A
formação humana, os princípios éticos e a elevação mental ao serviço do bem
comum são, embora em regressão na educação para a cidadania, as faculdades mais
prementes na defesa da democracia.
Já há
algum tempo que tenho acompanhado – embora de forma dispersa e em jornais menos
alinhados e livres – notícias preocupantes sobre a escravatura (sem aspas!) na
“Merkolândia”. E porque ainda acredito numa percentagem razoável de Alemães
que, tanto como eu, se revoltam contra o lado negro do “milagre alemão”, feito
de trogloditas disfarçados de empresários de sucesso, remeto, para quem consiga
ver, a reportagem em: www.ardmediathek.de, escolhendo o tema: Deutschlands
neue Slums.
Ficamos,
então, a saber que o senhor Clemens Tönnies, com o seu ar limpinho e
socialmente empenhado na sua cidade – pretendendo esconder, certamente, o ar
burgesso que não consegue disfarçar – é dono de uma indústria de transformação
de carnes, que subcontrata uns e outros para limpar as suas mãos de uma prática
de escravatura em pleno Século XXI, sediada na Alemanha. Recorrendo a esquemas
sinistros para a contratação e “instalação física” de cidadãos búlgaros, vai
alimentando a sua indústria e não sei quantos alemães que, porventura e
ingenuamente, continuam a comprar os produtos Tönnies e Tillmann’s.
O
visionamento do vídeo acima mencionado esclarece-nos, também, sobre a
cumplicidade das autoridades alemãs, e até europeias, perante o fenómeno
gritante. A referida fábrica Tönnies ostenta até o selo de qualidade TÜV,
embora a fábrica, em subcontratação, obrigue os operários búlgaros a horas de
trabalho fora da lei, mais liberal, da Alemanha, podendo atingir as 15 horas
seguidas, segundo a reportagem da Televisão Alemã ARD.
Conjugando
o “mal-estar” que me provocou o encontro com a realidade da “Merkolândia” em
plena campanha eleitoral, com outro vídeo sobre os efeitos nocivos da “fuga de
impostos” pelas grandes empresas – como o nosso Pingo Doce e quejandos – www.ardmediathek.de (Wie Konzerne Europas Kassen plündern) –
reforçou-se uma convicção. Perante este tipo de notícias, e atendendo à escolha
de comércio tradicional que ainda temos, cabe ao consumidor fazer a sua opção
de cidadania, quotidianamente, recusando, de todo, comprar os produtos de
semelhantes mafiosos.
Infelizmente
conheci, lá e cá, muitos senhores à laia de Clemens Tönnies, alguns disfarçados
em “amigos dos Portugueses”, mas também recebi a educação humana e cívica
suficiente para saber distinguir o “trigo do joio”. E escravatura no Século XXI
é uma realidade revoltante.
Post de HMJ
Aqui há anos vi uma reportagem sobre uns desgraçados de uns portugueses que também foram 'contratados' para ir trabalhar para a Alemanha. Quando lá chegaram, só trabalhavam, não eram pagos e eram mal alimentados. E viram-se gregos para regressar.
ResponderEliminarIsto é assustador, mas infelizmente não me espanta. E o pior é que devido à falta de $ as pessoas acabam por continuar a favorecer estas situações - quer aceitando ser exploradas, quer adquirindo os produtos baratos deste tipo de empresas. E eles (os actuais esclavagistas) dormem descansados, enquanto eu me sinto culpada apenas por ter de comprar um produto barato.
ResponderEliminarPara Margarida Elias:
ResponderEliminaro que tenho notado é que os produtos, sobretudo carnes, nos Pingos, Lidl's, etc. não são muito mais baratos do que o talho do mercado. Legumes e fruta é a mesma coisa. No mercado, só compramos o que necessitamos. Nas grandes superfícies, tudo é embalado em quantidades enormes. No entanto, o que, neste momento, me preocupa mais é a possibilidade de perder a liberdade de me abastecer nos mercados, fora da lógica "mafiosa" que nos pretende subjugar, no gosto, no preço e, sobretudo, na liberdade de escolha.
É bem verdade. A fruta passei a comprar no comércio tradicional porque a dos supermercados é geralmente péssima.
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