Eram figuras típicas de uma Guimarães antiga, dos anos 50. Invariavelmente, faziam o périplo do centro histórico vimaranense, várias vezes durante a tarde, palrando alegremente. Do que falavam, não sei.
O João S., solteiro inveterado, terratenente de várias quintas no minifúndio minhoto, apascentava também uma vaga carteira de seguros, onde predominava a L'Urbaine, companhia gaulesa de créditos firmados; o Coimbra, viúvo e sempre vestido de fatos pretos, que tinha voz metálica e grossa, e o cabelo cortado à escovinha, creio que tinha várias casas, que alugava. O Martins Chapeleiro (o segundo apelido era alcunha), casado, era o mais velho dos 3, mas parecia o mais menino e frágil, com o rosto enfezado de grão-de-bico e as lentes garrafais dos grossos óculos. Também usava chapéu, normalmente cinzento. E era o único que tinha loja aberta: uma retrosaria fantástica, como já não há, com milhares de botões, elásticos, meias, lenços, fitas de nastro, carrinhos de linha, novelos de lã das mais diversas cores, cintos, incontáveis chapéus...
Era vê-los, ao bater das 14, a entrar no Café do Toural e a ocuparem lugar na sua mesa reservada, sempre. E, cerca de meia hora depois, a sairem para a rua, em amena cavaqueira. Ao que parece, era o Martins que dava as notícias mais recentes, provindas da loja, muito frequentada, sobretudo por senhoras freguesas da cidade. A boa disposição dos três era proverbial, nos passeios intermináveis em círculo, pela cidade e que duravam, sobretudo no Verão, até cerca das 19h00.
Uma coisa os unia, talvez na felicidade: eram os únicos vimaranenses, que eu conhecia, que viviam dos rendimentos...
Era vê-los, ao bater das 14, a entrar no Café do Toural e a ocuparem lugar na sua mesa reservada, sempre. E, cerca de meia hora depois, a sairem para a rua, em amena cavaqueira. Ao que parece, era o Martins que dava as notícias mais recentes, provindas da loja, muito frequentada, sobretudo por senhoras freguesas da cidade. A boa disposição dos três era proverbial, nos passeios intermináveis em círculo, pela cidade e que duravam, sobretudo no Verão, até cerca das 19h00.
Uma coisa os unia, talvez na felicidade: eram os únicos vimaranenses, que eu conhecia, que viviam dos rendimentos...