terça-feira, 20 de agosto de 2013

Apontamento 18: A Escravatura na "Merkolândia" em época de eleições



A formação humana, os princípios éticos e a elevação mental ao serviço do bem comum são, embora em regressão na educação para a cidadania, as faculdades mais prementes na defesa da democracia.
Já há algum tempo que tenho acompanhado – embora de forma dispersa e em jornais menos alinhados e livres – notícias preocupantes sobre a escravatura (sem aspas!) na “Merkolândia”. E porque ainda acredito numa percentagem razoável de Alemães que, tanto como eu, se revoltam contra o lado negro do “milagre alemão”, feito de trogloditas disfarçados de empresários de sucesso, remeto, para quem consiga ver, a reportagem em: www.ardmediathek.de, escolhendo o tema: Deutschlands neue Slums.
Ficamos, então, a saber que o senhor Clemens Tönnies, com o seu ar limpinho e socialmente empenhado na sua cidade – pretendendo esconder, certamente, o ar burgesso que não consegue disfarçar – é dono de uma indústria de transformação de carnes, que subcontrata uns e outros para limpar as suas mãos de uma prática de escravatura em pleno Século XXI, sediada na Alemanha. Recorrendo a esquemas sinistros para a contratação e “instalação física” de cidadãos búlgaros, vai alimentando a sua indústria e não sei quantos alemães que, porventura e ingenuamente, continuam a comprar os produtos Tönnies e Tillmann’s.
O visionamento do vídeo acima mencionado esclarece-nos, também, sobre a cumplicidade das autoridades alemãs, e até europeias, perante o fenómeno gritante. A referida fábrica Tönnies ostenta até o selo de qualidade TÜV, embora a fábrica, em subcontratação, obrigue os operários búlgaros a horas de trabalho fora da lei, mais liberal, da Alemanha, podendo atingir as 15 horas seguidas, segundo a reportagem da Televisão Alemã ARD.
Conjugando o “mal-estar” que me provocou o encontro com a realidade da “Merkolândia” em plena campanha eleitoral, com outro vídeo sobre os efeitos nocivos da “fuga de impostos” pelas grandes empresas – como o nosso Pingo Doce e quejandos – www.ardmediathek.de  (Wie Konzerne Europas Kassen plündern) – reforçou-se uma convicção. Perante este tipo de notícias, e atendendo à escolha de comércio tradicional que ainda temos, cabe ao consumidor fazer a sua opção de cidadania, quotidianamente, recusando, de todo, comprar os produtos de semelhantes mafiosos.
Infelizmente conheci, lá e cá, muitos senhores à laia de Clemens Tönnies, alguns disfarçados em “amigos dos Portugueses”, mas também recebi a educação humana e cívica suficiente para saber distinguir o “trigo do joio”. E escravatura no Século XXI é uma realidade revoltante.

Post de HMJ


4 comentários:

  1. Aqui há anos vi uma reportagem sobre uns desgraçados de uns portugueses que também foram 'contratados' para ir trabalhar para a Alemanha. Quando lá chegaram, só trabalhavam, não eram pagos e eram mal alimentados. E viram-se gregos para regressar.

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  2. Isto é assustador, mas infelizmente não me espanta. E o pior é que devido à falta de $ as pessoas acabam por continuar a favorecer estas situações - quer aceitando ser exploradas, quer adquirindo os produtos baratos deste tipo de empresas. E eles (os actuais esclavagistas) dormem descansados, enquanto eu me sinto culpada apenas por ter de comprar um produto barato.

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  3. Para Margarida Elias:
    o que tenho notado é que os produtos, sobretudo carnes, nos Pingos, Lidl's, etc. não são muito mais baratos do que o talho do mercado. Legumes e fruta é a mesma coisa. No mercado, só compramos o que necessitamos. Nas grandes superfícies, tudo é embalado em quantidades enormes. No entanto, o que, neste momento, me preocupa mais é a possibilidade de perder a liberdade de me abastecer nos mercados, fora da lógica "mafiosa" que nos pretende subjugar, no gosto, no preço e, sobretudo, na liberdade de escolha.

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  4. É bem verdade. A fruta passei a comprar no comércio tradicional porque a dos supermercados é geralmente péssima.

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