, do País de Gales. Quando lá estive, nos anos 90 do século passado, aboletado num singular hotel de madeira das proximidades, encontrei em Redu sobretudo livros usados, antigos, do séc. XX, e muita BD, em língua francesa. Mas vale a pena conhecer esta aldeia temática, no coração das Ardenas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sebos e alfarrabistas


"Eu sinto medo de entrar no Maggs ou no Quaritch, porque sei que não haverá ali nenhuma descoberta pessoal a ser feita, nenhum erro da parte dos livreiros. ..." As palavras são de Graham Greene, escritas em 1973, numa altura em que coleccionava edições vitorianas de romances policiais. Este texto está incluído no livro "Reflections", que eu ando a ler, em tradução brasileira de 1993. O capítulo em causa tem o título: Sebos. Aqui há dez anos eu não sabia o que eram sebos; hoje, sei que é o equivalente a alfarrabistas.
É um facto que os brasileiros rejuvenesceram e continuam a rejuvenescer a língua portuguesa - e ainda bem! Mas não lembraria a ninguém, português, apelidar uma loja de alfarrabista de: sebo. Claro, há o calor tropical, a gordura dos dedos (sebo?) que, às vezes, deixa marcas nas páginas dos livros... Talvez venha daí a palavra: tão chã, tão pop, tão ruana, usada pelos brasileiros. Talvez porque o nosso primeiro impresso é tão antigo (Sumario das Graças, 1488) e a primeira publicação brasileira é mais tardia (Relação da entrada que fez o Exc..., de 1747), talvez por isso, é que a palavra «alfarrabista» parece mais aristocrática e classista; e o vocábulo «sebo» mais vulgar e popular. Talvez seja uma das grandes diferenças que nos separam, para além do Atlântico...