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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Um soneto para a Páscoa de 2014


É um soneto áspero, rouco de palavras tensas e duras, este, de Jorge de Lima (1893-1953), poeta brasileiro irregular e excessivo, na qualidade desigual da sua obra. O poema, na altura inédito, foi publicado na revista Árvore (vol. II - primeiro fascículo). Se tivesse que lhe juntar uma imagem, optaria decerto pelos pés, quase animalescos, de Cristo, da Crucificação de Grünewald, ou por alguma das cruéis e agressivas telas de Francis Bacon.
São versos que retratam, de forma dramática, a ansiedade tensa da criação, num quase misticismo trágico de libertação humana, mesmo que imperfeita. O poema é, para mim, um dos grandes sonetos da língua portuguesa.

Divina Voz, divino Sopro santo,
respiro-me em teu Voo, veloz Amor.
E sinto-me pequeno de poesia.
Vezes uns uivos, longe de ser canto

vestem-me os pêlos como Manto novo,
cordas revoando. Louvo-te Senhor.
Tenho em roda ao pescoço uma coleira
de cão, de pobre cão entre o meu povo.

Nem sei dizer se esse mudado Verbo,
nem sei dizer se essa gaguêz furiosa,
essa rosa de vento que é meu berro

se tornou na asfixia de Teu perro
- canto com que cantar-te, canto-chão,
nessa Tua divina ventania.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Pinacoteca Pessoal 48 : Salvador Dali


Vamos entrar no tempo de Páscoa.
Não haverá, porventura, tema recorrente mais repetido e executado, na pintura europeia, do que a Crucificação. A proliferação é tanta, pela iconografia religiosa ocidental, que quase me deixa indiferente, a mim que sou um agnóstico empedrenido e um pobre amador de pintura, com conhecimentos muito rudimentares. Porque me parece que as variações nessas inúmeras pinturas são mínimas e dependem apenas dos tiques característicos das escolas, ao longo dos séculos, do vestuário de época, do menor ou maior número de figurantes nos quadros. E da caracterização do Pathos expressivo dos rostos, que podem assumir crispação, dramatismo acentuado, ou apenas a expressão de uma compassiva serenidade, perante a morte de Cristo.
Apesar disto, das pinturas mais antigas, a Crucificação de Mattias Grünewald (Arpose, 2/4/10), não me deixa indiferente e considero-a uma obra-prima, também pelo dramatismo quase selvagem do tratamento do corpo de Cristo. E que faz toda a diferença, em relação a muitos dos quadros banais coevos. Preciso de vários séculos para chegar às obras de que volto a gostar pela sua simplicidade ou povertá: as crucificações pintadas por Gauguin (em 1889) e Rouault, em 1920. Mas a Crucificação moderna de que mais gosto, foi pintada em 1951, por Salvador Dali (1904-1989). Porque, ao fim de tudo, tem ainda algo de novo. 
Por isso, aqui fica.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Pinacoteca Pessoal 17 : Mattias Grünewald


A passagem do aniversário da morte (31/8/1528) de Mattias Grünewald, é apenas um dos motivos  para recordar este pintor alemão de que já falei aqui (2/4/2010) a propósito daquela que considero a sua obra-prima: "A Crucificação de Jesus". Não são muitos os trabalhos que lhe sobreviveram, a maior parte trípticos para igrejas. E há quem considere Grünewald um pintor conservador, por ter sido pouco sensível ao Renascimento. Os seus temas são normalmente religiosos.
Na minha modesta opinião, parece-me que é um pintor da "família" de Bosch, ou de Soutine e Francis Bacon. O "feio" nunca o intimidou, em relação à sua pintura. Escolhi "A Tentação de Santo António" (Die Versuchung des heiligen Antonius") para ilustrar a afirmação, neste poste. E, também, porque tratando-se de um santo português, o motivo não nos é totalmente indiferente.

P.S.: por informação Amiga e segura, vim a saber que a figura representada no quadro não é a do Santo António lisbonense. E ainda que as tentações, simbolicamente sugeridas, têm como cenário o Egipto. O meu grato reconhecimento a quem me alertou.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta-feira de Paixão



Um pouco por atavismo ou tradição, é natural lembrarmo-nos, nesta data, da Crucificação de Jesus Cristo. Grünewald pintou-a, para sempre, pura e dura. No meu modesto entender, nunca mais nenhum pintor a representou melhor. Mas, o quadro, já aqui o postei, em 2 de Abril de 2010. Trago, hoje, à imagem uma "Descida da Cruz" de Hans Memling (seu nome de baptismo, alemão) ou Jean Memlic (como lhe chamam na Bélgica), nascido próximo de Frankfurt, em 1433, e que veio a falecer em Bruges, no ano de 1494. Foi, aliás, neste última cidade que exerceu, com grande sucesso, a sua actividade de pintor. Não sendo muito original é, no entanto, um pintor considerado e estimável. Os seus retratos são realistas, as expressões, sóbrias. Mas dizem-no muito devedor, em influências, do flamengo Hugo van der Goes. À consideração...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Pinacoteca Pessoal 8 : Lucas Cranach, o Velho


É um dos pintores renascentistas alemães preferidos por mim. Nascido por volta de 1470 (1472?), Lucas Sonder ou Lucas Cranach, o Velho, veio a falecer em 1553. Pertencia a uma família de pintores e o seu filho veio, também, a seguir a mesma carreira. Lucas Cranach passou grande parte da sua vida em Wittenberg sobre o Elba, mas o seu apelido (Cranach) terá vindo provavelmente, por deturpação, do local de nascimento: Kronach. Foi pintor oficial da corte do Eleitor da Saxónia, e amigo de Lutero, de quem fez vários retratos.

A sua pintura alguma coisa deve a Dürer e Grünewald. Mas o traço das suas mulheres jovens, esguias e elegantes, é inconfundível. A pele evanescente, os olhos amendoados, os rostos cuja expressão espelha malícia, se não perversidade, ou determinação, são a sua marca de água mais evidente.

Talvez a "Salomé" das Janelas Verdes (MNAA), seja o quadro que prefiro, de Lucas Cranach, mas já consta do arquivo do Arpose (19/7/2010). Por isso optei por esta "Vénus e Cupido" que se guarda num Museu de Berlim.

para H. N., pela atenta Amizade, e com gratidão.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Pouco antes da Páscoa : a Crucificação de Grünewald





Mattias Grünewald (1470-1528), pintor alemão, ilustra bem esse Jesus Cristo com seus pés (quase) assentes na Terra. Nesta sexta-feira de Paixão.