terça-feira, 20 de agosto de 2013

O linho


Eram lindos de se ver, na minha infância, os campos de linho à volta de Guimarães, que era talvez o polo português, mais forte, dessa indústria, em Portugal. Mas havia também o seu tratamento, a nível doméstico: rocas, fusos e dobadouras podiam encontrar-se em muitas casas minhotas, fossem elas ricas ou pobres.
Três florescentes casas comerciais vimaranenses recebiam, sobretudo no Verão, famílias estrangeiras e nacionais (Porto, Lisboa...), que lá iam comprar bragais para as filhas casadoiras. Sentavam-se ao balcão, eram-lhes oferecidos leques de papel, para se abanarem por causa do calor, e iam escolhendo os artefactos: lençóis, toalhas de mesa, lenços...
Com o advento das fibras sintécticas para a indústria têxtil, nos anos 60, o linho perdeu importância. Nos anos 90, nenhuma casa comercial vimaranense conseguira sobreviver. E o cultivo do linho entrou em decadência.
A flor azul e o amarelo dos campos de linho deixaram de se ver, à volta de Guimarães. O know how, provavelmente, também se foi perdendo. Mas não foi assim, por toda a Europa. A França, cuja Agricultura a UE  prodigamente subsidia, é hoje o primeiro produtor a nível mundial. Os seus campos concentram-se sobretudo na Normandia, região com condições climáticas muito favoráveis. E os seus grandes clientes são a China e a Índia.
Acresce a bondade ecológica do linho: enquanto um hectare de algodão precisa de 25.000 litros de água, para se desenvolver, o linho requere apenas 400 litros. Nós, portugueses, que há cinquenta anos atrás exportávamos linho, hoje, temos que o importar...

9 comentários:

  1. Gostava de ver esses campos, não sei como é a flor do linho e vou procurar. Já vi fotografias de campos de algodão e são uma maravilha.

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  2. Eram lindíssimos os campos do linho, Margarida, numa aleluia de cor mas, agora, só de memória visual os consigo lembrar..:-(

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  3. Já fui ver fotografias na net. Deviam ser mesmo lindos. É uma pena que se percam estas tradições.

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  4. :) aqui na zona especialmente na Lixa ainda se trabalha muito o linho ... tece-se em tear tradicional mas já não se fia porque já chega de fora fiado...mas as senhoras mais velhas ainda sabem 'as voltas do linho' falta a produção...

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  5. Confere, Teresa. O último linho que compramos (HMJ e eu), de peça e a metro, foi próximo de Arco do Baúlhe, numa quinta com turismo rural (antiga Quinta de Encanto?) que, na loja de vendas, tem também umas garrafas de acidulado vinho verde, branco...

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  6. Agora, por cá, vai ser difícil...Talvez, um dia, na Normandia...
    Bom dia!

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  7. Nunca vi um campo de linho, mas gosto muito de roupas de linho. E de turismo rural, já agora. :-)

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  8. Pena, Sandra, e cá em Portugal dificilmente conseguirá ver..:-(

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