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quarta-feira, 3 de junho de 2015

A par e passo 137


O conhecimento e a liberdade não são, decididamente, apanágio da natureza. Aquele pouco que os homens obtêm, conseguiram-no pelo esforço e conservam-no pelo artifício. A natureza não é liberal e não há nenhuma razão para pensar que se interessa pelo espírito. O espírito luta e estabelece-se contra ela. Os homens agrupam-se para agir contra o seu destino, contra o acaso, contra o imprevisto, que são as mais imediatas das coisas. Não há nada de mais natural que o acaso, nem de mais constante que o imprevisto.

Paul Valéry, in Variété IV (pgs. 38/9).

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A par e passo 121


Pergunte-se, momentaneamente, como pode nascer um pensamento filosófico. Quanto a mim, não ouso responder se me ponho a questão, porque o meu espírito transporta-me, de imediato, até à borda de um mar maravilhosamente iluminado. É lá que os ingredientes sensíveis, os elementos (ou os alimentos) do estado de alma no seio do qual vai germinar o pensamento mais geral, a questão mais entendível, estão reunidos: a luz, o horizonte, o ócio, as transparências e a profundidade...

Paul Valéry, in Variété III (pg. 243).

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Uma fotografia, de vez em quando (46)


Terão sido muitos poucos, os escritores célebres do século XX, que Gisèle Freund (1908-2000) não retratou. Fotógrafa, episodicamente, ligada à Magnum, nascida em Berlim, mas oriunda de uma família francesa judia, fugindo ao nazismo, viveu alguns anos na América do Sul onde fez relações de amizade e retratou Rivera, Frida Kahlo, Neruda e Borges. Captou expressões magníficas de Malraux, Sartre, Beauvoir, bem como de T. S. Eliot e de Virginia Woolf ( em imagem). Mas também captou imagens da investidura de Perón e Evita. Tendo sido apontada, também, para fazer o retrato oficial de Miterrand. Mas as cenas de rua e do proletariado também ocuparam a sua atenção visual.
A primeira foto do poste é o seu auto-retrato, fixado em 1931.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Char, por Char


Em 1950, René Char (1907-1988) retratou-se, em entrevista à Rádio, assim:
"Nasci em 1907, em L'Isle-sur-la-Sorgue - Vaucluse. Chateei-me até aos 20 anos, mal parecido ao mundo sob o aspecto de um liceal revoltado e muitas vezes punido. Depois «ganhei» a minha vida a vender chicória e whisky, em Marselha (tinha 18 anos). Atravessei o Mediterrâneo e vivi na Tunísia.
Regressado, ocupei-me da terra que tanto amo e de materiais de construção de que gosto menos. Assim foi, por causa do estômago.
Na ocupação nazi, o maquis, depois o Estado Maior Interaliado, em Argel, por fim o desembarque. Matei alguns patifes por necessidade militar e cívica em 1940-44. Não me vanglorio, há muitos sobreviventes que lhes sucederam e os ultrapassam em malfeitorias.
No presente, sou contra a pena de morte que nada resolve."

Pays de René Char (pg. 193).