quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Censuras


Este vídeo, que registei no Arpose a 26/4/2020, foi apagado pela alta autoridade do You Tube, em data que não consegui situar, e sem qualquer justificação plausível.
Será que se insere, este acto censório, no embargo a Cuba, pelos marcanos?
Aqui vai ele de novo.

Da higiene, no antigamente



A páginas 118 de Casa Grande e Senzala, obra de Gilberto Freyre, pode ler-se:

"O século da descoberta da América - o XV - e os dois imediatos, de colonização intensa, foram por toda a Europa época de grande rebaixamento nos padrões de higiene. Em princípios do século XIX - informa um cronista alemão citado por Lowie - ainda se encontravam pessoas na Alemanha que em toda a sua vida não se lembravam de ter tomado banho uma única vez. Os franceses não se achavam, a esse respeito, em condições superiores às dos seus vizinhos. Ao contrário. O autor de Primitive Society recorda que a elegante rainha Margarida de Navarra passava uma semana inteira sem lavar as mãos; que o rei Luís XIV quando lavava as suas era com um pouco de álcool perfumado, uns borrifos apenas; que um manual francês de etiqueta do século XVII aconselhava o leitor a lavar as mãos uma vez por dia e o rosto quase com a mesma frequência; que outro manual, do século anterior, advertia os jovens da nobreza a não assoarem o nariz à mesa com a mão que estivesse segurando o pedaço de carne; que em 1530 Erasmo considerava decente assoar-se a pessoa a dedo, uma vez que esfregasse imediatamente com a sola do sapato o catarro que caisse no chão; que um tratado de 1539 trazia receitas contra piolhos, provavelmente comuns em grande parte da Europa."

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Visitante inesperado



Na varanda a sul, vindo de oeste, pousou por breves segundos, o que seria um verdilhão macho buliçoso e irrequieto, sobre o vaso do arbusto das pequenas flores avermelhadas, que quase sempre está florido. O seu verde macio da penugem fazia um belo contraste de cores com a planta. Saltitou, juvenil, de ramo em ramo, aliviou-se sobre o lilaseiro, ao lado, e o passarito seguiu depois, vertiginoso e elegante, em direcção a leste.

Em trânsito e à bica



Em bom ritmo de leitura vai o clássico do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre (1900-1987), intitulado Casa Grande e Senzala (1933), obra importante que eu trazia atrasada de muitos anos, para ler...
Oferta natalícia, recém-chegada da Alemanha, há-de ser seguida de Speak, Silence (2021), sobre  W. G. Sebald (1944-2001), da biógrafa inglesa Carole Angier (1943).



Valerá a pena referir, da capa, sobre o grande escritor alemão que se fixou e morreu na Inglaterra, as palavras de outro britânico de adopção, também já falecido, Javier Marías (1951-2022). Diz o autor espanhol sobre a biografia em questão:
This enticing and thorough book on Sebald's life and art proves that he was an absolute master of the highest domains of literature.
Na verdade, creio que já não estou em idade de perder tempo a ler frioleiras, mas devo dedicar-me antes a livros sérios e sólidos. Ainda que, por  vezes, possa enganar-me nas escolhas que faço...

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

domingo, 27 de novembro de 2022

Caridadezinha


Por frugalidade no dormir, livrámo-nos do clã Jonet pedinchão. Chegámos à média superfície ainda não eram 8h30. Os jovens esmoleres como são mimosos e filhos de gente fina, ainda não estavam em exercício matutino. Um casal adolescente montava o estaminé à entrada do supermercado, o outro ainda tomava o pequeno almoço junto da cafetaria do supermercado, para não perder as forças para a intensa actividade caritativa do dia.
Que me perdoem as boas almas e a minha associação, mas a patroa Jonet faz-me sempre lembrar a Cilinha Supico Pinto. Embora esta senhora do M. N. F. fosse mais cuidadosa no seu tratamento e aspecto capilar...

sábado, 26 de novembro de 2022

Sobe e desce


Quem sonharia, aqui há cem anos atrás, na frondosidade galopante do número e carreira de informáticos? 
Entretanto, hoje, há um notório défice na arte dos canalizadores, dos picheleiros e electricistas; embora vá de vento em popa o progresso activo do número dos nutricionistas, dos arrumadores de automóveis e dos psicólogos, estes últimos sobretudo a nível dos estabelecimentos de ensino. 
Haja saúde!

Citações CDXLVII



É uma grande miséria não ter espírito bastante para falar bem, nem siso suficiente para se calar.

Jean de La Bruyère (1645-1695), in Les Caractères ("De la societé et de la conversation").

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Interlúdio 87

De Emily Dickinson, em versão minha, displicente e livre



1755


Para criar uma pradaria basta 
um trevo e uma abelha,
um simples trevo
e uma única abelha,
além da fantasia.
Até bastaria só a fantasia
se fossem poucas as abelhas. 


Emily Dickinson (1830-1886), in A murmury in the Trees (1998).

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Osmose 128



De uma forma lapidar e para sempre (?), C. P. Snow (1905-1980) chamou a atenção, a tempo, para o divórcio entre as duas culturas: Ciências e Humanidades. Mas até mesmo dentro destas duas grandes divisões, entre os seus cultores, há apartados muitas vezes inamovíveis. Não fora, na juventude, o meu convívio amistoso com três colegas, na mesma república estudantil, eu talvez ainda ignorasse nomes importantes de outras áreas das letras. Eduardo Brasão e Orlando Ribeiro, por exemplo. Em troca, eu dei-lhes a conhecer Eugénio de Andrade e Ruy Belo, entre outros. Com isso, viemos a beneficiar e alargar os nossos horizontes culturais.
Lembrei-me disso ao ler um texto muito interessante de Orlando Ribeiro (1911-1997) a descrever a Serra da Estrela. Porque penso que não é nada fácil fazê-lo, do ponto de vista geográfico. Um pequeno excerto,  assim:




" A Serra da Estrela (1.991 m) individualiza-se bem, pela sua massa que avulta por tempo claro e chega a ver-se do Sul do Tejo, pela neve, que, no Inverno, cobre e faz sobressair a parte mais alta, pelas nuvens que até tarde, na Primavera, lhe envolvem e ocultam os cimos. É um dorso enorme, escalvado, monótono e imponente pelo volume, mas sem o fino recorte do Caramulo, por exemplo. O limite SE da serra está numa queda muito brusca de 1.000 m que, vista de longe, figura uma parede quase vertical com as amolgadelas das gargantas ocupadas por antigos glaciares. Aqui acaba o granito, que forma a parte principal e mais elevada da Estrela; para Ocidente, dum e doutro lado  do Zêzere, o xisto é o material de todo o relevo."

Orlando Ribeiro, in Guia de Portugal, III vol. - Beira Baixa.

Pinacoteca Pessoal 188




Foi breve a vida do pintor inglês Richard Parkes Bonington (1802-1828), passada entre a Inglaterra e a França. Classificado como um paisagista romântico, só no final da sua existência começou a pintar a óleo em vez dos simples desenhos, que fazia. Mas bastaria esta sua Catedral de Ruão vista do Cais, aguarela de 1821, ou


as duas magníficas marinhas (abaixo em imagem) para eu lhe fixar o nome e o recordar no Arpose. Ainda que uma das telas possa acusar e lembrar a lição de J. M. W. Turner.




segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Johannes Brahms (1833-1897)

Ideias fixas 71


Até pode ser por mau feitio (penitencio-me, se for o caso), mas quase sempre pensei que somos excessivos a dizer ou explicar as coisas, e trengos muitas vezes. Falar é connosco. A síntese é raramente usada.
Hoje de manhã, ia perdendo a paciência nos atendimentos. Nos CTT, um mentecapto dos seus 18 anos enganou-se pelo menos 2 vezes a preencher um simples impresso de registo, ao balcão. E a gente que espere na fila! Pouco depois, na farmácia local, a atendente barroca, fez-me inúmeras perguntas desnecessárias. À última pergunta pernóstica, respondi-lhe, perante a alternativa para eu optar, e tentando dominar a impaciência e demora para me vir embora: É igual ao litro!...
 

domingo, 20 de novembro de 2022

As palavras de ontem


"A realização do campeonato no Qatar é mais uma das histórias de corrupção em que o futebol abunda, com votos comprados para garantir uma escolha que nunca devia ter sido feita."
(...)
"A corrida para ir ao Qatar de toda a hierarquia do Estado, em nome de «Portugal» por causa da selecção, é mais um sinal de como o futebol tem um estatuto de impunidade cívica."


José Pacheco Pereira (1949), in O veneno cívico do futebol,  jornal Público (19/11/2022).

Números e categorias



Das antigas cidades portuguesas, que eram 36, na minha adolescência, a mais pequena era Pinhel aonde nunca fui e que contava 2.100 habitantes. Nessa altura, Guimarães tinha 19.000 habitantes e Lisboa quase um milhão (as rendas altas, de algum modo, provocaram o êxodo gradual da capital para a periferia e subúrbios...).
Hoje, há muitíssimo mais cidades no território nacional e desconheço quais são as razões ou obrigações que justificam nomear uma vila ou aldeia para a categoria superior. Estranhei, por isso, que ao ver um vídeo curioso sobre Manteigas (próxima da serra da Estrela), com 2.909 habitantes, no censo de 2021, a localidade não tenha sido promovida ainda de vila a cidade...
Porque certamente Pinhel não foi despromovida e duvido que tenha aumentado muito a sua população...

sábado, 19 de novembro de 2022

Divagações 183


Qualquer classificação implica uma forma redutora de fixar as qualidades e limitar o espaço a abranger. Se falarmos de poesia, para além dos géneros tradicionais (soneto, epigrama...), a situação complica-se. No entanto, dei-me a pensar que, na sua essência, há fundamentalmente três grandes categorias dessa arte. Sendo que a mais recente no tempo, aliás como a pintura, terá sido a poesia abstracta, em que incluiria três poetas: Teixeira de Pascoaes, Ramos Rosa e Fernando Guimarães.
A poesia lírica será, sem dúvida, a mais frequentada por autores portugueses. Entre muitos outros, escolhi os nomes grandes de: Camões, Almeida Garrett e Eugénio de Andrade. 
Finalmente, a poesia reflexiva, mais rara em Portugal, país pouco dado a filosofias, com Sá de Miranda, F. Manuel de Melo e Jorge de Sena.
Uma ressalva importante no cultivo simultâneo destes três tipos de poesia é bem merecida por Fernando Pessoa, como bem se pode perceber.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Humor



Na sua infinita bondade, Deus deu a chuva aos ingleses para lhes fornecer um bom tema de conversa.

Anthony Chester 

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Últimas aquisições (41)



A passagem de testemunho, de uma forma geral, implica para alguns uma certa responsabilidade.
Esta biografia credenciada do poeta inglês William Blake (1756-1827), da Oxford Paperbacks, da autoria de Mona Wilson, na sua segunda edição, de 1971, terá tido, antes de mim pelo menos, dois proprietários. Com a particularidade de que um deles terá comprado o livro na célebre livraria-editora Shakespeare & Company, de Paris, em Dezembro do ano de 1975. Atestado pelo carimbo de uma das páginnas iniciais.



terça-feira, 15 de novembro de 2022

Citações CDXLVI



Se a juventude soubesse, se a velhice pudesse.

Henri Estienne (1528-1598), in Les Prémices (1594).

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

domingo, 13 de novembro de 2022

Assim foi



Embora tardiamente no ano (razões da Natureza caprichosa, e em relação ao passado), este fim-de-semana, deu para provar, pela primeira vez, castanhas (cozidas) e para HMJ instalar a fabriqueta caseira para produzir, com desvelo, a geleia e marmelada das gamboas que o Telmo nos tinha fornecido da sua banca. Tudo saiu a contento, como se pode ver, e porque já as provámos, gulosamente.

sábado, 12 de novembro de 2022

Do que fui (re)lendo por aí... 54


Até 14/11/2022 decorre online, promovido pelo Palácio do Correio Velho, um leilão  (o V) da biblioteca do Prof. Dr. Fernando de Mello Mendes, com um rico acervo de obras, muitas delas pouco frequentes em aparecer à venda. Do conjunto destaca-se um invulgar grupo de livros encadernados (muitos deles de folhetos do mesmo tema) de José Daniel Rodrigues da Costa (1757-1832), autor prolífico e muito popular na sua época. A almoeda insere 10 lotes, com 19 volumes deste autor.


Entre estes consta o conhecido Barco da Carreira dos Tolos, na sua segunda edição (1820), de que eu também possuo um exemplar na minha biblioteca. O lote 203 tem uma estimativa de venda entre 50 e 100 euros. Por curiosidade fui folhear, para relembrar, o meu volume, encadernado, e dele transcrevo o início do folheto XII, respeitante a Dezembro. Segue a oitava:

Para descarregar esta Cidade
Da multidão de Tôlos, que a povôa,
Com maré, vento em pôpa, e brevidade
Vem este Barco ao Porto de Lisboa:
Leva Tôlos de toda a qualidade, 
Mas tem sempre hum lugar vago na prôa:
Quem disser, ou fizer alguma asneira,
De mez a mez tem Barco da Carreira.

Comic Relief (156) cultural

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

E vão treze...

 

Só para registar, hoje, o décimo terceiro aniversário do Arpose. Com os seus já 12.261 postes arquivados, com este incluído.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Recuperado de um moleskine (41)


O passado é um tempo em que tudo parece estar no seu lugar. Arrumado na sua razão e pela sua utilidade. Penso isso, ao contrário do que escreveu o romancista inglês L. P. Hartley (1895-1972) no início da sua obra "The Go-Between" (1953): The past is a foreign country; they do things differently there.
Apercebi-me que o Fanca perdera a compostura e a segurança habituais, quando teve a informação. Perguntou-me, quando soube que eu me aboletara 3 dias por lá, titubeante, em voz baixa: e trataram-te bem? Para o sossegar, eu disse-lhe que sim, mas omiti o muito visível alzheimer do visconde, seu tio avô, que nos apareceu em pijama e robe, ao cimo das escadas de pedra exteriores do palacete, quando chegámos, e o descuido visível da senhora viscondessa com o lixo e pó interior das dependências. O turismo local da casa apalaçada deixava muito a desejar. A começar pelas torneiras, gotejantes ou perras...
A natureza, naturalmente, cuidara dos jardins, com alguma visível assimetria selvagem, mas acabei por me esquecer de referir, ao Francisco José, o aviário pequeno do jardim da frente, bem como as rolinhas diamante que me tinham enternecido, para sempre. O que, em parte, tudo desculpou das atribulações passadas...

domingo, 6 de novembro de 2022

Antologia 12

 


Romã

Há fruta cujo paladar desloca
a sede habitual de experiência.
A língua sabe. Mas analisa a ciência
num sal de exílio e de saliva. A boca

conserva só esse fulgor sombrio
de sílabas pensadas e que têm
a dor aguda dum rubi, refém
do pomo aonde se esmiúça o brilho.

Ou se trata do fruto em que a pupila
se apalata minúsculo. Rutila
em seu culto indiviso e mineral.

Ou agrupa a romã sua conquista
na glória funda de estar sendo vista
estilhaço de sapiência palatal.


Fernando Echevarría (1929-2021), in Poesia, 1980-1984 (pg. 453).

sábado, 5 de novembro de 2022

Cinema


No seu Prosimetron, MR lembra que é hoje que se celebra o Dia do Cinema, destacando O Leopardo, de Luchino Visconti, como seu filme predilecto. Eu apadrinharia este seu gosto, até porque as minhas opções seriam maioritariamente europeias (Rohmer, Bergman, Truffaut, Rosselini, Visconti, Risi, Scolla, Fellini...), com predominância inequívoca de realizadores italianos.
E, dentro destes, privilegiaria dois deles e dois filmes: Rossellini e "A Tomada do Poder por Luís XIV" (1966), pela pouco notada economia de meios ao tratar um tema tão denso. E "8 1/2" (1963), de Fellini, pela sua desmesura barroca genial.
Deste último deixo, neste Dia do Cinema, um pequeno tributo em vídeo, para o lembrar.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Revivalismo Ligeiro CCCIX

Enormidades

Há uma indivídua (C. C.) que, na RTP 1, tem lugar cativo para perorar sobre astrologia. Hoje, na sua intervenção de pitonisa na televisão, equivaleu decanatos a meses, o que é uma enormidade, até para um leigo na matéria como eu. A criatura parece que tem um escritório ou consultório de futurologia, na praça.

Esqueçam-na, deve ser uma falsária, que vive da palermice da ajuda aos outros. Nem os mínimos sabe. Admira-me é que a RTP 1 não procure referências sobre a capacidade e conhecimentos dos seus colaboradores. O que mostra a qualidade e exigência mediática do seu profissionalismo... 

Uma fotografia, de vez em quando... (164)



Apesar de ter começado já tarde a tirar fotografias, profissionalmente, o valenciano Gabriel Cuallado (1925-2003) é considerado como um dos grandes renovadores da fotografia espanhola da segunda metade do século XX.




A família terá sido uma das suas temáticas preferidas, embora com uma perspectiva intimista e muito original.




quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Para um aniversário



Com votos de um dia feliz e um ano pleno de realizações , para a Margarida Elias, no seu Memórias e Imagens, vão estes jarros numa sugestão virtual de alegria, de um estudo da pintora polaca Tamara de Lempicka (1898-1980).

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Bibliofilia 201



Qualquer manuscrito, de índole literária, pode ser uma fonte inesgotável de investigação e descoberta. Tratando-se de um autógrafo o interesse e o valor aumentam consideravelmente. Não possuo, na minha biblioteca, muitos manuscritos, sendo que dois deles incluem poemas de Cruz e Silva (1731-1799), poeta de minha grande estima, que faleceu no Brasil. Um destes últimos, bem encadernado, é O Hyssope, numa versão provavelmente de finais do século XVIII, que terá pertencido ao estudioso F. M. de Sousa Viterbo (1845-1910). O segundo (em imagens), desencadernado, regista 22 odes de Elpino Nonacriense, pseudónimo do co-fundador da Arcádia Lusitana ou Olissiponense.
Inexplicavelmente, este manuscrito tem a página de guarda, em parte, riscada...




No que diz respeito às odes* de Cruz e Silva, este manuscrito não as abrange todas, mas tem a particularidade de incluir, ao que me parece, uma inédita (a 22ª na numeração), que está intitulada Pela aclamação dos Reis D. Maria 1ª e D. Pedro 3º.  A cerimónia terá tido lugar a 13 de Maio de 1777 e, por isso, esta ode inédita (?) terá sido escrita por essa altura para celebrar o faustoso acontecimento régio.


Vou transcrever o seu início:
1
Das virtudes guiados
Subi ao alto Trono, ó Reis augustos.
Nem sempre equivocos Fados
Se nos hão de mostrar surdos e injustos:
Abrem vasto Thezouro,
E nos mandad por vós a idade d'ouro.
...

* Para melhor esclarecimento sobre as odes do poeta Cruz e Silva, dá-se conta do seu número  nas várias edições impressas, cronologicamente:
- 1801 Imprensa da Universidade de Coimbra, inclui 34 odes pindáricas. Edição póstuma e primeira.
- 1815 Lisboa, Na Impressão Régia, contém 16 odes pindáricas (Que contém a primeira Parte das Odes Pindaricas.). Tomo V das Poesias de Antonio Diniz da Cruz e Silva...
- 1817 Lisboa, Na Impressão Régia, insere 30 odes (Que contém a segunda Parte das Odes Pindaricas.). Tomo VI das Poesias de Antonio Diniz da Cruz e Silva...
- 1820 Londres, Na Officina de T. C. Hansard, Peterboro'_Court, Fleet Street. Esta impressão, com 34 odes, segue maioritariamente a primeira edição conimbricense, de 1801, e "he conforme com um Manuscripto que não differe essencialmente da Edição de Coimbra de 1801, senão em alguns poucos versos e palavras, que..." segundo advertência dos editores, de 3 de Março de 1820.

Nota final: as iniciais (F. M. T. de A. M.), que surgem nos volumes (6) das Poesias de Cuz e Silva, editados inicialmente pela Typografia Lacerdina e depois pela Impressão Regia, referem-se a Francisco Manuel Trigoso de Aragão Morato (1777-1838), que dirigiu a organização e publicação dos poemas.

Citações CDXLV



A serenidade - feita de resignação e curiosidade ainda que viva - acaba por chegar a todos. 

Italo Svevo (1861-1928), in A Consciência de Zeno (1923).

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Paganini/Liszt, Estudo 6

Adagiário CCCXLIII



Há um ano que me mordeu o sapo e só agora me inchou o papo.*


* imagem e leitura não aconselháveis a algumas etnias.