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sábado, 2 de março de 2024

Leituras paralelas 1

 

Do final dos anos 40 do século XX até meados dos anos 70, as edições de livros de viagens, por parte de escritores portugueses, foram muitas. Revelando talvez uma abertura e curiosidade em conhecer o estrangeiro e viver uma liberdade que não existia em Portugal, nessa época. Do resto da Europa até às Américas, podem referir-se testemunhos de Ilse Losa, Agustina, Torga, Urbano Tavares Rodrigues, Natália Correia... Que também deram a conhecer outros mundos, aos seus leitores.
Igualmente Joaquim Paço d'Arcos (1908-1979) deixou um extenso volume (436 páginas), que foi editado pela Guimarães Editores, das suas deambulações pelos Estados Unidos da América, entre 1952-53, e de que vou transcrever a página 211. Como se segue:



El GRAN CAÑON DEL COLORADO

Este golpe fundo que rasga a superfície da terra numa extensão de 217 milhas e numa largura que, em certos pontos, atinge as 20 milhas, foi descortinado a primeira vez por gente branca em 1540. Foi um coquistador espanhol, Don Lopez de Cardenas, o primeiro a desvendar-lhe o estranho segredo. Depois, por mais de dois séculos, o ignoto, prolongado e fundo talvegue voltou a guardar, inviolável a olhos de gente civilizada, seu terrífico mistério. Voltaram a descobri-lo os missionários espanhóis em 1776.
Hoje estamos aqui, sentados à beirinha do seu maior precipício, um australiano ainda novo, de grandes e já desusados bigodes negros, o senhor Dekker e a respectiva cara-metade, vindos de Amsterdão até este fim do mundo, e nós, vindos da beira-Tejo. O australiano regressa à pátria, de volta de Inglaterra. Deve tomar, dentro de dias, o avião em Los Angeles, para o grande salto sobre o Pacífico. Fez este desvio da rota para ver o que vale bem a pena ser visto. O senhor Dekker anda em viagem de negócios e no caminho vai fazendo turismo por conta da firma holandesa. Nós viemos até aqui por simples e bem compensada curiosidade de viandantes.
À nossa frente abre-se a cova desmedida, comprida demais para simples cratera, abrupta demais para simples vale. Abre-se em degraus e em cada um deles a rocha toma configuração e cor diversas. Foram as águas do rio Colorado que rasgaram, ao longo da eternidade dos séculos, esta garganta monstruosa, prodígio quase absurdo da Natureza e afinal simples malefício da erosão. As águas das chuvas, desgastando as rochas, o calor e o frio extremos, dilatando-as e contrariando-as, o vento do deserto, varrendo-as, e a corrente do rio, dilacerando-as, foram os agentes do fenómeno, tão persistente que nunca, em milhões e milhões de anos, interromperam o infatigável trabalho.




quinta-feira, 29 de junho de 2023

Ultimas aquisições (46)


Terei conhecido José Manuel Rodrigues em meados de 1976, ainda ele ajudava Arnaldo H. de Oliveira nos leilões do Príncipe Real, na Liga dos Amigos dos Hospitais, numa sala esconsa com uma mesa corrida onde se amesendavam os licitantes.  Reencontrei-o, anteontem, na sua loja ao Calhariz e soube que ia fazer 82 anos, nesta semana. Está bom e recomenda-se, felizmente.


Nos 20 minutos que faltavam, antes da Livraria Antiquária fechar, ainda escolhi dois livros que já estavam numerados para integrar o próximo boletim bibliográfico. O de Montalvão Machado estava marcado a lápis por 30 euros, o outro, por 12.
JMR fez-me um desconto substancial e paguei apenas 30 euros pelos duas obras bem volumosas. Uma atenção de amigo para um cliente antigo e estimado, por certo.

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Os senhores que se seguem...



De há muito que o meu bom amigo H. N. partilha comigo as boas leituras que faz e me traz os livros melhores para eu também os ler. Reciprocamente, costumo fazer o mesmo com ele. Desta vez tenho comigo um pequeno livrinho (28 páginas) sobre o criador de Sherlock Holmes e as suas relações com Portugal. A obrinha, com dedicatória, deve ser rara, dado que é o número 67 de uma tiragem de 200 exemplares apenas.



O segundo livro, que tenho para ler, e que H. N. me emprestou, tem a ver com o escritor Joaquim Paço d'Arcos (1908-1979), sua correspondência e textos diversos. Ambas as obras contém iconografias interessantes e originais, sobretudo a do segundo volume (488 páginas).