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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Em louvor de Giorgio Vasari


Homens há que dedicam a sua vida à glória dos outros, e da sua obra, talvez porque tenham a modéstia e coragem de os acharem superiores a si mesmos. É um sentimento de generosidade que não é muito frequente nos seres humanos.
Se não fosse Giorgio Vasari (1511-1574) saberíamos, hoje, muito menos coisas sobre Filippo Lippi, Botticelli ou Ghirlandaio. E Vasari não era, propriamente, escritor, mas também pintor. Se não fosse Gomes de Amorim, não saberíamos tudo o que sabemos sobre Almeida Garrett.
Vou citar Vasari pelas últimas palavras do seu livro: "...não me peçam nada para além do que sei e do que posso, e tenham em conta o meu vivo e inalterável desejo de ser útil e agradável aos outros."

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pinacoteca Pessoal 3 : Sandro Botticelli


Sandro Botticelli (1446?-1510) cujo apelido, segundo Vasari, terá vindo de uma alcunha do irmão do pintor, que era gordo, e que significa "pequeno pipo", foi aluno de Filippo Lippi, mas cedo adquiriu autonomia artística. Botticelli era um homem perdulário, mas pintor de sucesso na época. Também foi atraído pelo verbo ardente de Savonarola. A estética elegante das suas figuras acrescenta-se, nas suas obras, a uma aérea arquitectura renascentista, de grande beleza - que aprecio muito.
O quadro "Marte e Vénus", pintado por volta de 1485, foi uma encomenda da família Vespucci, e encontra-se, hoje, na National Gallery, de Londres. O alongamento das figuras reclinadas, levado ao extremo por Botticelli, nesta obra-prima, acresce ao contraste entre a tranquilidade e despreocupação do sono de Marte e a vigília atenta (e amorosa?) de Vénus.
Não resisto a citar-me, através dum dístico de Novembro de 1983, inspirado neste quadro do Pintor, incluído em Equilíbrio (pg. 59):

Não acordes a alma de quem dorme
sua contradição por um só rosto.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Há 500 anos, Sandro Botticelli




Alessandro di Marino Vanni Filipepi nasceu em Março de 1446 (?) e veio a falecer a 17 de Maio de 1510, exactamente há quinhentos anos. Mas a sua pintura ainda hoje parece moderna. Sendo Sandro um diminutivo de Alessandro, o apelido Botticelli - que significa pequeno pipo - veio-lhe da alcunha do irmão mais novo, Giovanni, que era gordo. Esta é a explicação que dá Giorgio Vasari, pintor também e arquitecto que o biografou, bem como a mais seis artistas da época. Botticelli cedo começou a trabalhar como aprendiz de ourives mas, insatisfeito, passou para aluno do pintor, já consagrado, Fra Filippo Lippi. Dadas as suas qualidades de artista e sucesso das suas obras, foi apoiado pela poderosa família dos Medicis. Ainda segundo Vasari a primeira "Adoração dos Magos", de 1475, retrata Cosimo Medici (que é o rei mago mais velho que, ajoelhado, beija o pé de Jesus menino), Giuliano e Giovanni Medici - todos como reis magos. E do lado direito do quadro, em primeiro plano, há um auto-retrato do próprio Sandro Botticelli. O pintor, embora ganhasse bom dinheiro com as contínuas encomendas que lhe faziam, era também muito perdulário. Foi, por algum tempo, um adepto fervoroso do apocalíptico orador Savonarola.
A pintura de Botticelli é reconhecida por uma aérea elegância de corpos e movimento onde parece haver o desejo impossível de cruzar o sacro com o profano, a mitologia greco-romana com a simbologia cristã, num neo-platonismo ideal.