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quarta-feira, 2 de junho de 2021

Bibliofilia 188



Vi há dias, na RTP 2, um interessante documentário (Laureano Barros, Rigoroso Refúgio) sobre o matemático e importante bibliófilo nortenho que, na sua Quinta de Fonte Cova (Ponte da Barca), foi constituindo uma enorme e valiosa biblioteca que viria a ser leiloada, no Porto, pelo alfarrabista Manuel Ferreira, em 2010. O catálogo da almoeda compreendia 6 volumes, que ainda hoje podem ser adquiridos por 120 euros, na livraria portuense.
Para quem se interesse pela bibliofilia nacional há alguns nomes míticos de personalidades que reuniram bibliotecas importantes de livros antigos e obras raras, como por exemplo: Sir Charles Louis Gubian (cujo acervo foi a leilão em 1867),  Fernando Palha (em 1896), José Maria Nepomuceno (1897), Azevedo e Samodães (1921/22), Ávila Perez (1939/1940)...
Laureano Barros (1921-2008), homem probo, rigoroso e sério, interessava-se sobretudo por primeiras edições portuguesas dos séculos XIX e XX (Nobre, Cesário Verde...), e teve, ao longo da vida, relações privilegiadas de amizade com Luis Pacheco (1925-2008), de que conservava muitos manuscritos autógrafos. Bem como tinha como amigo o poeta Eugénio de Andrade (1923-2005), de quem conservava um raríssimo exemplar (dos 53 publicados, em 1940) de Narciso, obrinha de XVI páginas inumeradas, que viria a ser renegada pelo autor, mais tarde.
O pequeno livro de poesia, com dedicatória de Eugénio de Andrade, era o lote nº 280, da primeira parte do leilão, e foi arrematado por 4.000 euros, dada a sua extrema raridade.


domingo, 28 de julho de 2019

Bibliofilia 178


Nos meus tempos de frequentador assíduo de leilões de livros, ficou-me a lembrança de algumas figuras características, nas suas preferências apaixonadas, da singularidade de alguns comportamentos humanos, no aceso das almoedas. Se uns licitadores eram discretos, outros mostravam a sua exuberância ruidosa, outros ainda o seu mau feitio e birras. Quanto a temáticas, havia um discretíssimo licenciado em Farmácia que se abalançava, tenso, a livros quinhentistas, um general na reserva que não perdia uma camoniana, um industrial corticeiro que comprava muito e diverso, um alfarrabista sorumbático que não perdia nunca um lote de livro raro que começasse a licitar...
Quanto a camilianistas, lisboetas, nunca dei por nenhum muito importante, mas havia os que vinham do Norte, quando o leilão era significativo, como este da Soares & Mendonça, que foi organizado pelo alfarrabista portuense Manuel Ferreira. E que tem um gostoso prefácio do bibliófilo e grande jornalista Raul Rêgo (1913-2002), que aqui deixo em partilha, pela sua qualidade intrínseca.


Não faltavam nesta riquíssima almoeda de Fevereiro de 1968, as muito raras edições originais camilianas de A Infanta Capellista (1872) ou do célebre folheto Matricidio sem Exemplo..., (capa em imagem, abaixo) que terão feito porventura as alegrias dos afortunado arrematadores.
Não tive oportunidade de assistir a este importante leilão, porque me encontrava, em Mafra, a cumprir o serviço militar, mas vim a adquirir, mais tarde, o catálogo desta almoeda da Soares & Mendonça, por 9 euros, no meu alfarrabista de referência - em boa hora.

para MR, obviamente, e com estima.