As quedas são frequentes na infância por irrequietude, falta de atenção, inépcia motora, mas serão naturais.
Na velhice, voltam a repetir-se, talvez e apenas, pelas duas últimas causas. Na maturidade são mais escassas. Que me lembre, nesta fase da vida, tive apenas duas. E, de uma delas, dei notícia detalhada aqui no Blogue (Queda de cadeiras..., em 27/8/2010), porque foi espectacular, mas, felizmente, sem danos físicos notórios, nem espirituais. Agora, queda de um cavalo, nunca tive, porque não sei montar. Serão talvez quedas iluminantes ou iluminadas a fazer fé num texto recente, que li, de Henriette K. Altes, em recensão ao livro de Pascal Quignard, Les Ombres errantes, que passo a citar, traduzindo:
"...É célebre o facto de o apóstolo S. Paulo, no seu caminho para Damasco, se ter convertido, depois de ter caído do cavalo, alterando o seu nome que era, inicialmente, Saulo. Montaigne, Agrippa d'Aubigné e Rousseau, todos eles começaram a escrever depois de uma queda equestre. (...) em que medida é que estes traumas estão associados com a temporária perda de consciência e identidade, o temor, o prazer sensual do desmaio e, paradoxalmente, com o súbito alerta para o mundo, levando a um renascimento - existencial, artístico ou religioso. ..."
Será, por isso, de ter em conta, depois de uma queda de cavalo, a possibilidade destes eventuais delíquios.
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