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terça-feira, 18 de novembro de 2014

O Fundo do Baú



Quando em Junho do corrente ano falava num “post” sobre “Uma Oferta Singular”(10/6/14) não imaginava que a vontade me ajudasse tanto. Mas aconteceu, e o baú dos panos ficou vazio. O linho caseiro transformou-se em toalhas, pequenas ou maiores, e individuais.

O “rolo” de tecido de algodão, ca. de 6,50 m, ficou para o fim após ter servido, uma parte ínfima, para a blusinha da boneca. No fim-de-semana lembrei-me, então, novamente do tecido e de uma prática, saudável, na época pré-natalícia, quando o tempo sugeria recolhimento e as horas vagas eram preenchidas com a feitura de presentes.

Os metros de tecido de algodão, juntamente com as aplicações várias deram o pontapé à imaginação: que saia um toalha de mesa ! Único senão foi o facto de o tecido ter apenas 0,80 m de largura. Os livros de costura deram a solução, ou seja, uma bainha que permitia juntar duas faixas. E o resultado pode ver-se na imagem acima. Para tapar a bainha e embelezar a toalha, lá ficou a aplicação a marcar o centro da mesa.




Ainda sobrou matéria-prima para aproveitar, até ao fundo, o baú e concluiu-se o trabalho com uma toalha mais pequena, que se apresenta na segunda imagem, pronta para enfeitar a mesa do almoço antes de ir para a máquina de lavar.

Post de HMJ, dedicado a A.de A.M.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O linho


Eram lindos de se ver, na minha infância, os campos de linho à volta de Guimarães, que era talvez o polo português, mais forte, dessa indústria, em Portugal. Mas havia também o seu tratamento, a nível doméstico: rocas, fusos e dobadouras podiam encontrar-se em muitas casas minhotas, fossem elas ricas ou pobres.
Três florescentes casas comerciais vimaranenses recebiam, sobretudo no Verão, famílias estrangeiras e nacionais (Porto, Lisboa...), que lá iam comprar bragais para as filhas casadoiras. Sentavam-se ao balcão, eram-lhes oferecidos leques de papel, para se abanarem por causa do calor, e iam escolhendo os artefactos: lençóis, toalhas de mesa, lenços...
Com o advento das fibras sintécticas para a indústria têxtil, nos anos 60, o linho perdeu importância. Nos anos 90, nenhuma casa comercial vimaranense conseguira sobreviver. E o cultivo do linho entrou em decadência.
A flor azul e o amarelo dos campos de linho deixaram de se ver, à volta de Guimarães. O know how, provavelmente, também se foi perdendo. Mas não foi assim, por toda a Europa. A França, cuja Agricultura a UE  prodigamente subsidia, é hoje o primeiro produtor a nível mundial. Os seus campos concentram-se sobretudo na Normandia, região com condições climáticas muito favoráveis. E os seus grandes clientes são a China e a Índia.
Acresce a bondade ecológica do linho: enquanto um hectare de algodão precisa de 25.000 litros de água, para se desenvolver, o linho requere apenas 400 litros. Nós, portugueses, que há cinquenta anos atrás exportávamos linho, hoje, temos que o importar...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Antiqualhas minhotas


Houve um tempo em que a "indústria" do Linho e o seu cultivo, na zona de Guimarães, eram extensos e importantes. Havia 3 ou 4 lojas na cidade-berço, muito conhecidas, que vendiam roupa de linho. E vinham pessoas do Porto, Lisboa e até do Estrangeiro comprar enxovais de linho para as filhas casadoiras. E, em casa, faziam-se papas de linhaça (semente do linho) para pôr, aquecidas, sobre o peito congestionado dos familiares engripados e acamados.
Atrás e antes, havia campos e campos de linho floridos do azul das suas pequenas flores. E havia que fiar o linho e dobar as meadas para depois o vender. Era um trabalho moroso e lento que as mulheres faziam. Estas actividades eram, muitas vezes, acompanhadas por cantorias populares. Foi uma destas cantigas, de quadras, que encontrei no livro de Maria Palmira da Silva Pereira ( de que já falei aqui, no Arpose), sobre Várzea Cova, Fafe e arredores. A beleza muito simples das quadras populares leva-me a que as deixe transcritas, a seguir:

Doba, doba, dobadoira,
P'ra crescer o novelinho;
Eu queria urdir a teia,
ao cantar do passarinho.

Doba, doba, dobadoira,
Não te canses de dobar!
Aí vem o Março quente
P´ra minha teia curar.

Doba, doba, dobadoira,
Não te ponhas a chiar;
Eu queria urdir a teia
P´ra levar para o tear.

Doba, doba, dobadoira,
Não m' enguices a meada!
O novelo está pequeno
Minha mão já 'stá cansada.

O novelo era pequeno,
Não me cabia na mão;
Doba, doba, dobadoira,
Amor do meu coração!

para o António de A. M..