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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Andar


A primeira vez que reparei no movimento e estética de uma forma de andar ou caminhar, deveria ter cerca de 8 anos. Essa impressão, agradável, de uma pessoa, por mim estimada, viria a transitar, cerca de doze anos depois, para 2 versos de um poema perdido:

"...o honesto caminhar de mãos nas costas
do norte beira-mar..."

Mas com 10 anos já eu gostava de imitar este andar, de mãos atrás das costas, porque achava que trazia ao movimento do corpo uma elegância acrescida e uma seriedade notória.
Lembrei-me disto, hoje, ao ler no TLS (nº 5693), uma recensão ao livro "Walking in Roman Culture", de Timothy O'Sullivan, feita por Mary Beard. Há, nele, referências a Estrabão que transmitiu, em escrito, que os bárbaros ibéricos teriam achado exótico e inútil o facto de um general romano andar de um lado para outro, para pensar. Para os bárbaros, andar só tinha sentido se fosse para A ir ao encontro de B, ou na guerra, em avanços e recuos...
Na recensão crítica do TLS, também se faz alusão ao facto de, para os romanos, o andar masculino ser, por norma, mais enérgico e rápido, e o caminhar feminino, mais lento. De tal forma que Cícero, ao ver a filha e o genro a passear, achou que a filha andava muito depressa e o genro muito devagar (mollius); e disse para a filha caminhar como o marido, abrandando o passo, e que o genro copiasse o ritmo da filha - mais rápido, portanto. 
Na época, o modo de andar era tão importante quanto as parecenças faciais, para reforçar a evidência da paternidade...o que, hoje, nos pode parecer simplesmente uma bizantinice despropositada. Mas, quem sabe?...

quarta-feira, 23 de março de 2011

O hara-kiri lusitano


Começa hoje. Dos nossos magníficos 7 samurais (6 partidos e um PR limitado, nos seus horizontes cerebrais). Afora os 3 "treinadores de bancada", obsoletos e perfeitamente inúteis para a democracia: PCP e BE, mais os Verdes parasitas e gritantes, restam mais 3. O PS que, canhestro, deu um tiro no pé, antes de o obrigarem ao hara-kiri. O CDS que está sempre pronto para usar o táxi dos 4 deputados - oxalá, nas próximas eleições antecipadas. E, finalmente, o inefável PSD, com o seu coelhinho tirado da cartola da JSD, directamente. Com boa voz, contudo, e muito bem colocada.
Leia-se o artigo de Teresa de Sousa - com quem mais uma vez estou de acordo - no "Público" de hoje, e que começa por imaginar "os donos da Europa" a dizer: "Mas aquela gente é louca. Nós, aqui, a fazer um esforço tremendo para encontrar uma solução que vá de encontro daquilo que eles precisam e eles dão um tiro na cabeça. ...", para completar o raciocínio do bom senso.
Não posso, no entanto, esquecer aquela frase do coelhinho PSD quando lhe perguntaram sobre o futuro de Portugal e ele respondeu: "...uma coligação alargada...". Ou não sabe fazer contas (PSD+CDS, são só 2), ou então é genial (Rui Rio+António Costa+ o "Independente" Portas - mas não creio que Passos Coelho queira, humildemente, ficar de fora...). Estrabão é que a sabia toda, sobre os lusitanos... Quanto ao presente PR, é meramente irrelevante e decorativo. Mas, se calhar o Barroso que faz anos hoje, e que se perfila à sucessão do Cavaco, deve ter dito ao Coelho: "Força!, arruma com eles, de uma vez por todas! Porreiro, pá!"; e lá voltou, esfregando as mãos, ao seu gabinete da Presidência irrelevante da CEE, todo contentinho de si.

terça-feira, 15 de março de 2011

Camilo : um episódio bibliográfico



É sempre uma diagonal que nos divide. Pode ser Norte/Sul, Benfica/Sporting ou Camilo/Eça. Somos dicotómicos de essência, ou não fosse Portugal do signo dos Peixes (como Camilo, aliás) - mas isto são metafísicas baratas e irracionais, e é melhor começar (e repetir) pelo que o geógrafo Estrabão dizia: "Os Lusitanos são um povo que não se governa, nem se deixa governar".
Camilo Castelo Branco nasceu a 16 de Março de 1825, e veio a suicidar-se em Junho de 1890. Dos seus livros, a peça bibliográfica talvez mais rara é "A Infanta Capelista", mas também aquela que tem a história mais enigmática. Em 1872, Camilo mandou destruir as folhas, já impressas, desta sua novela. Não se sabe ao certo se a decisão do romancista se deve a um pedido de D. Pedro II, imperador do Brasil, ou se a alguma interferência de D. Pedro V, que terá visitado Camilo Castelo Branco, quando o escritor esteve preso, no Porto. O enredo da novela, ao que parece, ampliava um escândalo que chamuscava a sereníssima Casa de Bragança, na época.
Acidentalmente, as folhas impressas e desconjuntadas foram parar a um merceeiro da Rua de Santo António, na cidade Invicta, que começou a utilizá-las para embrulhar vitualhas para os seus fregueses. Alguns deles, talvez leitores de Camilo ou bibliófilos, repararam e começaram a agrupá-las. O que permitiu completar alguns, raríssimos, exemplares da obra camiliana.
Pragmaticamente, e alguns meses depois, e ainda no ano de 1872, Camilo Castelo Branco fez publicar, via o editor Ernesto Chardron, uma versão soft de "A Infanta Capelista", sob um novo título: "O Carrasco de Vítor Hugo José Alves". E que seria muito mais benevolente para com a sereníssima Casa...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Estrabão / Orçamento (2010 para 2011)


"Os Lusitanos são um povo que não se governa, nem se deixa governar."

Estrabão (63 a.c. - 24 d.c.).