Vi há dias, na RTP 2, um interessante documentário (Laureano Barros, Rigoroso Refúgio) sobre o matemático e importante bibliófilo nortenho que, na sua Quinta de Fonte Cova (Ponte da Barca), foi constituindo uma enorme e valiosa biblioteca que viria a ser leiloada, no Porto, pelo alfarrabista Manuel Ferreira, em 2010. O catálogo da almoeda compreendia 6 volumes, que ainda hoje podem ser adquiridos por 120 euros, na livraria portuense.
Para quem se interesse pela bibliofilia nacional há alguns nomes míticos de personalidades que reuniram bibliotecas importantes de livros antigos e obras raras, como por exemplo: Sir Charles Louis Gubian (cujo acervo foi a leilão em 1867), Fernando Palha (em 1896), José Maria Nepomuceno (1897), Azevedo e Samodães (1921/22), Ávila Perez (1939/1940)...
Laureano Barros (1921-2008), homem probo, rigoroso e sério, interessava-se sobretudo por primeiras edições portuguesas dos séculos XIX e XX (Nobre, Cesário Verde...), e teve, ao longo da vida, relações privilegiadas de amizade com Luis Pacheco (1925-2008), de que conservava muitos manuscritos autógrafos. Bem como tinha como amigo o poeta Eugénio de Andrade (1923-2005), de quem conservava um raríssimo exemplar (dos 53 publicados, em 1940) de Narciso, obrinha de XVI páginas inumeradas, que viria a ser renegada pelo autor, mais tarde.
O pequeno livro de poesia, com dedicatória de Eugénio de Andrade, era o lote nº 280, da primeira parte do leilão, e foi arrematado por 4.000 euros, dada a sua extrema raridade.