domingo, 11 de agosto de 2013

Férias 4: De caravana pelo Sul da Irlanda



Influenciada por relatos de viagens de amigos e a leitura do Diário Irlandês de Heinrich Böll, tentei obter licença e “subsídio” paterno para uma primeira viagem ao estrangeiro, já que os países próximos – os então chamados BENELUX – não eram considerados como tal, embora a barreira linguística fosse sempre factor de estranheza.
Com efeito, uma viagem à Irlanda, sozinha e sem ter atingido a maioridade dos 18 anos, não estava nos horizontes de liberdade dos meus pais. Encontrou-se, então, uma solução viável, de segurança e orçamento, ou seja, um circuito pelo Sul da Irlanda, organizado por uma associação de juventude, com o propósito de promover um encontro de jovens franco-alemães.

Lá fui eu de barco até à Álbion, com uma breve passagem por Londres, de que me lembro da “Trafalgar Square” e pouco mais, para além da pouca simpatia dos Ingleses. Em Cardiff apanhámos outro barco para Cork. Numa viagem nocturna, em que não aguentei o balanço deitada, convivi com os primeiros Irlandeses e aprendi a beber chá, com leite. Depois de uma breve passagem pela cidade de Cork, tomámos conta, quatro em cada caravana, das rédeas do cavalo que nos ia conduzir pelo chamado “Ring of Kerry”.


Ainda hoje guardo memórias da paisagem, de chuviscos quase diários e, sobretudo, da simpatia e nobre simplicidade dos Irlandeses. O lento trote do cavalo dava para ver a paisagem, ler e conversar com o grupo restrito de cada caravana e que, no trajecto anterior, se tinha formado naturalmente por encontro de interesses e simpatia.



Resta acrescentar que, no ano seguinte, aceitei voltar à Irlanda, trabalhando como “au pair” para umas criaturas destacadas da elite económica de Colónia. Contudo, a segunda viagem não deu para conhecer melhor a Irlanda, porque abandonei a tarefa passado poucos dias. A experiência falhada permitiu, no entanto, tirar uma lição para o resto da vida. Aprendi que um “berço de ouro” endinheirado não representa, de todo, uma “cuna” em que floresça a educação, a cultura, a humanidade e, sobretudo, o respeito pelo outro.
Fugi, rapidamente, desta “gentinha” que, pela língua, até me devia ser mais próxima, se não pertencessem àquela claque de sobranceiros bacocos que não suporto. Apenas reencontrei o meu universo, em Cork, convivendo com Irlandeses antes da partida para o Continente e, guardo, até hoje, uma enorme simpatia pela Hibérnia.


Post de HMJ

7 comentários:

  1. Adorei a Irlanda e os irlandeses. Sempre pensei em lá voltar, mas até hoje...
    Talvez gemine.

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  2. Para MR:
    para além daquela que tinha recebido em casa, foi uma lição de autenticidade sem par ! Voltar também já não está nos meus horizontes.

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  3. Gostei de ler.
    Admiro essa coragem de ir assim sozinha, ainda por cima tão jovem, para outro país.
    :)

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  4. Para a Isabel:
    a coragem foi a dádiva de uma educação esclarecida, apostada numa enorme autonomia e responsabilização. Por isso, lamento e não me conformo com uma "infantilização" da educação e do ensino, porque só contribui para limitar os horizontes, ainda por cima num mundo que se diz global!

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  5. Também adorei a Irlanda e os irlandeses numa viagem que lá fiz, embora pouco mais visse do que Dublin.
    Espero lá voltar e conhecer muito mais...

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  6. Para Maria A.:
    Obrigada pelo comentário. Da minha parte, ficarei só com as memórias, já que não espero voltar a fazer grandes passeios.

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  7. HMJ,
    Ainda não geminei porque não encontro as fotos.

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