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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

No melhor pano cai a nódoa...

 

Isto das editoras, na sua grande parte, quererem poupar dinheiro ao despedirem os revisores, tem os seus custos perniciosos. A Asa Editores S. A., ao editar este livro do embaixador Marcello Duarte Mathias (1938) deveria ter tido mais cuidado para não manchar o nome ao diplomata. Exemplifiquemos:
na página 353, do livro em imagem acima, pode ler-se - " A emergência da democracia-cristã na Itália; as relações entre a política e a Igreja; Paulo VI e Salazar em Fátima em 1962. Vaticano II."
Ora como se sabe, nesta altura, em Roma pontificava João XXIII. Paulo VI esteve em Fátima a 13/5/1967. Daqui se conclui que nenhum responsável da editora terá lido as provas deste livro com a atenção devida.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Variações sobre as coisas que andam no ar


Não se tinha passado sequer uma semana, depois do meu poste sobre animais domésticos (16/5/2017), e eis que, ao comprar o penúltimo TLS (nº 5954), vejo a sua capa e temática consagradas às relações entre os humanos e os bichos. Na altura do poste, no Arpose, lembrei-me de Gilbert Cesbron (1913-1979), por associação, e dos seus "Cães perdidos sem coleira" (1954), livro que teve um enorme sucesso nos anos 50/60, e que tratava dos padres-operários, experiência piloto que a Igreja católica permitiu e sancionou, pouco antes desse renascimento religioso de dimensões fraternas, mas também realistas, que foi o Concílio Vaticano II, resultado da previdência, e do dinamismo humano e inteligente de João XXIII. A viradeira veio a dar-se, depois, com Paulo VI...
Haverá pioneiros sempre, incompreendidos na altura, mas quem pensa e sente, com verdadeira atenção e humildade o seu tempo, tem, muitas vezes, grandes possibilidades de antecipar o futuro próximo - no fundo, aquilo que já anda no ar do tempo. Para usar as palavras que Nina Ricci deu a um belo perfume feminino (L'Air du Temps), em 1948. E para dar um exemplo mais simples e corriqueiro.

sábado, 17 de maio de 2014

Ambiguidades cristãs


Já por aqui o disse: nunca tive grande simpatia pelo cardeal Montini, esfíngico e diplomático, que se veio a tornar no papa Paulo VI. Para além de tudo fazer para desacelerar as medidas originadas no concílio Vaticano II, depois de ter recebido, no interior da Santa Sé, em audiência privada, Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Mondlane, veio a Fátima abençoar, publicamente, Cerejeira e Salazar, e oferecer-lhes uma rosa de ouro...
Soube agora que nesta pressa católica de novos mártires que irá santificar João XXIII e João Paulo II, também ele, Paulo VI, irá ser beatificado. Em abono da sua personalidade, um pormenor saboroso: João XXIII, na sua infinita bondade e perspicácia, alcunhava-o de "cardeal Hamlet", ao que parece pelo seu humor atormentado. O breve João Paulo I é que parece ter sido esquecido pela Cúria Romana, nestas apressadas promoções...

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A estética e a galeria Presidencial


Há opções que só dignificam quem escolhe e que evidenciam o bom gosto. Quando Mário Soares escolheu Júlio Pomar para lhe pintar o retrato, demonstrou não só uma vontade de ruptura com o passado, mas também que tinha um apurado sentido estético de modernidade. Jorge Sampaio não era tão ousado - uma espécie de Paulo VI, depois do revolucionário João XXIII - e, por isso, optou por Paula  Rego. Confere. Porque, às vezes, os militares têm gostos insólitos: quem é Francisco Lapa que, além de amigo, pintou o retrato de Spínola, exposto em Belém?
Teófilo Braga e Teixeira Gomes escolheram o melhor: Columbano. Justificando exigência, bom gosto estético e cultura. Confere, também, e da melhor forma.
O actual PR deve andar em bolandas metafísicas, porque já é tempo de escolher quem o retrate. O problema é que Eduardo Malta, que pintou o Gen. Craveiro Lopes, já morreu. Henrique Medina, também. Pode ser que haja, por aí, algum pintor-de-domingo que não se importe de o modelo ser paupérrimo... Em último caso, há sempre um manequim de madeira, da Rua dos Fanqueiros, para simular a post-modernidade. E que, exposto com jeito, causará algum espanto, aos visitantes do Palácio de Belém, no futuro.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Por várias razões


Tirando João XXIII, que é o papa da "minha vida", eu que sou, intimamente, um exilado do catolicismo, sempre gostei de Bento XVI. Ao contrário do seu antecessor, que sempre puxou ao populismo, ao emocional, com aspectos finais - há que dizê-lo - quase grotescos, Bento XVI, embora talvez mais conservador, sempre nos levou a pensar e manteve, quotidianamente, uma postura de dignidade, racionalidade e justiça, ao reflectir sobre o nosso tempo.
Não sei, conscientemente, se o anúncio da sua resignação me surprende, até porque é uma rara decisão na chefia da Igreja de Roma. A falta de forças, para a exigência do cargo, terá sido uma das razões para o seu abandono de funções, a 28/2/13. Esta humildade quadra bem com o sucessor moderno de Pedro e reforça a extrema qualidade espiritual do percurso de um homem religioso. Que eu muito respeito.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pequena história (12) : João XXIII


O caso vem citado em "O Livro do Protocolo", de J. Bouza Serrano, que o colheu de Ana Rita Mancini, numa obra sobre o cardeal Angelo Roncalli que veio a ser o papa João XXIII, e que era um homem bem humorado.
Em 1944, fora colocado como Núncio Apostólico, em Paris, ainda a guerra não tinha acabado. O rabino de Paris apreciava-o muito pela ajuda que o cardeal Roncalli dera aos judeus. Um dia, coincidiram diante de uma porta e o Rabino insistiu para que o futuro Papa entrasse primeiro. No entanto, o Cardeal recusou e, pegando no braço do rabino de Paris, pressionou-o suavemente para a frente, dizendo: "Faz favor, o Antigo Testamento antes do Novo!".

segunda-feira, 12 de março de 2012

Pequena história (10) : João XXIII


Diz-se que perguntaram, um dia, ao papa João XXIII (1881-1963) o número de pessoas que trabalhavam no Vaticano. Ao que ele teria respondido, com a sua habitual bonomia:
" - Mais ou menos metade..."
(citado por Fr. Bento Domingues, no "Público" de 11/3/12)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Curiosidades 47 : liturgia nacional


Até meados do séc. XX, e desde o início de Portugal, a hagiografia nacional, e mesmo regional, foi-se acrescentando, mais e mais, bem como as festas de santos considerados portugueses. O maior impulso foi dado no reinado de D. João V que obteve licenças pontifícias para celebrar mais festas litúrgicas. Muitas vezes, no entanto, estas celebrações não tinham razão suficiente, porque se baseavam em pressupostos lendários de duvidosa certeza ou até na existência não fundamentada de santos obscuros.
Esta proliferação de festas litúrgicas e celebração de santos "lendários" cessou em 1960, com a intervenção do papa João XXIII que mandou averiguar, rigorosamente, e restringir estas manifestações pouco credíveis. A partir desta data, as celebrações religiosas de raiz e carácter nacional passaram a ser apenas as seguintes:
- 16 de Janeiro: Santos Mártires de Marrocos.
- 19 de Janeiro: S. Gonçalo de Amarante.
- 4 de Fevereiro: S. João de Brito.
- 13 de Fevereiro: as Cinco Chagas de Cristo.
- 18 de Fevereiro: S. Teotónio.
- 12 de Maio: Beata Joana.
- 10 de Junho: Santo Anjo Custódio de Portugal.
- 13 de Junho: Santo António de Lisboa.
- 20 de Junho: Beatas Sancha, Mafalda e Teresa.
- 15 de Julho: Beato Inácio de Azevedo e Companheiros.
- 16 de Julho: Nossa Senhora do Carmo.
- 27 de Outubro: Beato Gonçalo de Lagos.
- 6 de Novembro: Beato Nuno - hoje, Santo. 

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O mês de Maio, os Papas e Portugal



Se excluirmos o Papa S. Dâmaso, que terá nascido em Guimarães no séc. IV e que, na cidade-berço tem direito a nome de freguesia e igreja (orago que andou em bolandas e mudou, pedra por pedra, para junto do Castelo onde se encontra); dizia eu, se pusermos de lado S. Dâmaso, que nasceu antes de Portugal ser nação, o único papa português é Pedro Julião ou Pedro Hispano que foi, em Roma, João XXI. Médico respeitado, pontificado breve, tinha nascido em Lisboa, ao que parece na freguesia de S. Julião, antes de 1226. Foi aluno de S. Alberto Magno, foi arcebispo de Braga, e condiscípulo, no estrangeiro, de S. Tomás de Aquino e S. Boaventura. O seu pontificado durou apenas 8 meses: de Setembro de 1276 a 20 de Maio de 1277. E há duas versões para o seu local de morte, mas que têm uma mesma base comum e coincidente: obras de manutenção. A versão mais difundida é que houve um desmoronamento nos aposentos em que se encontrava e que estavam a ter obras de beneficiação, provocando-lhe a morte. A segunda versão é que, tendo João XXI ido visitar e vistoriar as obras de uma igreja, na altura em que ele passava a cavalo, o telhado ruíu e o desabamento atingiu-o, mortalmente. Coincidências fastas ou nefastas papais que ocorrem em Maio. Mês habitualmente escolhido pelos Papas para visitar Portugal, por causa de Fátima aonde foram Paulo VI, João Paulo II e, recentemente, Bento XVI.

Breve nota, em forma de declaração: este poste não tem nada a ver com a "pappa col pomodoro" da Rita Pavone.

sábado, 3 de abril de 2010

Contra a corrente : Papas e Papados



Sendo agnóstico, mas tendo sido católico praticante quase até ao fim da minha adolescência, o "meu" Papa de referência é João XXIII. E nasci ainda e durante o Papado de Pio XII. Sempre achei Paulo VI excessivamente "florentino" e diplomata, para o meu gosto. João Paulo I foi apenas a promessa de um sorriso, de tão breve. João Paulo II incomodou-me, sobretudo, pela exposição da sua agonia, em público, e o seu "ronco", quase final, pela Praça de S. Pedro, quando já não conseguia falar - e o quis fazer. Era preferível, sem dúvida e no meu entender, um apagamento discreto e gradual, humildemente cristão. Evitando aquela exposição que sempre me fez lembrar os pedintes, na rua, a mostrar as suas chagas. Havia algo de exibicionista, em tudo aquilo. E o "voyeurismo" da nossa sociedade do espectáculo é o que se sabe.

Ontem li, no "Público", um artigo de opinião do ex-director do jornal, José Manuel Fernandes, intitulado "É arriscado escrever sobre estas coisas. Não estão na moda", sobre o actual Papa. Tirando um ou outro pormenor, estou de acordo no essencial. Daí, sendo eu agnóstico, avaliar o ainda curto Papado de Bento XVI, de forma positiva. É um Papa do espírito, ao contrário de João Paulo II que foi um papa do corpo e da carne. E este período pascal é uma boa altura para que um Papa que pensa e pensa, muitas vezes, connosco, seja bem acolhido ou, pelo menos, escutado. Quanto ao resto já sabemos, a Igreja é sempre lenta e morosa quanto a mudanças. Há que ter paciência e caridade...