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domingo, 30 de abril de 2023

Citações CDLXI



Aquilo que há de mais real para mim, são as ilusões que crio com a minha pintura. O resto são areias movediças.

Eugène Delacroix (1798-1863), in Journal (1847).

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Pinacoteca Pessoal 177



Penso e costumo dizer que uma só obra de um artista pode, eventualmente, valer e justificar toda a sua vida. Richard Parkes Bonington (1802-1828), pintor romântico inglês, viveu cerca de metade da sua curta existência em França. Onde conheceu e veio a ser amigo de Delacroix. A morte de Bonington foi provocada pela tuberculose.
Considero esta marinha (imagem abaixo), que ele pintou (norte de França), uma obra-prima de eleição, o que justifica, para mim, a sua passagem pela Terra. A pintura referida e o seu auto-retrato pertencem ao acervo da National Gallery (Londres).




domingo, 4 de agosto de 2019

A casa que foi de Malhoa, a Picoas


Uma filigrana, quase perdida entre algumas torres feias de betão, a casa, hoje, cuja planta foi encomendada pelo pintor José Malhoa (1855-1933) ao arquitecto Norte Júnior (1878-1962), teve o prémio Valmor em 1905. Foi adquirida em 1932, pelo oftalmologista Anastácio Gonçalves (1855-1965) que haveria de ter como seus pacientes da vista Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro, bem como Calouste Gulbenkian que também gostava de ver as preciosidades que o médico tinha em casa. Como o quadrinho de Delacroix que Anastácio Gonçalves tinha pousado sobre a sua secretária, representando um cavalo.


Por testamento a casa, já na posse do Estado português, veio a abrir ao público em 1980. Em anos recentes, foi objecto de remodelação que finalizou este ano de 2019, pelo mês de Abril. E eu, que de há muito a queria ver, fui a meio da semana visitar a Casa-Museu Anastácio Gonçalves, finalmente. Interessava-me sobretudo ver pintura, que o pequeno museu possui ainda significativos acervos de porcelana chinesa, mobiliário e ourivesaria.
Como seria natural vi telas de Malhoa, mas a obra de Silva Porto pareceu-me mais representada. Lá está também o célebre "Convite à Valsa" de Columbano e uma delicada aguarela de D. Carlos,  "Praia de Cascais", que me deixou encantado.


Discreto e mal iluminado, no patamar intermédio das escadas que dão para o primeiro andar, há um grande quadro, "Narciso" que, atribuído timidamente a Courbet, não dão por garantido...
Nota dissonante e incompreensível, uma grande parte das telas, que talvez estejam um pouco mal arrumadas pelas paredes, não tinham qualquer identificação dos pintores, nem dos títulos.
Não sei como se terá havido um família chinesa que, paralelamente, me acompanhou na visita à Casa-Museu Anastácio Gonçalves. Nem se percebe que o IMC e o Ministério da Cultura não corrijam esta incongruência ou desleixo continuado.
Por isso, não lhe posso dar nota máxima...

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Um pequeno museu muito bem arranjado


Gastámos bem a tarde do Dia de Portugal.
Temos uma particular estima pelos pequenos museus, quando bem estruturados e concebidos com gosto e atenção sensível. Visitantes, connosco, apenas 5. Uma japonesa de meia idade, interessada e curiosa, e outro casal demorado na observação das preciosidades. Dois seguranças e uma recepcionista simpática deram-nos as boas vindas da Casa-Museu.
Entra-se como se fosse para um palacete familiar e acolhedor, que não nos fosse estranho. O recheio é que é.



Mais tarde, hei-de referir algumas peças que me despertaram a atenção e o interesse. Hoje, quero apenas destacar, da Casa Museu Medeiros e Almeida, um pequeno quadro de Eugène Delacroix (1798-1863), que antes de chegar a este palacete lisboeta pertenceu a Degas. E lhe terá por certo alegrado os dias e em que ele terá descansado o olhar, muitas vezes.
É o retrato de um jovem, Amédée Berny D'Ouville, que Delacroix terá pintado em 1830, e António de Medeiros e Almeida (1895-1986) comprou em Londres, em 1956, num leilão da Sotheby's, por 8.000 libras.


Anos depois de Amédée ter falecido, um irmão do rapazinho, ao ver o quadro, terá dito, imediatamente:
" É ele mesmo. Está muito parecido, com aquele seu ar de fuínha! "

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O acinzentar da vida


Era Paul Cézanne que dizia, em conversa com Joachim Gasquet, que:  Näo somos pintores enquanto näo pintarmos um cinzento. O inimigo de toda a pintura é o cinzento, diz Delacroix.
Provavelmente, nem todos os pintores se associam a este pensamento radical. Depois, há cinzentos e cinzentos: o verde cinzento, o castanho cinzento, o azul cinzento... 
Porém, convivendo há mais de uma semana com céus cinzentos, eu arriscaria dizer que, embora monótono e talvez inimigo da alegria, pode conviver-se com ele, seriamente, e de boa fé...

terça-feira, 2 de junho de 2015

Tomas Tranströmer (1931-2015)


Música lenta


O edifício está fechado. O sol entra pelas vidraças
e aquece, do alto, as secretárias
sólidas bastante para suportar o peso do destino.

É o nosso dia de saída, para a longa extensão dos taludes.
Muitos vestiram os fatos escuros. Podemos apanhar sol
e fechar os olhos e sentir o vento que nos leva, suave.

Eu, que raramente venho até à beira-mar, aqui estou,
por entre os rochedos cobertos por algas macias.
Rochedos que, lentamente, souberam emergir das águas.


Tomas Tranströmer, in Klanger och Spär (1966).

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Civilidade (15)


De "Elementos da Civilidade, e da Decência..." (1788), já aqui referido, passamos a citar o início do Prólogo:
"Todo o que he dotado de hum bom discernimento, não se descuida de procurar continuamente os meios de ser feliz nesta vida, quanto permitte a fragilidade humana.
O principal, e ao mesmo tempo o mais efficaz de todos estes meios, he o vinculo, com que nos unimos em sociedade aos nossos semelhantes, e que igualmente facilita, e difficulta os meios de prover-nos das cousas proprias para satisfazer as nossas necessidades. Ao formar-nos a natureza, logo nos ligou huns aos outros, sobmettendo-nos a huma dependencia tão reciproca, que quem a ignora, ou della se quer apartar, mette-se n'hum desordenado, e confuso labyrinto, n'huma enfiada de desditas, que só acabão com a vida. ..."

Nota: o quadro de Vincent van Gogh, em imagem, intitulado "O Bom Samaratino", inspira-se na obra de Eugène Delacroix sobre o mesmo tema. A obra de van Gogh pertence ao acervo do Kröller-Müller Museum, de Otterlo (Holanda). 

terça-feira, 26 de abril de 2011

Eugène Delacroix





Provavelmente fruto de um adultério, Ferdinand-Victor-Eugène Delacroix nasceu a 26 de Abril de 1798, nos arredores de Paris. Sobre as diferenças entre Pintura e Poesia escreveu nos "Carnets", a 16 de Dezembro de 1843, o seguinte: "...O poeta salva-se pela sucessão das imagens, o pintor pela sua simultaneidade. Exemplo: olho os pássaros que se banham num pequeno charco formado pela chuva (...), vejo ao mesmo tempo uma quantidade de coisas que o poeta nem sequer pode mencionar, e muito menos, descrever, sob pena de ser fastidioso e encher páginas e páginas, para no-las transmitir e, mesmo assim, imperfeitamente. (...) Aqui está a impotência da arte do poeta; é necessário que de todas estas impressões ele escolha a mais forte para me fazer imaginar as outras."

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Pinacoteca Pessoal 6 : Vincent van Gogh


Vi pela primeira vez, em reprodução colorida, o "Retrato do Dr. Gachet", de van Gogh (1853-1890), numa biografia do Pintor, escrita por Lawrence e Elisabeth Hanson, editada pela Editorial Aster, no final dos anos 50 ou princípio dos 60.
Era a versão que se encontra, hoje, no Museu d'Orsay, com predomínio de tons azúis, no fundo. Portanto, a segunda (que as más línguas dizem ser uma cópia do próprio Dr. Gachet que era, também, pintor, mas amador). Mas prefiro-lhe a 1ªversão, de tons mais claros, que sempre esteve em mão de particulares (franceses, japonezes e australianos). Foi o Dr. Paul Gachet (1828-1909) que tratou van Gogh nos últimos tempos da sua vida, e os 2 quadros foram pintados em 1890, sendo portanto dos últimos executados pelo Pintor holandês.
O enquadramento e posição do corpo do médico, na obra, poderão ter sido inspirados pelo "Torquato Tasso na prisão" de Delacroix, quadro, de que Vincent van Gogh muito gostava. Mas a melancolia (romântica) do olhar do retratado é uma marca inconfundível. E a dedaleira (ou digital) um símbolo medicinal que corrobora, secundariamente, a profissão do retratado.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Curiosidades 30 : o Verde


A propósito da pintura de John Constable (1776-1837), nos seus Carnets, a 23 de Setembro de 1846, Eugène Delacroix refere o seguinte: "Constable diz que a superioridade do verde das suas pradarias se deve ao facto de ser composto por uma multiplicidade de verdes diferentes. E que é o que falta na intensidade e vivacidade da verdura do comum dos paisagistas, que o pintam com uma tinta uniforme. O que aqui se diz do verde das pradarias, pode aplicar-se a todas as outras cores."

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Do "Diário" de Eugène Delacroix


"...Não gosto de pintura razoável; preciso que o meu espírito desmancha-prazeres se agite, desfaça, tente de mil maneiras, antes de chegar ao objectivo cuja procura me trabalha em cada coisa. ..."

Eugène Delacroix (1798-1863), in Diário (9 de Maio de 1824).